Verdades Ocultas

A Ceia de Natal

P.O.V. Ismael

Era Dezembro de 2015, véspera de natal. Eu tinha 11 anos, o Natal da minha família é somente eu, meu pai, minha mãe e meu tio Marcos, ele e meu pai são uma figura quando estão juntos, isso quando bebem demais, a casa inteira vira um cabaré, e eu como sempre sentado no sofá da sala assistindo Faustão com a minha mãe, não sei o que ela vê de tão legal nisso, aff, mas enfim, coisas de família. Somos somente nós, o bom é que em alguma coisa já me agrada.

Gustavo : Bom, acho que já está na hora de abrirmos os presentes, não é filho?

Ismael:  Uhuuu.

Joana:  Aqui filho, este é o seu, que eu e seu escolhemos pra você.

— Ismael abre o presente escolhido pelos pais, mas sua reação não é agradável. —

Gustavo: E aí, filhão, gostou?

Ismael:  Que que é isso?

Gustavo:  É seu presente, filho!

Ismael:  Um livro de colorir mandala antiestresse?

Joana: Ô filho, é um livro super interativo. Nós achamos que você iria gostar, e também você se distrai um pouco e sai do celular.

Ismael:  Ai, tudo bem! Obrigada mãe, obrigado pai!
— Ismael suspira desanimado.

Marcos:  Olha Ismael, abre o presente que o tio trouxe pra você, vê se você gosta?

Ismael:  Nossa, é presente mesmo?

Marcos:  Claro que é, só eu não tinha muita opção do que te dar e também não sabia se iria te agradar.

— Ismael abre o presente, não muito satisfeito.—

Ismael:  Uma caneca com uma foto minha?

Marcos: Gostou?

Ismael: É... é bem legal.

Joana:  Como é que se fala,  filho?

Ismael:  Obrigado tio.

Marcos: Que isso, imagina.

— Ismael não fica muito contente com os presentes que recebeu, fica sentado no chão ao lado da árvore de natal, desanimado com aos mãos sobre o queixo.—

Joana: Que foi filho, não gostou dos presentes?

Ismael: Gostei mãe, mas...

Gustavo: Mas?

Ismael: Não foram estas coisas que eu imaginava ganhar., eu havia pedido um PC Gamer.

Gustavo: Filho, entenda que as vezes nós não conseguimos dar tudo o que você quer.

Joana: Entendemos que você sonha com esse PC Gamer, mas acontece que nós não temos dinheiro suficiente para comprá-lo.

Ismael: Mas pros meus primos, vocês compraram coisas muito melhores do que isso, agora EU que sou filho de vocês vocês me dão um livro pra pintar?

Gustavo: Olha só Ismael, você devia estar agradecendo pelo que nos te damos, tem várias crianças por aí passando por tanta coisa que não tem um brinquedo se quer.

Joana:  Tem crianças que vivem por aí nas ruas, que nem se quer tem a educação que você tem tido na escola e aqui em casa.

Ismael:  São coisas bem diferentes.

Gustavo: Chega Ismael! Vá pro seu quarto dormir que eu e sua mãe vamos arrumar as coisas aqui, e amanhã no café vamos ter uma conversa.

— Ismael levanta e sai da sala diretamente para o seu quarto.—

Joana: Ai Marcos, nos desculpe pelo Ismael.

Marcos: Não, não, não precisam se desculpar.  Vou ajudar vocês a arrumar tudo e logo vou para casa, só... não peguem pesado com ele, ele é apenas uma criança.

Gustavo:  Relaxa, só vou ter uma conversa séria com ele pela manhã, e mais uma vez, desculpa por isso.

P. O. V  Ismael

Após eu ter levado uma bela bronca dos meus pais em pleno Natal, na frente do meu tio, eu simplesmente vesti meu pijama e deitei em minha cama olhando para o teto de meu quarto refletindo. Desde o dia em que fui na casa de um colega meu, que tinha um PC Gamer, eu fiquei encantado, e eu insistia muito para que meus pais pudessem me dar um de Natal, esse ano não foi, eu tentei compreender, mas também queira ter como os meus amigos.

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