My Dear Destiny | Jeno

III

C a s a  R e a l
da  C o r e i a.

Já se passavam das seis da tarde quando Lia terminou seu banho e saiu encarando Jeno que ainda estava em pé na frente do espelho. Ele então a olhou de cima a baixo e tinha que admitir que a garota era linda! Ela estava usando um vestido de cetim preto, com alças finas e quando ela se virou, pôde ver que ele estava preso por um laço na parte de trás. 

Ela caminhou em direção à cama e se sentou.

— Eu preciso muito descansar antes do jantar. — Disse enquanto mexia a cabeça de um lado para o outro em busca de um possível alívio para o peso que sentiu sobre si durante todo o dia.

Jeno a observava desde sua saída do banheiro. 

— Sem problemas, o jantar aqui geralmente é às oito. — Disse andando em direção ao banheiro. Precisava de um banho também. — Pode dormir. Quando for a hora de descer eu te acordo.

Ao ouvir a porta se fechando, Lia deitou virada para a porta de entrada do quarto e ficou encarando-a, até sentir seus olhos pesarem e deixar o cansaço a carregar para longe.

Depois de 20 minutos, Jeno saiu do banheiro e se deparou com Lia dormindo serenamente. Ficou algum tempo olhando para ela e então caminhou em direção à varanda do quarto, se sentando em um sofá que existia ali. Começou a pensar em sua vida e em tudo que tinha que fazer pelo pai, mesmo que fosse contra sua própria vontade. Infelizmente, Jeno já conhecia o esquema, mas sabia que Lia não. E conseguia ver que ela foi obrigada a isso. Não podia culpá-la e estava determinado a respeitar seu espaço se assim quisesse e, ajudá-la quando fosse necessário. Portanto, não imaginava onde e como isso terminaria.

Balançou a cabeça espantando seus pensamentos de repente e decidiu entrar. Se situou sobre o horário e viu que daria tempo para que ele também pudesse descansar. Então, foi até o sofá que ficava ao lado da cama e se deitou sobre ele. Achou que seria desconfortável apesar de ser grande, mas não. Era macio e tinha certeza que não teria problemas em dormir ali! Jeno fechou os olhos e dormiu também.

"Eu corria o mais rápido que podia, estava escuro e eu não enxergava nada a dois palmos do meu rosto. Não sabia onde estava e nem em que direção ia. De repente sinto um baque em minhas costas e quando vejo estou caída virada para o chão.

— Você fez isso. É culpada por tudo isso.

Ao me virar estou de frente para mim mesma, como em um espelho. Então encaro minhas próprias mãos e estão cheias de sangue.

— Consegue ver? Você fez isso, você fez isso.

O meu espelho começa a gritar e eu tento amenizar seus gritos tapando meus ouvidos com as mãos, portanto o grito vai ficando cada vez mais insuportável."

Estou sem ar quando me levanto quase que em um pulo. Tem suor na minha testa e então sinto minhas lágrimas começarem a cair. Tento buscar ar, mas parece que neste momento não existe nenhum.

— Você está bem? — Jeno vem em minha direção e se agacha à minha frente, ao pé da cama. A única coisa que consigo fazer é me jogar em seus braços e apertá-lo o mais forte que posso. — O que aconteceu?

Eu não consigo dizer nada, apenas chorar cada vez mais. Então, ele retribui e começa a afagar minhas costas. 

Eu não sei por quanto tempo ficamos assim, mas eu só me afastei quando senti que estava mais calma. Olhei nos olhos dele e foi como se de repente, depois de uma tempestade, o vento estava manso e as ondas tranquilas. Não precisei dizer nada, eu estava em paz agora.

— Estamos bem? — Ele perguntou ainda afagando as minhas costas.

— Sim, — nos encaramos como se dependêssemos disso — estamos.