Capítulo único

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- COMO É QUE É? - Vou cometer um crime, é isso. Como ele é... descarado!

- Você ouviu bem, não se faça de demente.- Jungkook gritou da sacada do seu quarto, abusando da minha cara. E naquele momento, tudo o que eu mais queria é que ele morresse sufocado com a fumaça do seu próprio cigarro.

- Não Jungkook, eu não vou ceder meu quintal pra porra de ensaio nenhum! Foda-se se minha garagem tem mais espaço que a sua, a casa é minha. Se vira, arruma outro canto.

-Eu vou te pagar! Não vai ser de graça.

- E que dinheiro compra o fato de ter você andando pra cima e pra baixo dentro da minha casa, fazendo baderna com aqueles seus amigos mal encarados? Porque você é folgado e vai até querer me fazer de escrava! Não, não mesmo. - Neguei diversas vezes com o dedo na sua direção de forma acusatória, vendo sua expressão insatisfeita pro meu lado. - pra cima de mim não, não mais!

Ele bufou, estalou a língua no céu da boca e abaixou a cabeça. A sua semi nudez nem era um detalhe a se levar em conta, mas eu confesso que deixei meus olhos vagarem pelo seu abdômen bem trabalhado. A verdade é que eu e ele, nós já tivemos um... caso? Não sei se poderia se dizer bem isso. Mas acontece que eu não conseguia acompanhar o ritmo frenético da sua vida, do seu estilo. Ele era rock in roll, eu era mais girl generation. Ele frequentava bares sinistros e eu tremia só de passar na porta. Ele andava de moto a mais de cem por hora, eu, eu preservava minha vida ao máximo. A nossa diferença era explícita, então não demorou para que nós déssemos um basta, na verdade, eu quem dei. Estava cansativo pra mim, nós não conseguimos encontrar um equilíbrio na nossa relação precária. E eu sabia o quanto Jeon Jungkook era popular, pude constatar de perto, muitas mulheres o cercava, o tempo todo. Mulheres essas que faziam parte do seu mundo, eram loucas como ele, tinham piercings por todo o rosto e tatuagem a se perder de vista, como as dele. Eu não iria nunca lhe admitir que eu preferi acabar com tudo antes que eu me enraizasse em si, temendo não ter a recíproca no sentimento que estava aflorando dentro mim. Já fazem meses que não nos relacionamos mais, e... é um pouco frustrante ver que para ele isso só passava de detalhe, já que ele está acompanhado de muitas outras atualmente. Eu realmente não consigo compreendê-lo bem, mas sequer vou exigir satisfação ou uma mudança. Ele, em parte, não tem culpa. Nós não estabelecemos bem o que seríamos. Pensei, inicialmente que seríamos apenas sexo, nada além disso. Mas um dia, depois de uma foda no seu quarto ele me convidou para um passeio. Não me orgulho muito em admitir que fiquei super feliz com o seu convite. As coisas se tornaram confusas para mim, no entanto, eu nunca neguei nenhum dos seus pedidos que vieram a seguir. Fossem eles pra transar, fossem eles pra gente curtir um sábado no seu bar preferido, somente seu, porque eu tenho horror daquele lugar! Eu entrava na porta engolindo em seco, não sei como nunca fui assaltada lá, de verdade. Nada tira da minha cabeça que aquele lugar era ponto de encontro de assassinos perigosos e fugitivos da polícia. Eu era um peixe fora d'água lá e na sua vida.

- Você é chata pra caralho, sabia?! - soltou amargurado, me encarando. E sim, eu sabia bem o quanto era "chata", mas a diferença é que para mim, eu era apenas precavida.

- Você que é sem noção, sem limites. Não vou ceder nada, se vira aí, Playboy. - Haviam muitos outros motivos para eu não deixar ele ensaiar com sua banda na garagem da minha casa, e por incrível que pareça, a bagunça e a baderna eram os últimos da lista. Eu é quem não queria mais laços entre nós. E tê-lo na minha casa diariamente, me perturbando, me provocando e me lembrando do que estava crescendo no meu peito poderia ser considerado suicídio a minha sanidade mental e a minha paz interior. Eu o conhecia, e como... - Tem a casa dos seus amigos, dos amigos dos seus amigos... dos amigos dos amigos dos seus amigos. Você não deveria nem ter lembrado de mim!

Vizinho (Jeon Jungkook)Onde histórias criam vida. Descubra agora