Presa por Acaso - Wantasha

Cap. 37

-- Natasha, você sabe que eu não sei lutar de verdade, não é? -- Maria sussurrou conforme se aproximavam das garotas da mini arquibancada.

-- Não iremos lutar, Maria, é só para fazer igual sempre e, bem, seu porte ajuda. -- Ela disse rindo, adotando a expressão séria e impassível assim que parou de frente para as garotas, fazendo até mesmo Maria se surpreender com tamanha mudança de humor em tão poucos segundos.

-- Algum problema? -- Beatrice perguntou e Natasha umedeceu os lábios.

-- Eu realmente não ligo para que merda de lugar vocês estão sentando, já que ainda sou eu que mando nessa merda, mas conheço vocês o suficiente para saber que querem falar comigo. -- Ela disse solenemente. -- Para terem vindo até aqui deve ser algo importante. -- A loira maior ajeitou o cabelo e se levantou, ficando cara a cara com Natasha, porém mais alta, afinal estava em cima da arquibancada.

-- Você manteve um riquinha em segredo. -- A garota disse cruzando os braços. -- Sabe bem o quanto adoramos assustar uma.

-- Ela está comigo. -- Natasha disse calmamente, como se aquela conversa fosse extremamente entediante.

-- Foda-se! A gente sempre faz as ricas nos conseguir algum dinheiro e alguns cigarros.

-- Vou repetir: Wanda está comigo. -- Natasha disse entredentes, sentindo a paciência começar a se esvair de seus poros.

-- Você ficou frouxa com ela aqui. As pessoas já não te olham com tanto medo, já que vive sorrindo para todos os lados. -- A mulher disse e Maria empurrou o ombro da mesma assim que ela se aproximou demais de Natasha.

-- Sem tocar. -- Maria disse apenas duas palavras com a cara fechada, mas foi piamente respeitada quando a garota assentiu, voltando a fitar Natasha.

-- Wanda está para sair, não vai dar tempo de conseguir nada para ninguém, então acho bom deixarem ela em paz. -- Natasha alertou.

-- O que ela te conseguiu? -- Beatrice, que ainda estava sentada, perguntou.

-- Alguns bons orgasmos. Sabe como é, não é? Não precisei forçá-la a nada, então saiu tudo mais gostoso assim. Reciprocidade é uma delícia, você deveria tentar experimentar. -- Natasha falou em tom zombeteiro, fazendo Beatrice bufar em tamanha raiva.

-- Você a manteve para si, então terá que nos pagar tudo o que ela poderia ter nos dados. -- A loira disse, ganhando a atenção de Natasha para si. Uma risada fria escapuliu de seus lábios.

-- Você está brincando, não é? Porque se não estiver, preciso informar que está começando a tirar a minha paciência. -- Ela disse e a loira suspirou, umedecendo os lábios.

-- Donna tinha nosso respeito e só estamos quietas porque ela pediu que obedecessemos a nova líder, mas você é fraca, não serve para esse cargo.

-- Fraca? -- Natasha perguntou indignada. Ela sabia que era só estalar os dedos e quase todas as detentas estariam ali dispostas a lutarem por ela, porém ela não queria briga.

-- Olha só, queremos alguns cigarros e você deveria nos ajudar. -- A loira rebateu e Natasha assentiu após alguns segundos de silêncio, sabendo que realmente a líder dali ajudava as outras acima de tudo.

-- Vou conseguir os cigarros, mas se alguém encostar um mero fio de cabelo em Wanda ou simplesmente falar com ela sobre isso eu juro que...

-- Ninguém relará na galinha dos ovos de ouro. -- A loira disse e Natasha suspirou, súbitamente se acalmando.

-- Acho muito bom. -- Ela disse e as outras duas levantaram.

-- Desculpe ter sentado aqui. Estávamos apenas irritadas e viemos prontas para uma briga. -- A loira disse, estendendo a mão para Natasha.

