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Takatora Samura não era uma pessoa amigável. Desde bem pequeno recusava-se a conversar com sua mãe quando estava na fase de aprender a falar, chegando a levantar uma suspeita de autismo, o que foi negado por um psicanalista ao ser levado para uma consulta. O menininho era naturalmente tímido e isolado. Sua mãe, uma mulher solteira que engravidou durante uma festa e, por ter bebido um pouco demais, não lembrava muito bem do que havia acontecido, ainda assim amava seu filho incondicionalmente e sabia que era recíproco ao seu modo. Tratou de lhe dar tudo do bom e do melhor e de procurar os melhores profissionais da psicanálise, mesmo nenhum deles conseguindo ter grandes avanços.

Sempre muito protetora, cuidava dele como se fosse feito de porcelana, ao levá-lo à escola sempre pedia para que os professores o vigiassem e não deixassem nada o acontecer. Mas quando seus colegas começavam a provocá-lo e os professores já não conseguiam mais manter o controle da situação, era transferido para outra escola, mas o ciclo sempre se repetia. Com o tempo essas zombarias passaram a ficar mais pesadas, começando por puxar seu cabelo até espancá-lo num lugar vazio, até que alguém ouvisse algo e alertasse algum responsável sobre. Chegava em casa roxo e sujo, sua mãe lamentava não poder estar perto dele sempre para o defender, os professores já não o ajudavam mais por acharem que já estava numa idade em que deveria se defender sozinho, as aulas de artes marciais da escola não estavam sendo suficientes para que um garoto magrinho de treze anos pudesse se defender de garotos de dezoito das séries mais avançadas.

🗡🗡🗡

Um dia, Samura estava sentado num banco do jardim da escola enquanto comia uma barra de chocolate durante o intervalo quando três garotos se aproximaram dele, todos com sorrisos cínicos.

- O que o moleque está fazendo sozinho? - falou o mais alto.

- Own, tá comendo o lanchando que a mamãe te comprou? - diz o outro ao seu lado - Que meigo!

- Sabe, eu não comi ainda e estou com muita fome. Me dá um pedaço! - o terceiro garoto pega o chocolate e come.

- Aí, eu também quero! - o mais alto se aproximou e estendeu a mão - Passa outro pra cá!

Samura apenas suspirou e olhou para o chão, pois não tinha outra barra.

- Não vai me dar? Anda, eu também estou faminto e eu quero! - não obteve resposta - Você é que sabe!

O garoto acerta um soco na maçã do seu rosto e o faz cair do banco.

- Anda, princesa. Levanta!

Com a ajuda dos outros, o puxaram pelo braço o fazendo ficar de pé, distribuíram socos, beliscões e tapas em seu rosto e várias partes se seu corpo, inclusive seu traseiro.

- A princesinha tá gostando? - aumentaram a força dos golpes arrancando dele gemidos altos e quase gritos - Quer mais? Eu deveria te fazer minha cachorrinha!

Um deles lhe passou uma rasteira que acabou por torcer o seu tornozelo, ele caiu de lado segurando o pé ferido tentando não dar a eles o gosto de ver suas lágrimas, os valentões aproveitaram essa situação para puxar suas roupas e arranhar sua pele. Eles riam como se estivessem brincando com um animal de estimação.

- Mas o que estão fazendo?! Parem!!!

O diretor chegou correndo acompanhado de quatro seguranças que levaram os garotos pra longe, era um homem de quarenta anos, cabelos penteados para trás e em uma ótima forma.

- Tudo bem meu filho, eu já estou aqui!

Ajoelhou-se e abraçou o menino que estava caído, manchado de vermelho e marrom da poeira, e que enfim se pôs a chorar fraco com o rosto escondido em seu pescoço. O homem, então, o ergueu no colo e o levou para a secretaria para cuidar de suas feridas, o que levou poucos minutos.

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