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Elizabeth Navas

— As fotos ficaram incríveis, Liza! Com esse novo material, vão aparecer vários trabalhos para você. — comenta Gabriel, após dar os últimos flashes.

— Assim espero, gabi, estou precisando muito desse dinheiro.

— Eu sei que as coisas aqui na agência estão devagar ultimamente, mas você continua sendo uma das modelos favoritas da Margot. Assim que surgir algum projeto, ela vai te chamar. —  Gabriel cruza os dedos na tentativa de me animar. Eu faço o mesmo, mas não consigo ter o mesmo ânimo que ele. Já faz alguns meses desde o meu último projeto, e agora que vou começar a faculdade, preciso de um trabalho bom, com um bom pagamento.

Jogo minha jaqueta sobre os ombros e pego minha bolsa para ir embora, já que terei o resto do dia livre. Gabriel começa a alterar o cenário para fotografar a próxima modelo, e me despeço dele com um abraço e um beijo no rosto.

— Gabriel?

— Sim?

— Preciso de todas essas fotos para hoje. Amanhã iremos escolher uma das meninas para um projeto importantíssimo. — ouço a voz de Margot anunciando enquanto me afasto da sala.

— Que seja eu! — Peço mentalmente.

Não lembro a última vez que fiquei tanto tempo sem um projeto novo. Margot sempre fez questão de manter a agência no topo, e desde a inauguração, essa é a primeira vez que estamos passando por uma fase difícil.

Antes, não havia tanta rivalidade entre as meninas, surgiam projetos suficientes para todas, mas agora há brigas e discussões diárias sobre quem merece mais, quem tem mais potencial, e isso está sendo tão exaustivo. Só espero que as coisas melhorem logo.

Ao chegar em casa, meu irmãozinho Lucas, de sete anos, é o primeiro a me receber.

— LIZAAAAAAA! — Ele grita enquanto corre para meus braços.

— Oiiiii. — me abaixo para ficarmos do mesmo tamanho. — Como foi na escola hoje?

— Teve uma festinha de aniversário, eu comi bolo e tomei refrigerante. — conta ele, todo saltitante.

— Hmm, e por que não trouxe bolo para mim? — pergunto, fazendo biquinho.

— Eu esqueci, desculpa.

— Estou brincando com você, bobinho. — O sorriso que se desmanchou por alguns segundos retorna ao seu rosto.

— Você se divertiu? — Lucas faz que sim com a cabeça, muito feliz, e eu amo vê-lo assim.

— Já chegou, filha? — Minha mãe aparece, vindo da cozinha.

— Já, sim, estava conversando um pouco com o Lucas.

— Já coloquei seu almoço para esquentar.

— Obrigada, mãe!

Minha mãe tem feito todo o possível para suprir a ausência do nosso pai desde que ele faleceu, três anos atrás. Meu pai estava voltando do trabalho em uma noite chuvosa de quinta-feira quando perdeu o controle do carro em uma rodovia próxima de onde moramos.

As coisas nunca mais foram as mesmas desde então. E como poderiam ser?
É impossível não sentir sua falta todos os dias, mesmo depois de três anos.
Dói ainda mais quando penso no quanto ele estava próximo de casa, mais um pouco e ele chegaria em segurança.

Minha mãe tenta ser forte por mim e por Lucas, mas sei que seu sofrimento é tão grande quanto o nosso. Apesar de não externalizar isso com frequência, percebo seu olhar triste percorrendo todos os cantos da casa, as fotos emolduradas nas paredes, o lugar à mesa onde ele costumava sentar para o jantar, as cadeiras de balanço no terraço onde os dois se juntavam quase todas as noites para conversar.

Nem consigo imaginar o quanto deve doer nela. Meus pais sempre tiveram uma relação admirável, antes de qualquer coisa, eles eram grandes parceiros, e isso era o que eu mais amava na relação deles. Um dia, eu quero ter o mesmo que eles tiveram.

Algumas horas antes...

Phil Foden

— Precisamos conversar, Phil.

— Sobre o quê?

— Sobre tudo. Não acha que já está na hora de deixar esses velhos hábitos de lado?

— Anna, eu sou jovem. Eu preciso sair e curtir a vida, não acha?— A mulher de cabelos negros em minha frente me olha com reprovação.

— Você tem todo o direito de fazer isso, mas precisa ser mais discreto. Toda semana você está envolvido em uma nova polêmica, e como sua assessora, eu preciso dar um basta nisso o mais rápido possível. — Me mantenho em silêncio, tentando entender seu ponto.

— Você não está indo bem em campo.

— É uma fase.

— Eu sei, mas em fases como essa, o comportamento fora de campo começa a pesar também. Você não lê as notícias? A torcida e a diretoria do Manchester City estão te cobrando. Você está sendo visto como o típico jogador que só quer saber de noitadas, carros e garotas, enquanto o futebol é deixado de lado.

— Mas isso não é verdade.

— Mas é o que parece. Há notícias dizendo que o Manchester City pretende te mandar embora na próxima janela de transferências.

— Eles não fariam isso. — Eu respondo, impaciente.

— Sua sorte é que o Pep está do seu lado. Ele confia no seu potencial e te defende com unhas e dentes. — Anna se levanta e começa a andar de um lado para o outro, como se estivesse pensando.
— Temos que aproveitar isso e dar um jeito na sua imagem de uma vez por todas.

— Então eu tenho que simplesmente parar minha vida, é isso?

— Não, você pode continuar fazendo o que quiser, mas precisa ser discreto... Acho que sei de algo que pode ajudar.

— O quê?

— Um romance.

— Romance? Como assim?

— Precisamos mudar essa imagem negativa que você tem de jogador pegador que não liga para nada. As pessoas precisam começar a simpatizar mais com você.

— Isso eu entendi, mas que tipo de romance você está falando?

— Um namoro de mentira. As pessoas amam um romance e sabe o que elas amam ainda mais? Um ex-pegador que agora está completamente apaixonado e determinado a ser um novo homem para sua amada.

— Você está brincando, não é? — Dou uma risada sem vontade, mas a expressão séria de Anna indica que não é uma piada.

Fake everything, phil foden Onde histórias criam vida. Descubra agora