7 - Ela é o meu problema

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O dia passou e aquele sonho, ou seja lá o que foi não saiu da minha mente de forma alguma. Valentina voltou a ignorar minha existência depois que o jogo terminou e, Léo estava exausto demais para me dar atenção, tanto que ele apagou no sofá pouco tempo depois e Valentina teve que o carregar no colo até seu quarto.

Eu estou sentada na sala, minha mente ainda está uma confusão. É estranho não se reconhecer, supostamente eu me tornei uma pessoa completamente diferente do que eu era antes, supostamente eu sou perdidamente apaixonada pela pessoa que eu nunca desejei nem a amizade, supostamente nós somos felizes. Ou éramos.

Por que isso tinha que acontecer? Não queria estar passando por nada disso, nem ela merece sofrer. E não é pena, é só compaixão? Acho que sim. Os olhares tristes de Valentina mexem comigo de forma que nunca mexeu antes. Eu não entendo só... Sinto, me sinto estranha quando ela me olha como se estivesse pedindo ajuda, ou não sei. É complicado tentar entender ela, nem ao menos conversamos. Eu sei que tenho que falar com ela, ninguém quer me contar nada, dizem que eu tenho que perguntar diretamente a minha esposa.

Esposa.

Isso é tão assustador.

Ouço passos na escada e discretamente olho por cima do ombro, é ela, está coçando um olho e bocejando. Como eu tinha dito antes, Valentina parece estar cansada o tempo inteiro, eu queria entender o motivo. Ela termina de descer as escadas e apoia as mãos em sua lombar, logo curvando as costas e estalando seus ossos. Balança a cabeça, uma careta engraçada em seu rosto, seus cabelos desprendem do coque mal feito e caem em cascatas sobre seus ombros.

Por que estou olhando tanto para ela?

Quando ela olha em minha direção eu arregalo os olhos e viro para a frente, ouço ela suspirar alto, exaustão. O som de seus pés descalços colidindo com o piso ecoa pela sala de estar, a casa está silenciosa demais, é possível até mesmo ouvir os irrigadores no lado de fora. Silêncio me incomoda.

— Não está com sono?

Ela surge ao meu lado e eu quase salto com sua voz, meu coração ainda acelerado parece bater mais rápido em meu peito. Tento dizer algo mas, minha voz parece presa na garganta. Ainda estou assustada por ela ter me pego encarando-a.

— E-eu... Sim. — suspiro, apertando meus dedos no forro cor de creme que cobre o sofá. — Já vou subir.

— Não precisa subir só porque eu estou aqui, se você quiser pode assistir televisão. — ela está séria, mas sua voz sai num tom calmo, controlado, eu diria que é até simpático. — Amanhã sua irmã volta de viagem. — olho para ela curiosa, nossos olhos se cruzam e ela capta meu olhar questionador. — Carol.

Levanto as sobrancelhas e aceno com a cabeça, finalmente verei minha pequena irmã.

Isso é uma péssima piada, Luiza.

Mentira não é não, é bem engraçada na verdade.

— Onde ela estava?

— Grécia.

Meus olhos se abrem surpresos. O que raios aquela anã fazia na Grécia?

— O que ela foi fazer lá?

Valentina está usando uma calça escura de moletom, antes de se sentar ao meu lado, ela puxa o tecido um pouco para cima, depois se joga no sofá.

— Lua de mel.

Responde simples e sorri de lado. Um meio sorriso. Mas estou confusa, Carol já não é casada?

— Eu achei que ela já fosse casada.

Stupid Wife - Remake versão VALUOnde histórias criam vida. Descubra agora