I Capitulo

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Corria o ano do Senhor de 1922, quando no vigésimo sétimo dia do terceiro mês, dia de Santo Agostinho
de Cantuária, nascia um menino chamado de João Alberto da Silva Pais e Campos Alves, na região portuguesa das Beiras, numa pequena aldeia chamada Benfeita. Os seus pais Manuel Henriques dos Campos Alves e sua mãe Maria do Carmo da Silva Pais a quem por natureza herdou os nomes, à exceção de Alberto. O seu segundo nome foi lhe dado em honra de seu tio e padrinho de batismo, Carlos Alberto dos Campos Alves. Que se consagrou na vida religiosa pela Ordem dos Carmelitas Descalços. Eram tempos frágeis e frios para a Igreja Católica durante a I República Portuguesa onde se assinou a Separação da Igreja e do Estado, e o sucesso do
anti-clericalismo havia complicado também a vida de Carlos Alberto com o nome religioso Carlos Alberto da Santa Cruz.
O menino João Alberto foi batizado na Paróquia de Santa Cecília, dois meses depois do seu nascimento pelo próprio Pároco Fernando Dias Garcia. A família Campos Alves vivia numa modesta casa em Benfeita, ao todo viviam cinco pessoas naquela casa, o Senhor Manuel Henriques, a Senhora Maria do Carmo, os meninos Jorge, Clara Afonso e João Alberto. A família não usufruía de grandes riquezas o dinheiro que se recebia, dava para o comer e para outras muito poucas coisas, as vezes apenas para o dia a dia. O pai de família, Manuel, vivia da sua oficina de carpintaria e dos serviços que prestava eventualmente em atividades de agricultura nos terrenos dos vizinhos ou dos Senhores da região. Já a mãe, vivia da lida da casa, e por vezes fazia peças de tapeçaria e remendos de costura, para quem os pedisse, e que desse modo pudesse retirar algum proveito a partir da venda dos produtos. A casinha desta humilde família era uma casa acolhedora, no exterior era revestida com a cal branquinha e o telhado era revestido com lajes de bonitas pedra naturais da região. Na fachada onde estava a porta, um singelo azulejo típico com uma bela frase escancarada, "Deus abençoe esta casa de família". Tinha sido posto assim que o senhor Manuel conseguiu arranjar está casa, e o antigo pároco a tinha benzido. Mais em cima dois vasos pequenos juntos postos ás janelas do 1.º Andar. Neles duas flores de igual espécie, de uma cor roxeada assim como violeta, mas muito bonitas! Esta casa muito pertinho da Igreja onde iam à missa ao Domingo.
Desde muito cedo o menino Jorge, o mais velho dos irmãos, começaria a trabalhar, já aos oito anos já ajudava a sua mãe em algumas tarefas, como apanhar a fruta madura, apanhar as pinhas para a lareira, como muitas outras tarefas. Mais tarde quando fez os seus quatorze anos, tornou-se aprendiz na oficina de carpintaria do seu pai. Jorge daquilo que aprendeu na escola, apenas tinha aprendido a escrever o seu nome, e a ler mas ainda com alguma dificuldade. Clara única filha, ajudava a sua mãe na lida da casa, fazia costura muito básica, tratava dos recados pendentes que sua mãe ordenava e tratava apenas das flores. Era apaixonada por jardinagem, especialmente de flores. Está com 12 anos de idade, o Jorge com 14, e todos no ano de 1922. Ao anoitecer, quando todos já tinham jantado, lavado os pés e a cara, e já estavam com o pijama vestidos para ir dormir, e tinham até já feito a oração da noite, Maria do Carmo, que até já estava a sentir o bebé mais irrequieto, entra pois em trabalho de parto, o bebé estava pronto para sair. Assim no dia 27 de Maio de 1922, aproximadamente à 00:45, João estava já nos braços da sua mãe. Tal como aos seus irmão, o bebé João tinha nascido em casa com a ajuda de uma parteira que vivia na aldeia. Com o nascimento do irmão, Clara com 12 anos via-se agora com mais uma tarefa. Para além de ajudar da lida da casa, que já o teria começado durante a gravidez. Clara tem o grande fardo de cuidar do seu amado irmão mais novo o menino João.

O Romance de um PadreOnde histórias criam vida. Descubra agora