CAPÍTULO 2

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Campo Grande, capital do estado do Mato Grosso do Sul, terra onde Soraya nasceu, cresceu e se formou. Lugar onde ela pode chamar de lar. Por esse motivo, e também por saber que não cabia mais em São Paulo, decidiu voltar para o seu lar junto de sua família.

Passou os últimos dois meses em função de sua mudança. Não tinha imóveis para vender, pois logo depois de sua separação, alugou um loft em um bairro de São Paulo para viver sem coragem e ânimo para montar tudo novamente. O desgaste emocional depois de uma separação é algo que te corrói aos poucos e, quanto mais o tempo passa, mais você percebe as marcas que ficaram.

Comprou um apartamento em Campo Grande no bairro ao lado de onde moravam seus pais, Miguel e Helena, para que pudesse estar sempre nos almoços de família aos domingos, tradição recém adotada por eles e pelo casal vizinho dos Thronicke, Olga e Nelson.

A relação de amizade se desenvolveu quando Nelson, recém mudado para a casa ao lado, pediu uma ajuda para vizinho com o contato da administradora daquele condomínio de casas, e então estava feito, fora o início de uma amizade que agora já entrava no seu terceiro ano. Dois casais de pessoas já consideradas idosas, embora a energia fosse maior do que a dos filhos, e uma vontade de viver todos os anos não vividos enquanto trabalhavam. Viagens, almoços, jantares, churrasco…. Praticamente uma família só.

E era também por isso que Soraya estava amando sua nova vida nessa cidade. A tradição dominical de almoço em família estava sendo cumprida, Soraya ajudava Olga a montar a mesa enquanto sua mãe vinha atrás das duas com uma das panelas.

“Marcelo foi onde?” Soraya perguntou enquanto ajeitava os talheres de uma forma que ficassem perfeitamente alinhados, como Olga adorava. Marcelo era o caçula do casal vizinho, também advogado. A sintonia de ambos foi imediata assim que se conheceram. O rapaz era alegre, espontâneo, dono de um coração gigante que não admitia que qualquer pessoa cometesse a calúnia de falar que os Thronickes não eram da mesma família. A amizade de ambos começou a se desenvolver quando ele brincou dizendo que Soraya parecia uma senhora de tão chata e fechada que estava. Mexeu com a pessoa errada e não foi preciso muito para que ela gostasse dele.

“Comprar sorvete de pistache porque disse que a sua mãe gosta.” Miguel, pai de Soraya, foi quem respondeu do outro lado da área enquanto mexia na churrasqueira.

“E seu pai está com ciúmes porque ele não vai comprar o de morango.” Fora a vez de Nelson responder passando pela loira lançando uma piscadela cúmplice. A energia era aquela, mesmo que Nelson e Olga sentissem falta de uma pessoa em específico ali junto deles. O lar não estava completo. Ainda.

“Eu escutei e comprei sim o de morango e o de pistache.” Marcelo chegou falando alto, da forma que só ele conseguia ser, acompanhado de Mônica, sua noiva.

“So, e eu comprei o de flocos pra você. Ele vai falar que foi ideia dele, mas foi minha.” Mônica se apressou para ir ao encontro de Soraya aproveitando para falar enquanto a abraçava.

A preguiça pós almoço chegou por volta das 15h, quando todos se encontravam na sala de jantar tomando um café, recém passado por Soraya. Esta que agora estava na poltrona perto da sala de TV e mexia em seu celular trocando mensagens com Iva, sua ex professora de MBA.

De: Iva
Para: Soraya
15h14min

Não acredito que você e Simone não trocaram qualquer forma de contato. Duas teimosas. Eu posso ter passado seu telefone pra ela.

De: Soraya
Para: Iva

15h15min

INTRINCADOOnde histórias criam vida. Descubra agora