ℂ𝕒𝕡𝕚́𝕥𝕦𝕝𝕠 𝟚𝟝

84 15 7
                                        

❈•≫────≪•◦❈Kimura❈◦•≫────≪•❈

— Seu café.

Y'lan avisa, passando pela porta entreaberta com uma bandeja de madeira nas mãos, trazendo meu café da manhã, provavelmente a mando da Chloe. Sem dizer nada, apenas o observando, tento descobrir quanto tempo ele ficou ali e o quanto ouviu.

Enquanto passa por mim, o bastardo sequer me olha diretamente. Aí está, minhas suspeitas estavam certas.

— É melhor você não fazer essa cara e comer, se não a ruiva vai te estrangular. Porque se você não tem medo dela, eu teria. Ela já ameaçou deixar o Adam eunuco, e sabe o que é isso, né? Então...

— Eu vou comer, Y'lan.

Tive que interrompê-lo. Y'lan não conhece a palavra limite e, se conhece, não faz uso dela. Esse cara sempre fala demais.

— É isso aí, bro.

Deixando a bandeja sobre a cama, ele se vira, para de frente para mim, coloca as mãos nos bolsos e me encara.

— Fala logo.

— Você é direto, então também serei.

Minha testa se franze, aguardando a próxima merda que vai sair da boca desse idiota.

— Você e a garota, vocês... vocês estão juntos.

Y'lan não fez uma pergunta; ele afirmou. Até que ponto eu deixei isso transparecer? Ou como ele chegou a essa conclusão? Nos viu no dojo?

Desvio o olhar, ainda em silêncio, e vou até a cama, sentando perto da bandeja, tentando parecer indiferente à situação. Pego uma fatia de maçã e mordo.

— Em que sentido?

Y'lan cruza os braços, um sorriso debochado no rosto.

— Como assim, japonês? Que sentido? Sentido de casal, porra! Tipo namorados, amantes, casados. Casal é casal, cara! Não se faça de desentendido, você entendeu a pergunta.

As palavras dele ecoam na minha cabeça, e uma sensação estranha se forma em meu peito. O que ele sabe sobre mim e a Chloe? Meu olhar se perde, preso na fatia de maçã, enquanto luto contra a necessidade de dar uma resposta.

— Isso não existe entre eu e a garota.

Ele sorri, segurando uma gargalhada.

— Ah, qual é, Kimura? Não venha com essa pra cima de mim.

Ele se senta na poltrona, e continuo o observando, dando mais uma mordida na maçã.

— Você já se viu como a trata? Já percebeu como se comporta com ela? Nunca te vi agindo assim com mulher alguma. Na verdade, se quer te vi com alguma mulher.

— E o que minha sexualidade tem a ver com isso agora?

— Nenhuma, bro. Mas já deve ter percebido que a ruiva tá caidinha por você.

— Você tá falando bobagem de novo.

Ele se joga para trás na poltrona, rindo.

— Se você quiser esconder o que tá rolando, precisa melhorar esse teatrinho. Mas, sendo sincero, ninguém mais acredita que você não está apaixonado por ela, a não ser...

Levanto-me e vou em sua direção, pegando-o pela garganta e o erguendo até ficar de pé. Aperto minha mão até sentir que começo a sufocá-lo. Olho nos seus olhos.

— Não deveria falar bobagem em voz alta; podem tirar conclusões erradas.

As mãos dele tentam segurar meu punho, tentando afrouxar meu aperto, mas sem chance.

Amores E Vingança ( Novel) Onde histórias criam vida. Descubra agora