CAPÍTULO UM | Almofadinha

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"Um dia você deixará este mundo para trás, então viva uma vida da qual você irá se lembrar"

The Nights.

Enquanto a professora de filosofia conversa com alguns alunos sobre ética, durante sua aula

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Enquanto a professora de filosofia conversa com alguns alunos sobre ética, durante sua aula. Me distraio observando a chuva se intensificando cada vez mais lá fora. As árvores se balançando com uma certa agressividade me deixou amendrontada. Está caindo uma tempestade, e os trovões me deixam paranoica.

Batendo o lápis na banca em um leve movimento, na tentativa de emitir um som baixo, segui com meus pensamentos.
Se caísse um raio nesse momento, eu iria ter um mini infarto. Mas e se acontecesse de alguém receber uma carga elétrica? Viraria algum tipo de super-choque? Com certeza não.

É muito estranho estar vivo, tem alguém me controlando, e sou eu mesma. Eu movimento meu corpo sem necessariamente ter que pedir.
Eu não falo: "Braço pega esse lápis" porque meu braço simplesmente vai lá e faz, ele obedece o comando central da minha cachola.

Ouço o sinal tocar e saio dos meus devaneios. Enquanto recolhia meus materiais, alguns colegas de turma já haviam saído, e um restante ainda conversava com a professora. Assim que termino de pegar tudo que me pertence, sigo para o corredor deixar minhas coisas no armário.

Minha próxima aula está vaga, então tomo a liberdade de ir à biblioteca, um dos meus lugares favoritos daqui. O espaço de lá é de bom agrado, com um silêncio digno de uma leitura calma e relaxante, dependendo do que você esteja lendo. Ler um assassinato não deve causar muita calma, eu acho.

Apesar da calmaria maravilhosa, existem pessoas folgadas que só vão para lá para fazer barulho. Não leem e não falam nada de futuro, apenas, merda.
Assim que adentro na biblioteca sou recebida por Fabíola, bibliotecária do colégio.

— Lecsy, como é bom vê-la novamente minha querida. Já faz tanto tempo. — Me recebe com bom humor.

— Olá senhorita Fabíola. Realmente, já faz anos que não nos vemos. Pelo o que me lembro, a última vez que nos vimos foi hoje de manhã. — Ergo as costas da mão ao lado direito de minha cabeça, e a outra mão ao peito. Encenando uma cara de sofrida, entrando na brincadeira.

— É uma honra receber vossa majestade em meu castelo de histórias. Em que posso ajudar? — Rimos baixinho juntas. — Hoje a biblioteca está praticamente vazia, uma tristeza. — Diz enquanto organiza alguns livros na bancada.

— Não fique tão triste Fabi, pelo menos você me tem. — Faço um gesto indicando para mim mesma. — Fora que aqueles cabeças ocas não estão aqui para matar aula, e atrapalhar. É um alívio. — Reviro os olhos e lhe dou um sorriso recebendo uma risadinha dela, que foi abafada por sua mão. — Agora, vou começar a caça.

— Boa leitura Lecsy.

— Obrigada! — A respondo e sigo para o corredor de um bom e velho romance.

Eu sou fascinada por romances. Ler sobre duas pessoas que se apaixonam aos poucos, por detalhes mínimos que se transformam em extremidades aos olhos um do outro, me deixa feliz e de bom humor. Deixa meu coração aquecido.

Peguei um dos livros da estante e me sentei no chão cruzando as pernas.

Após pouco mais de quinze minutos de leitura, ouço passos fortes soando pela biblioteca. Tem alguém correndo?

Ergo a cabeça para olhar se vem alguém e me assusto quando Raquel aparece descabelada e tentando regular sua respiração, parecia que tinha corrido uma maratona.

— VOCÊ não sabe o que está acontecendo! — Exclama tentando conter os gritinhos de felicidade, enquanto saltitava.

— O que aconteceu? Você viu o Harry Styles? — A pergunto sabendo que ela obviamente não o viu.

— Não, talvez outro dia. — Diz enquanto se senta em frente à mim e segura minhas mãos, me fazendo largar o livro. — É uma coisa muito importante. Importantíssima!

Vale lembrar que: Raquel é dramática.

— Me diz logo Quel. — Olho diretamente nos seus olhos arregalados.

— Chegou um aluno transferido! — Solta minhas mãos e começa a bater palma, sorridente.

— Faça silêncio. E oque tem de importante nisso? — Pergunto com um sorriso ladino, tentando não quebrar sua felicidade.

— Aí é que vem a boa! Ele vai dar uma festa na casa dele, e convidou os terceiros anos! E sabe o que nós somos?! TERCEIRÃO — Levanta comemorando.

— Fala baixo! — Arregalo os olhos fazendo um gesto com as mãos para que ela se contenha.

Quando a Raquel fica animada, parece uma criança de 5 anos.

— Está bem. 1... 2... 3... respira. — Repetiu esse esquema três vezes até se sentar novamente, mais tranquila para falar. — Então, quero que vá comigo a festinha.

— Você sabe que não vou muito nesses ambientes. Não é que eu não goste. Mas é que... quando chego lá, me dá desânimo. — Tento explicar.

— Tudo bem Leh, eu não vou insistir. Mas se mudar de ideia... me diz por favor. Meu irmão e a Júlia vão. — Deixa um beijo na minha testa e se arrasta para ao meu lado.

— Se eu mudar de ideia, te aviso... mas, quando é a festa?

— Hoje! Na casa dele. — Afirma, com olhos focados na estante de livros à nossa frente. Até parece que quer ler alguma coisa. Rio baixo com meu pensamento.

E ficamos por um tempinho ali. Continuei minha leitura e ela encostou sua cabeça no meu ombro.

Até que, quebrei o silêncio. — Nossa, mas vem cá. Quem é que chega numa escola nova e já começa convidando pessoas que nem conhece para uma festa, na própria casa?

E então viramos a cabeça para olhar nos olhos uma da outra, e tenho certeza que pensamos a mesma coisa.

— Almofadinha. — Rimos por termos falado ao mesmo tempo.

— Bom, vamos embora? Já vai dar o sinal para ir para casa. — Me levantei e lhe dei a mão para que ela se levantasse.

— Vamos!

Venho pensando no caminho da escola para casa, sobre ir à festa. Talvez eu deva ir, sair um pouco e relaxar, tenho me dedicado tanto a escola que esqueço de tentar fazer outras coisas. É que eu sou desastrada também, sempre faço alguma merda.

E se eu for e der alguma coisa errada, o meu pai me mataria. Mas, e se eu não for e lá tenha alguma coisa... do tipo: Algum presente de Deus para mim.

É isso

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É isso. Se alguém ver algum erro, peço desculpas por eu ter deixado passar.

O que acharam de Raquel e Lecsy?

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