I - CORRIDA

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GIULIA BIANCHI FERREIRA

    REPUTAÇÃO, algo que eu sempre prezei por manter, e lutei para construir, e aqui estava o meu primeiro passo em direção à sua ruína: uma festa, uma festa dos jogadores.

Mesmo tendo convívio diário com os atletas dentro do CT, eu odiava estar em ambientes pessoais dos mesmos, principalmente festas. Não que houvesse qualquer empecilho com algum deles, mas onde tem jogador, se encontra também as coisas mais baixas, disso para pior, e definitivamente, não era o meu ambiente. Se no campo de treinamento os boatos que corriam era ruins, o que ocorre fora, é ainda pior.

No entanto, hoje era a festa para comemorar a estreia da copa, uma pré-copa. A qual eu recusei o convite uma centena de vezes, até Melissa, quase vender a própria alma, para me convencer a ir.

Melissa era a minha irmã mais velha, era extremamente bonitara estudada, formada em medicina, e sendo nada modesta, ela pertencia a uma ótima família, a nossa. Mas ainda sim, ela insistia no jogador mas tosco da seleção e da Europa inteira, Antony. Não existia qualquer impasse entre nós dois, mas precisava ser cega para não enxergar o quão mala sem alça ele era.

Eu poderia dizer que estávamos na estrada há mais de uma hora, sem chegar em canto algum, com músicas extremamente decadentes tocando no talo, em um nível onde sequer existia conversa, já que era impossível. Do banco de traseiro só era possível assistir pequenas carícias trocadas entre Antony e minha irmã, que me embrulhavam o estômago.

Comecei a ver algumas luzes distante, e a medida em que o carro se aproximava, outro som, ainda mais alto, invadia o automóvel, com uma música de ainda mais baixo calão, se é que isso era possível. Existia uma quantidade imensa de pessoas, em específico, mulheres, mais específico ainda, mulheres loiras, e algumas pequenas dúzias de homens.

Uma festa no absoluto nada.

Quando o carro se aproximou o suficiente, pude ver uma espécie de arquibancada, bem decadente. Uma dúzia de conversíveis, de modelos distintos, e cores variadas, parados no meio da pista.

— Isso é um racha? — Gritei, para sobressair o som alto.

— Por aí — Antony deu de ombros.

Olhei pra minha irmã, a matando com o olhar. Nós duas atendíamos os jogadores no centro médico, sabíamos as regras, assinadas em contrato, que todos enfrentavam, sem drogas, evitar bebidas, nada de parque de diversões, sem bicicleta, ou qualquer bobagem que pudesse de alguma forma matar ou lesionar qualquer um deles, ainda mais em uma pré copa. E um racha, de longe, era a maior de qualquer uma das idiotices.

Antony estacionou seu carro, sendo ovacionado por quem estava em volta, e nós duas saímos logo atrás, sentido às "arquibancadas", se é possível chamar assim, já que a estrutura entrega não aguentar uma quantidade mínima de pessoas.

Existia um grande número de roupas curtas de brilho e couro por metro quadrado, o que me fez destoar de todos, de uma forma negativa, já que eu não fazia a mínima ideia de que estava vindo para um ambiente nesse nível. O delineador de bolinhas que eu usava junto de um vestido longo florido não era bem o ideal de um racha.

Olhei para Melissa ao meu lado, reparando na roupa dela a primeira vez pela noite, um mini-vestido de couro, com uma botinha, e uma maquiagem relativamente escura. Ela, com toda certeza, sabia para onde iria vir.

— Você poderia ter me avisado, pelo menos para eu me arrumar mais — Cruzei os braços.

— Você viria se eu dissesse? — Ela ergueu as sobrancelhas, já sabendo a resposta.

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⏰ Última atualização: Feb 02, 2023 ⏰

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𝐑𝐄𝐏𝐔𝐓𝐀𝐓𝐈𝐎𝐍 - gabriel martinelliOnde histórias criam vida. Descubra agora