É horário do almoço. Macau me convence a ir até o pátio para "tomarmos um ar" segundo ele, eu penso que deve haver algum motivo oculto, provavelmente interligado a sua paquera "vibes". Deixo o mais baixo me arrastar até o local que ele estava no início da manhã e nos sentamos ali. Uma brisa tranquila passa por nós e solto um sorriso ao respirar o ar puro. Talvez não tenha sido uma ideia tão ruim.
Kimhan e seus amigos estão espalhados sobre uma das mesas de granito que ocupam pontos específicos do pátio. Love e Film estão sentadas em cima do tampo conversando entre si enquanto alguns meninos do time de basquete – os mais próximos do capitão – se escoram contra a mesa e passam a bola entre si, entretidos em seu próprio assunto. Kimhan é o único sentado no banco, como um rei em seu trono, suas costas apoiadas contra as pernas de Love, vez ou outra se intrometendo no assunto das meninas. Uma cena saída diretamente de um filme adolescente americano. Seus olhos encontram os meus após rodarem toda a extensão que alcançam no que aparenta ser uma busca incessante. Volto minha atenção para Macau, meu amigo possui um de seus sanduíches pendurado na boca e segue na sua infinita reclamação familiar. Puxo o pedaço de comida e coloco de volta no pote azul que meu amigo sempre traz o almoço. Reprimo sua falta de educação ao falar de boca cheia quando ele reclama da minha atitude. Peço que Macau reinicie sua frase porque não entendi uma palavra saída de sua boca. Não porque eu estava prestando atenção na incógnita que é seu primo. Não, porque meu amigo falava amontoado de pedaços de comida.
- Não acredito que o Kit não veio hoje. Que desperdício de perfume.
- Se ele não veio hoje por que estamos sentados na sujeira nesse calor insuportável?
- Obviamente porque eu não sabia que ele tinha faltado. Chay, acompanha meu raciocínio fazendo o favor. Além disso, nem 'tá tão calor assim. – Dou de ombros e volto a prestar atenção no meu almoço anteriormente esquecido na minha frente. Macau se recosta no tronco da árvore e fecha os olhos numa meditação improvisada, mas o silêncio não dura muito tempo porque meu amigo simplesmente não consegue se manter quieto. - Já tem alguma ideia 'pra sua audição?
- Eu acabei de me inscrever, Cau. – Macau continua a me encarar como se não entendesse meu motivo. Suspiro antes de responder. – Não, nenhuma.
Um som frustrado escapa de minha garganta e o moreno estende a mão apertando solidariamente meu ombro. Sua expressão é encorajadora e sua mão livre faz um 'certinho' ao que Macau fala um "Força!" baixinho. Agradeço pelo apoio, mas passa despercebido por Macau que agora encara um ponto atrás de mim, sua expressão mudando para uma confusa. Seguindo seu olhar me deparo com Kimhan caminhando na nossa direção. Peço a Deus que se Ele realmente existe, Ele me leve agora. Não acontece. Resmungo para mim quando o garoto para e coloca uma das mãos no bolso da calça. Por conta do calor – imagino – Kimhan prendeu parte de seu cabelo em um rabo, mas alguns fios já escaparam para seu rosto, criando um contraste à sua derme. Macau faz alguma pergunta ao músico, mas não faço sentido de suas palavras, concentrado na forma que Kimhan tem seu olhar sobre mim. Determinado. Encaro de volta, deixando claro que ele não pode vir até aqui e me intimidar. O capitão sorri satisfeito. É sério? Bufo e apoio minhas mãos atrás do meu corpo, tentando manter uma postura relaxada mesmo que sinta cada nervo do meu corpo vivo, em alerta para fugir o mais rápido daqui.
- Oi, gatinho. – Kimhan se abaixa para ficarmos na mesma altura ao mesmo tempo que Macau faz um som de confusão, olhando do primo para mim e de volta. Engulo minha irritação com o apelido e permaneço em silêncio, ainda indisposto a dar ao capitão o que ele quer. – Podemos fazer isso o dia todo, você sabe 'né? – Quando ele percebe que não vou responder, uma risada desacreditada escapa por seus lábios avermelhados. – Macau, o Vegas pediu 'pra você ligar 'pra ele assim que possível. – Kimhan fala por fim, sua atenção desviando de mim para Macau. Respiro fundo e ajeito minha postura novamente, meus músculos começando a doer pela tensão.
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Mr. Brainy & the Heartbreak Prince
RomancePorchay tem 19 anos e nunca se apaixonou. Na verdade, ele sequer acredita num amor duradouro, pelo menos no espectro romântico. Ele também não tem muitos amigos, e prefere ser invisível do que chamar a atenção. Kimhan é o capitão do time de basquet...