34 - Essa é a minha realidade

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Foi como despencar de um prédio e acordar antes de bater no chão.

Ofegante.

Uma camada grossa de suor por todo meu corpo. Sinto minhas roupas grudarem em minha pele. Tento focar minha visão em algo, mas tudo parece turvo. Um toque em meus ombros e então meu corpo é jogado para frente e para trás.

O que é isso? Por que tudo parece fora do lugar?

― Luiza! – Ouço meu nome ser chamado ao longe, eu tento abrir os olhos ou me mover, mas é como tentar se soltar de uma teia de aranha. ― Luiza!

Dessa vez a voz da pessoa soa mais grave e graças ao baque em meu corpo, abro os olhos. Confusa, atordoada. Com medo do que acabou de acontecer. Minha respiração está descompassada, pisco algumas vezes quando a luz dentro do quarto incomoda meus olhos. Então a vejo, seu olhar transborda preocupação e pavor.

― Pelo amor de Deus fala comigo. – Duas mãos se apossam de meu rosto. Ainda estou confusa olhando para ela, seus olhos brilham em pavor. Sei que ela está preocupada, mas minha voz parece ter sumido. ― Luiza.

― Valentina?

― Eu estou aqui, amor. Estou aqui com você. – Só então me dou conta que tudo não passou de um perturbador pesadelo. Sinto-me quebrar aos poucos e sem pensar duas vezes me lanço sobre ela. Meu coração parece comprimido dentro do peito. Valentina me envolve em seus braços, apertando-me contra seu corpo. O aroma que ela exala serve como um tipo de calmante. Ela está aqui! Tudo é real. ― Foi só um pesadelo, Lua. Tudo está bem agora. Estou aqui com você, eu estou aqui.

Repete seguidas vezes que tudo está bem e ela está comigo. É tudo que preciso para me acalmar, mas não consigo. Foi tudo tão real, eu me vi mais jovem, eu senti tudo que aconteceu. Foi aterrorizante pensar que minha família não era real e que tudo que vivi nos últimos meses não passara de uma maldita ilusão. Não me lembro de ter ficado com tanto medo quanto estou agora.

Agarro-me em Valentina como se quisesse nos fundir. Aperto-a contra mim com tanta força, sem me importar de estar lhe machucando. Preciso senti-la, preciso saber que isso é real. Não aquele pesadelo. Porque sim, uma vida onde Valentina e Léo não existem seria um pesadelo para mim. Preciso deles, preciso dela. Preciso dessa vida que aprendi a levar e amar.

Meu corpo treme violentamente, busco o ar desesperada. Valentina continua a tentar me acalmar, sei que ela está tremendo. Talvez esteja com medo ou apenas muito preocupada. Seus dedos que acariciam meus cabelos estão gelados e trêmulos. Afasto um pouco a cabeça para olhar seu rosto. Os olhos verdes brilham de um jeito preocupado, porém ela está sorrindo. O meu sorriso favorito em todo o mundo.

O sorriso da pessoa que sou completamente apaixonada.

― Está se sentindo me...

Não a deixo terminar de falar e a beijo. Viro um pouco de lado para grudar melhor nossos lábios. Valentina parece surpresa, mas me puxa um pouco para cima e abre a boca para que eu aprofunde o beijo. Sorrio antes de morder seu lábio inferior e o sugar. Seus dedos agarram meus cabelos e é ela quem intensifica o contato entre nossas bocas.

É real, não consigo mais viver sem ela.

****

Não desgrudei de Valentina um segundo sequer. Tomamos banho juntas, com direito a muitos carinhos. Fizemos o café juntas. Quer dizer, ela fez, eu só fiquei agarrada na cintura dela com a cabeça deitada em suas costas. Levamos nosso filho para a escola, ele adorou isso por sinal. Não parou de falar aos colegas de classe dele que as mães dele tinham o levado para a escola.

Stupid Wife - Remake versão VALUOnde histórias criam vida. Descubra agora