Titanomaquia - A guerra entre Deuses e Titãs

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Depois que Métis ajudou Zeus a libertar os irmãos das entranhas de Cronos, o novo deus tinha um objetivo de que ninguém iria dissuadi-lo. 

- Derrotarei os titãs e consolidarei a ordem no universo.

A guerra estava declarada, mas os titãs não se renderiam facilmente. Cronos era respeitado por ter libertado os irmãos da tirania de Urano, mas agora os titãs já não tinham tanta confiança nele. Afinal, foi por suas ações que os deuses se revoltaram contra os titãs, e mesmo depois de criar uma situação tão terrível, fora enganado facilmente por duas vezes.

Os titãs escolheram Atlas como seu líder na batalha que se seguiria, um ser poderoso e de força bruta. 

A maior luta de todos os tempos começou, e a terra tremeu com tamanhas demonstrações de poder das divinas criaturas, que se acertavam com gigantescas rochas e com socos poderosos. Logo foi necessário que tivessem um lugar para reagrupar. Os deuses refugiaram-se no Monte Olimpo, a maior montanha da Grécia; enquanto os titãs ficaram com o Monte Ótris, a segunda maior. Ambas ficam na região da Tessália.

Mas alguns titãs viram a loucura daquela batalha e a destruição que ela estava causando. Tendo noção de que aquela disputa era terrível, Têmis, Prometeus, Tétis, Céos, Oceano e Mnemosine decidiram não participar da batalha, mantendo-se neutros diante da adversidade.

A batalha durou dez longos anos. E perceba que longos anos não se referem aos nossos anos mortais, mas podem durar centenas ou milhares. A força dos deuses e titãs estavam igualadas, sem um vislumbre de quem sairia vencedor.

Mas então Zeus soube de uma incrível força que poderia mudar aquela guerra. Zeus desceu ao Tártaro, buscando libertar os ciclopes e os hecatônquiros. Mas antes que pudesse chegar às grandes criaturas, deparou-se com o monstro que os guardava. Lá estava Campe, uma monstruosidade com tronco feminino, mil víboras saindo de suas pernas, com uma calda venenosa de escorpião e grandes asas negras.

A luta contra Campe não foi fácil. Zeus teve de lutar contra sua cauda de escorpião, que tentava perfurá-lo, e fugir dos jatos de peçonha que as cabeças das víboras lançavam contra ele, mas no fim o poderoso deus conseguiu matar a horrenda criatura.

Finalmente Zeus chegou à prisão dos ciclopes e hecatônquiros e os libertou. Após eras os gigantes viram novamente a luz do sol, e ficaram tão agradecidos que presentearam Zeus com a sua incrível arma. O raio, a arma mais poderosa da mitologia grega. À Hades deram o capacete da invisibilidade e a Poseidon foi dado de presente o tridente, que destrói rochas e faz a terra tremer. E por sua ira contra Cronos, que os aprisionou por tanto tempo, eles se juntaram à luta ao lado dos deuses.

Com o capacete da invisibilidade, Hades se esgueirou até o Monte Ótris e roubou as armas dos Titãs. Agora a balança pendia para o lado dos deuses. Zeus atacava os inimigos com seu raio, e Poseidon causava grandes abalos sísmicos. Enquanto os ciclopes e hecatônquiros arrancavam montanhas do chão e lançavam sobre os titãs.

A terra rachava e tremia. As florestas queimavam e o oceano fervia. O mundo foi tão abalado pelo confronto de gigantes que o céu voltou a cair sobre a Terra. A ordem estava se perdendo, e o mundo aos poucos retornava ao Caos, a completara desordem.

O poeta Hesíodo assim descreve a titânica luta entre as divindades: "Parecia, ouvindo e vendo tão grande barulho e luz, que a terra e o céu se confundiam, pois era enorme o tumulto da terra esmagada e do céu a se precipitar sobre ela, tal o barulho da luta dos deuses. Ao mesmo tempo, os ventos, sacudindo-se, erguiam o pó, o trovão, o relâmpago, e o raio ardente, armas do grande Zeus, e levavam o brado e os clamores ao seio dos combatentes; e no incessante fragor da espantosa luta, todos mostravam a força dos seus braços."

A derrota dos titãs era estava próxima, agora tendo de lutar sem suas armas contra deuses mais poderosos, ciclopes e hecatônquiros.

Tamanha era a dor de Gaia com a batalha, a volta de Urano sobre si e a iminente desgraça de seus filhos, que se uniu ao Tártaro para gerar a maior monstruosidade de todos. De Gaia nasceu Tifão, um terrível dragão, tão grande que seu comprimento ia do oriente ao ocidente, e suas asas abertas lançavam sombras sobre a grécia.

Com o aparecimento de tão monstruosa criatura, os deuses fugiram assustados. No alto do Olimpo restou apenas Zeus contra o monstro que poderia terminar de levar o mundo de volta ao Caos.

A luta foi bruta, e Zeus teve medo, vendo-se sozinho, sentindo-se incapaz de derrotar a criatura, e isso deu vantagem ao dragão. Tifão arrancou os músculos dos braços e pernas de Zeus e depois roubou-lhe o raio. O senhor dos deuses teve de fugir para longe, juntando-se ao restante dos deuses, que agora se sentiam abatidos. Mas Zeus está irado por ter sido derrotado, então vai a Cadmo e lhe propõe uma estratagema. 

Essas foram as palavras de Zeus, segundo narrado pelo poeta Nonos.

- Canta, Cadmo; tornarás a dar aos céus a primitiva serenidade. Tifão arrebatou-me o raio; só me resta a édige; mas de que pode valer-me contra as poderosas chamas dos raios? Sê pastor por um dia e sirva a tua flauta para devolver o império ao eterno pastor do mundo. Os teus serviços não ficarão sem prêmio; serás o reparador da harmonia do universo

Cadmo fez como Zeus disse, disfarçado, sentou-se numa pedra e se pôs a tocar. Cadmo era tão habilidoso com a música, que mesmo a terrível criatura ficou curiosa, aproximando-se para ouvi-lo tocar. Cadmo então mostrou-se assustado pela monstruosidade de Tifão, e o encheu de elogios à sua magnitude. Foi então que Zeus desceu na forma de uma espessa neblina e reaveu seus músculos e seu raio. E extravasando toda a sua fúria e concentrando toda a sua força, lança o mais poderoso raio que nunca houve e nem mais haverá, destruindo a cabeça da criatura.

Com a morte de Tifão, os titãs não tinham mais chances de vencer. Foram derrotados e lançados ao Tártaro por toda a eternidade, e a Atlas, que liderara os titãs na longa guerra, foi dado um castigo terrível; Deveria segurar o céu para sempre, para que este nunca mais viesse a se deitar sobre a Terra.

Os irmãos Zeus, Hades e Poseidon dividiram o governo do mundo. A Hades coube governar o submundo, a Poseidon foram dados os mares, e Zeus ficou com o domínio da Terra e do Céu.

E os vitoriosos fizeram do Monte Olimpo a sua morada, reinando onipotentes sobre o mundo.

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