Branca de Neve e o fugitivo

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- "Eu roubo e mato para mantê-lo comigo
Eu farei qualquer coisa por aquele garoto
Eu daria meu último centavo para abraçá-lo hoje à noite
Eu farei qualquer coisa por aquele garoto"

ーׁ̫🔪ׅ★

- Vamos comigo na praça, hyung? Eu preciso fazer o trabalho da faculdade.

- Tem que ser na praça?

- Sim, preciso de inspiração e não quero ficar lá sozinho como um idiota com um cavalete e um godê¹ na calçada.

- Mas eu prometi que ia jogar com os garotos...

- Por favorzinho! - Hyunjin fazia a cara mais fofa que conseguia, mas Chan não parecia convencido.

Enquanto Hyunjin tentava ser convincente, o celular de Chan o interrompe com uma ligação de seus amigos.

- Hyung te recompensa depois! - O mais velho gritou com risos enquanto corria para quarto.

Hyunjin lançou algumas almofadas nele, mas logo depois foi tomado por uma expressão insatisfeita e um bico nos lábios, enquanto pegava os materiais para fazer o trabalho.


Depois de tudo pronto, ele pegou alguns lanches e água, e caminhou até a praça em frente à faculdade.

ーׁ̫🔪ׅ★

Hyunjin tem piebaldismo, também conhecido como albinismo parcial. Esse é o motivo de ter nascido com algumas mechas brancas no cabelo e algumas manchas pequeninas pelo corpo, além de ter heterocromia ocular, então ele frequentemente usava lentes de contato castanhas.

Somente Chan, seu melhor amigo, sabia da condição e do uso das lentes. Apesar disso, as mechas e as manchas, por mais peculiares que eram, eram uma das coisas que mais o faziam lembrar da falecida mãe, que tinha um padrão semelhante.

Já os cabelos, Hyunjin gostava de manter eles médios. Isso não era algo que ele achasse bonito ou atraente em si, mas uma lembrança. Lembrava de sua mãe, que, até onde ele se recordava, tinha cabelos até os ombros e eram iguaizinhos aos seus atualmente.

No entanto, ainda haviam dias em que Hyunjin acordava inseguro, então toucas e buckets o ajudavam a se sentir melhor. Apesar disso, ele se sentia confortável, desde que as pessoas ao seu redor acreditassem que seu cabelo era tingido propositalmente daquela forma.

Com as manchas, Hyunjin tinha a sensação de se sentir menos "normal" do que todos. Era como se fosse um defeito, um erro, algo que o fazia sentir-se seguro apenas quando tentava ocultá-las, usando toda a maquiagem e recursos possíveis. Às vezes, o sentimento era de ansiedade, outras vezes, era de tristeza.

As manchas nunca deixaram de ser apenas um problema, mas agora, Hyunjin poderia mudar a visão que tinha de si mesmo, sendo o melhor que ele poderia ser.

Bem, era no que ele meditava ultimamente.

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Hyunjin procurava um lugar confortável e que desse inspiração.

Até que seus olhos caíram sobre uma pequena borboleta. Ela voava e pousava na corola de uma bela flor azul, que Hyunjin desconhecia o nome, em busca do néctar. Pensou em tirar uma fotografia, para perguntar a nome da flor ao seu amigo, que devia saber.

Hyunjin então começou a pintá-la, e esqueceu tudo a sua volta em instantes.

O garoto em um segundo estava completamente imerso e absorto no que fazia, e no outro estava com o pincel sujo de tinta mergulhado no rosto de um homem. Este que o encarava profundamente, com olhos escuros e exaustos.

Hyunjin estava apenas atônito.

O homem então, depois de ouvir um barulho alto seguido de muitos gritos e tumulto, se lembrou que estava no meio de uma fuga e que precisava proteger sua própria vida e agora a vida do menino bonito que acabou de derrubar. O ruído era ensurdecedor, o grito das pessoas desesperadas era uma cacofonia. O homem então apenas agarrou Hyunjin pelo pulso e saiu em busca de um esconderijo.

Lee Minho é o nome do homem que está agora preso com Hyunjin em algum lugar escuro que achou em meio ao caos.

...

O que restava da fuga era apenas escuridão. Nenhum deles sabia como era o rosto do outro, mas o toque garantia que não estavam sozinhos.

O coração acelerava e o calor emanava do peito de Hyunjin. A voz tranquilizadora e gentil de Minho caminhava ao seu ouvido, ainda que o coração se assustasse e sua mente fosse um labirinto de temores e incertezas.

As mãos do rapaz tremiam com força, seus olhos procurando aquele que agora o segurava.

Minho conseguia sentir o calor do pequeno calafrio do garoto, ainda agarrado a ele. O pequeno tremelique nas mãos dele deixava claro que ele estava aterrorizado.

Os dois se encontravam agora, sós, escondidos num canto pequeno, com medo do que estaria por vir.

Desencantado, ele pousou a mão no ombro do garoto, pressionando-o com firmeza.

Sua voz, um tom curto, sentenciou. - Vamos ficar aqui por um tempo.

- Você está bem? - sussurrou, olhando para onde achava que estaria seu rosto.

Ouviu-o murmurando em concordância, mas ainda sentia seu pulso tremulando contra o dele.

Que dramático. - Minho pensou brevemente antes de sentir ele se afastar.

Minho P.O.V

No segundo seguinte, vejo um luz repentina surgir. Era a lanterna do celular do garoto.

- Eles podem nos achar aqui, seu idiot-

Meu tom de voz se elevou por um segundo.

- Mas eu estou com medo.

- Não se preocupe, eles estão atrás de mim, não de você.

- Estou com medo porque está escuro.

- Que tipo de-

- O que disse? - Ele pergunta confuso.

Antes de responder, percebo que os gritos se cessaram, e era possível ouvir algumas pessoas que pareciam estar comentando sobre o que tinha acabado de acontecer.

Quando resolvo checar se estava seguro sair dali, sinto uma dor intensa no peito e depois disso perco a consciência.

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1: Godê : Paleta de tinta (🎨)

Snow WhiteOnde histórias criam vida. Descubra agora