Capitulo 1

89 13 25
                                    

Eu estava no telefone, apoiado no meu braço atrás do balcão, estava perto da hora do almoço então as pessoas começariam a chegar por volta de uns 10 minutos, uma doceira dificilmente fica vazia muito tempo. O primeiro cliente foi um par de idosos, pediram um chocolate quente e um chá com uma fatia de torta de limão. Não sei qual dos dois havia pedido cada coisa, apenas fico no balcão fazendo as bebidas ou pegando os alimentos da vitrine, meus dias eram bem entediantes pra ser sincero.

Já estava ficando cheio, estava de costas para a entrada enquanto fazia uma xícara de cappuccino, após me virar pra colocar o pedido prontinho no balcão para algum garçom entregar me deparei com ele de novo, um garoto praticamente da minha idade, loiro bem claro amarelado e um sorriso bobo na cara, ele novamente aparece ali, todo dia da semana ele está ali, fica no computador ou no tablet e sempre pede o mesmo de sempre, um copo  de chocolate quente e dois cookies de baunilha, sempre a mesma coisa.

— Boa tarde, acho que hoje vou pedir... - ele falava enquanto encarava a vitrine, como se de repente fosse ser criativo no pedido - Chocolate quente com dois cookies!

— Seu pedido não demorará - disse enquanto ele se sentava na mesma mesa, do lado da grande janela de vidro que dava de cara com a rua, observei ele abrindo o computador e começando a digitar, nada fora do habitual, mas porque sempre isso? A mesma mesa? O mesmo café? O mesmo pedido? Meus pensamentos confusos foram interrompidos quando uma mãe com uma Criança ao seu lado me despertou, quando vi aquela dupla já pensei, não quero gritaria, vou atender elas logo que vão embora rápido.

Após ficar tudo mais vazio, o sol se pondo, vi o garoto fechando o notebook, não queria ver ele outro dia e me questionar tudo de novo, era agora ou nunca, sai do balcão e fui até a mesa dele.

— Ah oi! Já estou indo então... - Eu o interrompi, estava paranoico e estressado, coloquei a mão em seu ombro e o fiz sentar, ao mesmo momento que me sentava na cadeira a sua frente.

— Por que você vem aqui? Todo dia da semana com o mesmo pedido?

— E-eu? Aaa... - Ele começou a gaguejar e olhar para trás enquanto colocava sua mão atrás da cabeça, apenas continuei o encarando, ate ele abrir a boca - Vou ser sincero, mas não fica bravo por favor!

Já estava prevendo algo surreal, que ele era algum jovem detetive ou que era algum stalker de alguma funcionária.

— Eu te vejo aqui todos os dias, você parece ser super legal, suas olheiras e seu cabelo são tão legais e sei lá, tava com vergonha de ir e conversar então fiquei só vindo aqui mesmo, por favor não fica bravo! - Eu fiquei de olhos arregalados, minha segunda hipótese estava certa, mas ele era meu stalker aparentemente, e era a primeira vez que alguém elogiava minhas olheiras sem fazer piada, fiquei sem reação - aí meu deus, eu matei ele??

— Não, relaxa que eu não estou bravo, estou só confuso mesmo, você quer conversar comigo sobre oque?

— Não e conversar formalmente, amigar sabe?

— Hm

— Quer que eu te passe meu número?

— Pode ser, escreve aqui - eu tirei um post it do meu avental junto com uma caneta - mas coloca esse ddd pois não moro aqui, mas e do lado...

— Beleza! Moro aqui perto, não dá pra ver mas da pra ir a pé! - ele escreveu e olhou para o celular, sua feição de felicidade foi de susto - meu deus tenho que ir, ate outro dia!

Ele saiu correndo enquanto colocava o computador na mochila, ele era engraçado pelo menos.

Entre cookies e beijosOnde histórias criam vida. Descubra agora