Cotton Candy

II

Quatro anos se passaram, as coisas tinham mudado completamente. Continuava a estudar na mesma escola agora no último ano, as pessoas não voltaram a imcomodá-lo, talvez pelo visual sombrio que Samura havia adotado. Após o primeiro incidente na casa abandonada ele faltou por três dias seguidos e retornou com uma expressão mais séria e olhos friamente afiados que causavam arrepios em quem os olhasse. Os corpos dos valentões nunca foram encontrados e os rumores de que Samura tinha se vingado deles não passaram disso, o diretor Yaba trilhou um caminho para que as autoridades cogitassem a hipótese de fuga de casa em trio, sendo influenciados também pelos vestígios de drogas plantados em alguns pertences dos garotos.

Com o tempo aquele menino magro e frágil foi se transformando em um garoto temível e respeitado, seu visual foi se modificando com o passar do tempo, primeiro adotando roupas escuras e levemente rasgadas. Depois raspou a cabeça e, por fim, desenhou seu corpo com tatuagens que o davam uma imagem assustadora como o último chefe de um vídeo game impossível de se vencer. Alguns garotos o admiravam por seu estilo sinistro junto à algumas garotas que, secretamente, tinham uma queda por ele. Agora tratado dignamente e com o apoio discreto do diretor, nada ousava se aproximar de si, mesmo com poucas palavras, sempre solitário e quase ninguém conhecendo a sua voz, era temido pois muito além dos seus rumores, era conhecido pelas lendas de seus muitos outros ataques à quem ousasse olhá-lo torto.

🗡🗡🗡

Uma menina novata tinha chegado na escola poucas semanas depois do início do ano letivo, ela era pálida e pequena, magrinha como uma boneca com pele de porcelana, longos cabelos rosa claros e uma franjinha que chegava pouco abaixo de suas sobrancelhas. Procurava atenciosamente o seu armário, apertando os livros contra o seu peito escondendo parte do rosto neles com certa timidez, desviava das pessoas apressadas que ameaçaram tombar em seu corpo. Observou por entre os números nas portas de metal dos móveis nas paredes, ajeitou sua franja com seus dedos finos e delicados piscando algumas vezes que os fios passavam por seus olhos até encontrar o que estava procurando. Abaixou-se para o armário que ficava na parte de baixo, encaixou e girou a chave no cadeado abrindo a porta para colocar seus livros dentro.

- Acabou de chegar?

Ela levantou seus olhos até uma garota sorridente de cabelos negros, lisos e curtos, olhos de azeitonas pretas e uma bela silhueta, tinha um botão do grêmio estudantil no casaco de seu uniforme.

- S-sim... - disse com as bochechas adquirindo um tom avermelhado.

- Quer ajuda pra encontrar a sala?

- ...Por favor - levantou após trancar o armário.

- É do terceiro ano, correto? - afirmou - Fica naquele corredor a direita, tem uma placa indicando a sala.

- Obrigada.

- Eu sou Hinami.

- Prazer, S/n.

- Vou seguir meu caminho, cuidado com o guri de tatuagens.

Observou a menina saltitar para longe e seguiu pensando em diferentes assuntos aleatórios, após andar pelo caminho indicado encontrou uma placa na frente de uma determinada sala que mostrava que ali deveria entrar, os alunos e o professor já lá estavam dentro, então bateu duas vezes na porta fechada.

- ...A propósito, temos mais alguém hoje - o professor veio em sua direção e a abriu liberando sua passagem, assim que entrou, todos os olhares voltaram para si intimidando-a - Ela se chama S/n e hoje é seu primeiro dia. Sejam bonzinhos!

Ao vê-lo terminar de falar, agradeceu e se dirigiu até uma cadeira vazia que se encontrava no meio de várias meninas, sentou-se de cabeça baixa esperando que a aula começasse rápido.