S/n Point Of View
São apenas 8:30 da manhã, e já posso ouvir o embolar de palavras do meu pai vindo da sala. Ele parece falar ao telefone. Está irritado
— Eu vou pagar, já falei! — grita com o telefone.
Está em pé na frente do sofá, segurando uma garrafa de vinho barato tentando não cair para trás. Suspirei e passei pela lateral do cômodo, indo para a cozinha fazer o café. Ele nunca faz.
Minha mãe morreu a um ano. Câncer de mama. Ela era um anjo na terra, e meu pai, um santo. Mas desde sua morte ele tem se entregado a bebidas e apostas, e o pior, foi demitido de seu trabalho na semana passada. Ou seja, eu sou a única que ainda trabalha.
— Bae? — a voz mais fofa e gostosa do mundo soa atrás de mim.
Deixo os ovos no balcão da cozinha e me viro, tendo a visão de Sam bem atrás de mim coçando os olhinhos. Seu cabelo está grandinho, é ondulado e de um castanho escuro, está totalmente bagunçado.
— Oi, bom dia bebê! — o pego no colo.
Sam tem 5 anos apenas. É o único motivo pelo qual eu trabalho tanto para poder sair desta casa. Quero lhe dar uma vida melhor bem longe da confusão do nosso pai.
— Dormiu bem? — começo e mexer os ovos na frigideira enquanto tenho o mesmo em meus braços.
— Uhum. — murmura. — Com quem o papai 'ta falando?
— Não sei — suspiro. — mas é melhor não perguntar a ele, okay? — ele assente.
— S/n — a voz grogue do nosso pai se faz presente na cozinha. Não me dou ao trabalho de virar. — vou sair e não sei que horas volto.
— Me leva papai? — Sam pede.
— Você não tem aula?
— Hoje é sábado, William. — respondo, suspirando.
— Enfim, outro dia Sam! — e depois de alguns segundos, ouvimos a porta da frente bater.
Terminei o café da manhã para mim e Sam. O coloquei sentado no balcão da cozinha e começamos a comer juntos. Sam estava me contando um de seus sonhos engraçados, estávamos rindo. É bom saber que ele está lidando bem com a morte da mamãe.
Ele é igualzinho a ela. Os olhos azuis escuros mas com um brilho inocente, o cabelo ondulado e castanho, as bochechas fartas e um sorriso encantador e divertido. Até mesmo seu humor é igual, um humor que não importa o que aconteça, ele vai continuar fazendo piadas e tentando melhorar a situação.
Mamãe se foi, mas ela deixou uma parte dela aqui comigo, para me ajudar a seguir em frente. Eu o amo tanto...
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Eu e Sam saímos pela manhã para andar pelo centro da cidade. Ele precisava de alguns materiais novos e roupas, então das 10h até agora, 16:45, ficamos andando de loja em loja, e passamos no parque para alimentar os cisnes do lago. Ele ama isso, deu até um nome para cada um.
— Viu como o Juhan estava grande, Bae? — acabo rindo. Juhan é um dos cisnes.
— Vi. E o Pit estava com as penas mais longas. — ele concordou, logo em seguida começou a falar de Jema.
Eu estava subindo os degraus da frente da nossa casa com as chaves na mão, quando percebi que ela estava minimamente aberta. Mas não foi nosso pai, ele está com a chave. A porta foi arrombada.

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Yes, Miss Ortega? || Jenna Ortega
FanficOnde S/n Shade se vê em um beco sem saída criado por seu próprio pai, um alcoólatra que não consegue lidar com a morte da esposa. Ela precisará quitar uma dívida feita por seu pai da maneira que pode: trabalhando na casa do homem a quem seu pai deve...