-- Seria interessante ver vocês perdendo isso. -- Natasha disse friamente, esnobando a mão da garota. -- Agora saiam da minha frente, vou atrás dos cigarros.

-- Obrigada. -- A loira disse, se afastando delas no momento seguinte com suas companheiras.

-- Você acha que Wanda dará dinheiro para os cigarros? -- Maria perguntou assim que as garotas se afastaram o suficiente e Natasha mordeu o lábio inferior, olhando com um olhar culpado para a loira.

-- Não pedirei nada a ela.

-- Natasha! -- Maria disse incrédula. -- Não acredito. -- Falou, passando uma das mãos no rosto. -- Como vai conseguir cigarro para tudo isso de detentas? -- A mais baixa comprimiu os lábios e Maria negou com a cabeça.  -- Não. Não... nem pense nisso!

-- Eu não tenho outra opção, Maria! -- Natasha disse e a loira começou a caminhar irritada para longe de Natasha. -- Hey! Espere... -- A menor gritou, vendo Maria parar bruscamente e se virar para ela com o olhar enfurecido.

-- Você poderia não dar a porcaria dos cigarros para elas. -- Maria disse e Natasha negou.

-- Eu não permitirei que toquem em Wanda. -- Natasha avisou. -- Não posso deixar que a machuquem. Não posso e não irei!

-- Ou seja, não será a madrinha do meu casamento. -- Ela disse irritada.

-- Tenta me entender... -- Natasha pediu cautelosamente. -- Tem apenas alguns dias para ela sair e...

-- E nada! Diz para ela que você precisa desse dinheiro e tenho certeza de que ela te ajudará com esses malditos cigarros. -- Maria disse irritada e Natasha negou freneticamente.

-- Não vou fazer isso. -- Natasha rebateu.

-- Céus, Natasha! Ela é podre de rica e pode resolver isso. -- Maria disse. -- Ela pode resolver isso e também pode resolver...

-- Não! -- Natasha rebateu. -- Ela pensou que eu fosse uma interesseira algum tempo atrás. Não quero que esse pensamento volte a surgir em sua mente. Eu não me importo com o dinheiro dela, só quero o seu bem.

-- E quanto ao seu bem?

-- Não vou ficar aqui discutindo isso. -- Natasha resmungou e Maria riu com frieza.

-- Eu amo você como uma irmã e Carol muito mais, mas não posso ficar parada aqui vendo você se ferrar por ser orgulhosa.

-- O que vai fazer? -- Natasha perguntou temerosa.

-- vou dizer a ela sobre a merda dos cigarros e que ela não precisa esperar trezentos anos para que você saia.

-- Não se atreva! -- Natasha gritou ao ver Maria correr em direção à sua cela.

-- Onde está Wanda, Maggie? -- Maria perguntou assim que invadiu o local e Natasha segurou seu braço, a olhando com uma súplica silenciosa para não contar nada.

-- Uh, não sei. Uma policial a chamou há alguns minutos e ela foi. Ainda não voltou. -- Maggie disse, se levantando da cama. -- Posso ir?

-- Pode. Está tudo bem, não se preocupe. -- Natasha informou e Maggie sorriu aliviada, pedindo licença antes de sair dali.

-- Não me olhe assim. -- Maria disse de braços cruzados ao ver Natasha voltar a lhe fitar com súplica. -- Eu direi tudo a ela. Não esconderei mais nada.

-- Por fav...

-- Temos quase todo o dinheiro para você sair dessa merda. -- Maria a cortou. -- Não vou deixar que faça uma merda dessas agora que Carol já juntou quase todo o dinheiro para a sua fiança. -- Protestou. -- Ela não vem trabalhando quase o período dobrado para pagar sua fiança para você fazer isso. Não mesmo.

-- Mas Maria...

-- Quero você como madrinha do meu casamento em alguns meses, não permitirei que estrague o meu momento. -- E dito isso Natasha se calou, aceitando Maria esperar Wanda.

Esperou minutos; esperou horas... Esperou e esperou, porém ela não voltou.