Capítulo 1

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"Se todas as pessoas tivessem a chance que tive para me redimir, penso que poucos estariam sofrendo como estou agora. No entanto, a culpa é toda minha. Talvez eu mereça nunca encontrar ninguém para amar. Não posso fugir e nem me esconder. Aliás, não tenho para onde fugir e nem... nem onde me esconder".

A vida muitas vezes toma um rumo diferente do qual planejamos. Alguns tristes, outros felizes, mesmo que não tenhamos escolhido aquele caminho, no final de tudo ficamos nos falando: "por que fiz isso?" ou "como eu gostaria de voltar no tempo e mudar tudo". No final das contas nem tudo é o que planejamos, mas é o que precisamos passar.

– Ale? Você tá bem?

Volto a prestar atenção na minha amiga, na qual estava me chamando a muito tempo, mas só agora que fui sair dos meus devaneios.

– Ah! Oi! Tô aqui, desculpa. Só tava pensando.

– Eu sei, você tá assim desde há duas semanas atrás, e mesmo que o que tenha acontecido com você tenha sido doloroso, você precisa focar no agora.

– Tudo bem, mas me dá cinco minutinhos? Por favor? – digo juntando as duas mãos e fazendo uma cara cansada.

– Ok, mas só cinco minutos!

– Obrigada, você é a melhor!

– Eu sei – diz fazendo cara de convencida.

Me despeço de Laura e vou me sentar em uma cadeira perto de uma mesa de doces.

– Como alguém consegue fazer doces tão maravilhosos?! – falo me deliciando com aquela comida de anjo.

– Assim como você também consegue comer uma quantidade absurda de comida.

Olho para trás e vejo Luiza comendo um brigadeiro como se fosse a pessoa mais chique do mundo.

– Olha isso já é hipocrisia, você que me ajudou ontem no rodízio de pizza – digo lhe apontando o dedo

– Vira esse dedo pra lá, você comeu a maioria, eu só aguentei 6 pedaços, já você comeu uma pizza inteira e ainda bebeu dois copos de refri.

Reviro os olhos e volto a trabalhar. Sim é verdade, mas e daí? Eu estava com fome, tinha que botar toda a minha frustração em alguma coisa, e comida é uma das melhores opções.

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Cheguei em casa e fui logo tomar um banho e ir descansar do dia cansativo, parece fácil tirar fotos mas não é nada fácil.

Deito na cama e pego o meu celular, fico mexendo por um tempo, mas logo eu encontro uma foto minha e da minha família, eu, minha mãe e meu pai.

– Que saudade de você pai

Começo a chorar até que não consiga derramar mais nenhuma lágrima.

Desde o acidente, eu tenho transformado minha vida em um cotidiano, até parei de ir à igreja. Ah, a igreja, minha mãe e meu pai sempre me levava pra igreja, no começo eu achava chato mas depois se tornou um dos meus lugares preferidos, pela calmaria e principalmente por Deus.

Mas depois de ter me afastado tanto, tenho certeza que não mereço perdão. Mesmo depois do acidente nunca fui visitar minha mãe no hospital, nem lhe pedir desculpas por minha atitude infantil. Ainda não tive coragem de ir vê-la e ver em seus olhos a tristeza e agonia que é perder alguém que passou anos convivendo e amando, simplesmente ser perdido de repente por algo tão simples.

Seco minhas lágrimas e me sento na cama, olho para o meu lado e vejo a minha escrivaninha, que por acaso não mexo faz muito tempo. Abro a primeira gaveta e lá vejo ela, já faz tanto tempo que não leio a bíblia. Eu já ia pegar ela quando recebo uma ligação, é Laura.

Consertando um CoraçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora