02 - Página Dois.

588 75 701
                                    

Tudo que Sakusa menos precisava era uma ligação. Se não sabia o que digitar, imagine o desespero dele por não saber o que falar? Deveria abrir um processo contra seu primo, aquilo era tudo culpa dele. O  moreno respirou fundo duas vezes e com uma falsa coragem, pegou o celular que aproximou da orelha. 

─ Alô...?

Aquela voz do outro lado o fez ficar ainda mais quieto. Surgiu um arrepio que o rapaz se livrou esfregando a mão no braço. Para que se arrepiar? Era só uma voz, não tinha nada demais.  

─ Alô.

 ─ Não imaginei que fosse ligar, lhe preocupei tanto assim? ─ Pobrezinho, se Kiyoomi conta...─ Na verdade...eu acho que precisava disso, não que eu não tenha com quem desabafar, mas meu irmão já deve estar cansado de me ouvir sempre.

Sakusa já estava prontinho para dizer que ligou sem querer, mas o surgimento de um pingo de empatia o fez corroer por dentro. Como iria desligar se aquela pobre alma acabava de dizer que precisava desabafar? Não era da sua conta, mas sentia pena. Aquela pena irritante que era contra sua vontade. Afastou o celular da orelha, indo até o computador para conectar a ligação e colocar os fones acoplados, desprendendo o longo fio de dois metros para poder se livrar do seu nervosismo da forma que mais ajudava: Andando para os lados daquele quarto. O fone tinha microfone, logo, Tsum iria o ouvir.

─   Pode falar se quiser, imagino que não deve estar bem. Falar alivia. ─ Isso é o que, sem dúvidas, um de seus personagens diria. 

─ Terminamos ontem, eu já imaginava que iriamos acabar assim, só que não estava pronto. Digo, até tinha sofrido por antecedência, mas na hora foi bem pior. Shinsuke foi um doce, não brigamos ou estamos mal um com o outro, ele é a pessoa mais compreensiva que conheci.  Até nesse momento cuidou de mim.

─ Se ele é tão bom, então você quem errou para terem terminado? 

 ─  Não, pelo menos não que ele tenha falado e ele é bem sincero. Ele vai sair da cidade, morar fora do pais e ele sabe tanto quanto eu que, eu não poderia ter uma relação a distância. Fora que ele também estava diferente, nossa relação esfriou. Não fui bom o suficiente para manter uma relação.

─  Que ridículo. 

O rapaz ficou em silêncio e o cacheado notou que falou de uma forma muito...tosca. 

─ Seu pensamento é ridículo. 

 ─ Eu...deveria estar agradecendo agora?

─ Não existe não ser bom o suficiente. Relações são relações, todas uma hora pode esfriar, é comum. Mas não depende apenas de você, as estações são quentes, mas também podem ser frias e não é por isso que vamos viver no inverno para sempre, nos agasalhamos até que passe. Se culpar por algo tão natural e que poderia ser mudado, não faz sentido. Nenhuma relação é  composta de borboletas no estômago o tempo todo.

Se sentia falando com uma criança, mas bem que imaginava que esse mundo de amor, tornava as pessoas cegas. Um alguém de fora sempre vai entender melhor algumas coisas que quem está de luto, não vai entender nem tão cedo. Nem precisava namorar para saber disso, céus.

 ─ Se tinha como mudar e terminamos, então eu errei de qualquer modo, não?

─ Percas nem sempre são por erros, as vezes só não era para continuar. Pessoas vem e pessoas vão, não precisa ter um motivo para isso, mas são ciclos. Não é como se ele estivesse morto, ainda vão se falar, ainda podem acabar se encontrando um dia e tomando um café enquanto colocam o papo em dia. 

  Ele parou de andar para se sentar na cama, o outro não falou mais nada. Kiyoomi olhou a tela do computador para verificar se a ligação ainda estava ligada e estava.

Meu Querido Leitor - Sakuatsu Short ficOnde histórias criam vida. Descubra agora