Devolta da Argentina

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●Sábado, 08:02●

[Maeve On:]

- Como ele está?

- Ele está se recuperando, Senhorita. Não foi nada muito grave. - a Dra. Lewis me responde.

Olho para Felipe e, como sempre, me sinto culpada.
Ele foi atropelado porque me salvou. Ele me empurrou para a calçada e acabou sendo atropelado pelo carro em vez de mim.

Eu estava sentada em uma poltrona ao seu lado.

- Ele vai acordar? - Aurey, que está sentada do outro lado da cama, pergunta.

- Ele só está descansando, Senhora. - A doutora Lewis diz, nos deixando menos preocupadas. - Acredito que o carro tentou reduzir a velocidade ao máximo.

A mãe de Felipe suspira profundamente, provavelmente sentindo um pouco de alívio. E eu também.

- O pai dele vem? O melhor para o paciente quando acordar é estar na presença de quem ama.

- Sim, ele vem. Meu esposo só ficou preso no trânsito. - Aurey responde.

- Ótimo. - a Dra. Lewis checa os monitores ao lado de Felipe e diz: - Vou deixá-las a sós.

E a doutora me deixa sozinha com a mãe de Felipe.

- Eu... eu sinto muito, tia Aurey...

- Não foi culpa sua, querida. - ela diz, limpando em baixo dos olhos.

Ela chorou.
Assim como eu.

- Ele me salvou. Eu estava no meio da rua e ele me empurrou para a calçada. E acabou sendo...

Aurey estende a mão por cima de Felipe para que eu a segure.

- Ele vai ficar bem. - ela diz, e eu suspiro, tentando ficar calma. - Você ouviu a Doutora. Não foi grave, Maeve.

Uma lágrima minha cai.

- Eu fiquei apavorada, tia. Quando eu vi ele no...

Ela aperta minha mão para me acalmar.

- Eu fiquei com muito medo. - termino.

- Quando ele acordar, você precisa estar bem. Ele vai se sentir triste se ver você chorando. - ela diz, e eu soluço. - Você sabe como meu filho é.

Começo a pensar na nossa tarde juntos ontem. Em como nós estávamos se divertindo.
Penso também no momento em que ele disse que tudo era verdade. Ele é apaixonado por mim.

E eu preciso dele comigo.

- Querida, vou esperar Diogo lá na entrada, tudo bem? Acho que você precisa de um momento a sós com Felipe. - Aurey diz e se levanta.

- Tudo bem. - digo, e admiro Felipe descansando.

Ela sai do quarto e um silêncio torturante recai pelo cômodo.
Fecho os olhos, tentando não chorar.

- Lipe? Você me ouve? - pergunto.

Nada.

- Eu... eu adorei ontem. Foi muito bom passar um tempo com você. - digo, sem esperar resposta.

O dia continua chuvoso e sinto um pouco de frio.

- Quando você me disse que era tudo verdade, eu... - olho para minhas mãos, decidindo se continuo ou não. - Eu senti algo que nunca senti por ninguém. Você é meu melhor amigo e sempre será. Mas... - uma lágrima cai no meu rosto e percebo que se eu for falar, não irei conseguir conter as lágrimas.

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