Meu Coração Idiota

1.7K 137 45
                                    

- Ela me disse que a mãe tem depressão. - Ajeito meus óculos escuros no rosto sem olhar para Normani. Acredito que ela já esperava por isso.

- Isso explica muita coisa. — Minha amiga vira a cabeça para me olhar fracamente. O sol que faz agora é quente e faz a pele de Normani brilhar.

Estamos deitadas nas duas espreguiçadeiras na beira da piscina, de vez em quanto bebericando um copo de limonada que ela trouxe quando voltamos de sua casa para o quintal. A música ainda está absurdamente alta, as crianças ainda brincam na parte rasa da piscina e os adultos estão bebendo e conversando na mesa do almoço. O suor está escorrendo pela minha barriga nua, que está sendo diretamente bronzeada pelo sol e fazendo contraste com o suor que escorre pelo colo também desnudo de Normani.

Ainda me sinto levemente fatigada pelo que aconteceu minutos mais cedo no quarto de Mani. Quando fecho os olhos e respiro fundo posso até sentir o arrepio que percorre meu corpo ao lembrar de Lauren, suas mordidas, seus apertos firmes, seus beijos e seus olhos queimando e explodindo com o controle que ela tinha sobre todo meu ser ali mesmo. Mas preciso esquecer disso por agora, o assunto aqui é sério. (Isso sempre me atrapalhou, o meu foco no que Lauren tinha para oferecer, a forma que ela me tratava, a paixão que me cegava e me fazia ficar o dia pensando em seus beijos ao invés de perceber outras coisas sobre sua pessoa).

— Fui burra em não pensar nisso logo de cara. — Olho para Normani também.

- Quem pensaria que uma pessoa tão feliz como Lauren estaria com uma mãe depressiva e cheia de despesas em casa?- Normani endireita a coluna, usando os cotovelos para se apoiar. — Quer dizer, não quero dizer que ela não ligue para a mãe, é só que ela está escolhendo lidar com isso sozinha. — Enquanto Normani fala, meu olhar se perde na outra extremidade da piscina, onde uma Lauren sorridente e ansiosa tem uma Dinah cuidadosa atrás de si, espalhando protetor solar por seus ombros e costas.

— Ela não tinha ninguém antes. — Eu digo, sentindo meu coração afundar num buraco sem fim ao ver Lauren sorrir tão largo enquanto Dinah passa o restante do protetor em seu rosto.

- Ela tem a gente agora, tem você. - Normani continua. Agora ela tem a voz firme e a postura direita, dando jus ao cargo de mais velha do grupo mesmo que seja só por alguns meses.

- Ela contou pra mim. — Murmuro.

Agora é Lauren quem passa o protetor em Dinah, mas é claro que ela não saberia fazer isso direito, então ela espirrou uma quantidade enorme e tacou na cara dela, deixando minha amiga parecendo uma parede rebocada.

- Ela te contou que precisava tanto do emprego porque estava cheia de contas, porque a mãe é depressiva e o pai morreu? — Mani está quase me batendo com suas palavras, mas a cena a minha frente me faz ignorar qualquer dor. Dinah está rindo alto tentando tirar o excesso de protetor da cara e Lauren tenta ajudar, mas está rindo mais do que qualquer coisa. E vamos de Debi e Lóide.

Ver Lauren feliz com o grande sorriso no rosto me faz esquecer qualquer desconforto. 

Eu tenho esperado dias e semanas, tempos sem vê-la assim novamente. Tenho sussurrado contra o travesseiro que sinto saudades enquanto seguro as lágrimas ouvindo sempre as mesmas músicas da playlist que ela fez.

- Ela está se abrindo aos poucos, provavelmente somos as primeiras pessoas que se aproximam dela de verdade. — Volto meu olhar para Normani. Ela está me encarando com persistência.- Ela confia em você.- Mani deita a cabeça no apoio da espreguiçadeira. Um filete de suor escorre de sua têmpora até o queixo. - Não a decepcione.

Eu acabo me calando depois dessa. Normani fecha os olhos e dá a conversa como encerrada, então eu volto a espiar o que as duas patetas estão fazendo na piscina. Já dentro da água, elas parecem conversar sobre algo, Lauren fala e fala e Dinah está petrificada enquanto escuta. Logo depois ela abre a boca com um choque passando pelo rosto, e então começa a rir. Seu olhar logo vem até mim e ela se assusta ao já me ver olhando.
 
- Tá falando mal de mim, é? — Eu questiono, levantando os óculos do rosto. Dinah continua rindo.

O Encontro De Um Dólar - Camren (Adaptação)Onde histórias criam vida. Descubra agora