Capítulo 2

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Addison Montgomery

As ruas de Los Angeles estavam tranquilas, as luzes dos prédios batiam sobre o parabrisa carro. Não se via muitas pessoas pelas calçadas, desliguei o rádio e deixei que o silêncio da noite invadisse o ambiente. Tentei manter minha mente vazia e apreciar o trajeto. Abri todas as janelas do veículo para o vento me fazer companhia, deixando meus cabelos bagunçados.

Esse sempre foi meu momento favorito nos dias de rotina, pois nunca exigiu nada de mim, é o único momento em que não me sinto sendo sugada. Sem telefonemas, sem e-mails, sem contratos, só eu e o vento.

Sinto-o passando pelas minhas mãos segurando o volante, subindo pelos meus braços até a nuca, para então bagunçar meus cabelos e levar com ele todo o turbilhão de pensamentos que tive durante o dia. E assim fui, por todo o trajeto até minha casa.

Quando finalmente cheguei ao meu condomínio, abri o portão eletrônico com o controle e dirigi até a entrada da minha casa. Ao passar da porta de entrada, desbloqueada pela minha digital, fui primeiro para o escritório no andar de baixo deixar meu computador e minhas pastas antes de subir para o meu quarto, a fim de tomar um banho relaxante.

Ao entrar no cômodo, me sentei na beirada da cama para retirar os meus saltos, respirei fundo antes de me levantar e levá-los até o closet. Aproveitei para separar apenas uma camisola preta para vestir e fui para o banheiro. Quando olhei meu reflexo no espelho da pia, não consegui deixar de me incomodar com o cansaço explícito em meu rosto.

As pessoas idealizam a vida do dono de uma grande empresa como um mar de rosas. Sempre viajando, comprando roupas, jatinhos e ilhas particulares, sem se preocupar com trabalho. Mas no mundo real é totalmente o contrário, quase não tenho tido tempo para aproveitar os meus benefícios como dona da Montgomery' s, minha vida tem se resumido apenas a trabalho, não consigo nem lembrar quando tive um dia de descanso, muito menos a minha última viagem de lazer.

Como dona, sinto sempre a necessidade de estar com tudo sob o meu controle, isso inclui, principalmente, as entrevistas de emprego. Eu mais do que ninguém preciso garantir que o ambiente de trabalho ao qual administro está sempre em harmonia e que meus colaboradores sejam do mesmo nível da minha empresa.

Mas passar o dia inteiro entrevistando pessoas, sendo sua maioria um bando de incompetentes que deviam ter o mínimo de noção para saber que são insuficientes para a Montgomery 's, foi realmente estressante. Tirando poucas exceções que me impressionaram, o dia de hoje foi uma completa perda de tempo.

Sentindo minha cabeça começar a doer com todo o estresse, afastei esses pensamentos e tirei toda a minha roupa. Abri o chuveiro e, sem esperar que a água esquente, entrei de cabeça, molhando todo o meu corpo. Conforme a temperatura foi aumentando, os meus músculos foram ficando menos tensos. Apoiei minhas mãos na parede à minha frente e fechei os olhos. Puxei os ar até meus pulmões não aguentarem mais para depois soltar com calma.

Tratei de não demorar, pois ainda havia muito o que fazer antes de dormir, então logo lavei e enxaguei todo o meu corpo e meus cabelos. Fechei o registro da água e me enrolei no roupão. Me sequei e vesti minha camisola. Optei por escovar e secar os cabelos rapidamente para não ficar com eles molhados e já adiantar para amanhã de manhã.

Desci até meu escritório, não sem antes passar na cozinha para preparar um chá, já que a essa hora os empregados provavelmente estariam dormindo.

Sentei em minha mesa, coloquei meus óculos de leitura e respirei fundo novamente antes de começar. Iniciei pelos orçamentos do mês, minha secretária pessoal havia deixado tudo pronto, faltava apenas a minha revisão final. Li todas as planilhas e planejamentos com muita atenção, não poderia passar um errinho sequer. A indústria cinematográfica requer muito investimento em todas as áreas, cenários, figurinos, equipamentos, locações, atores, absolutamente tudo é caro, por isso que não é qualquer um que consegue chegar onde eu estou hoje, pois antes do dinheiro entrar é preciso que muito dinheiro saia.

Por trás das câmerasOnde histórias criam vida. Descubra agora