CAPÍTULO VI

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Demorou alguns dias até Neteyam ter permissão para sair, Tonowari designou Ao'nung para acompanha-lo e quando ele não podia por estar ocupado com alguma responsabilidade Lo'ak e Tsireya faziam isso em seu lugar.

Esse seria o primeiro dia que ele iria sair desde que recebeu permissão, acordou cedo, não tão cedo quanto seus pais é claro, mas Lo'ak ainda dormia como um ser em coma enquanto Kiri e Tuk já haviam saído. Ele se aprontou rápido pegou o arco e ao passar pela porta encontrou sua mãe.

– Eu vejo você mãe.

– Eu vejo você meu filho.

Ele ia pescar com os outros mergulhadores, pelo menos era o que ele pensava, Neytiri deu a ele um sorriso terno e ele retribuiu saindo em seguida. Um tempo depois Neteyam caminhava em direção as docas observando a movimentação na vila quando ouviu a voz de Ao'nung.

– Ei.

Neteyam olhou para trás.

– Vai pra onde?

– Vou pescar com os outros mergulhadores. – Neteyam respondeu indicando as docas com a mão.

– Não mesmo, até parece que eu vou deixar você ir além dos recifes, enlouqueceu foi?

– Mas todos os mergulhadores vão sair para pescar hoje.

– Você não é todos os mergulhadores e diferente de você eles não morreram.

Neteyam o olhou indignado.

– Você não acha que é muito cedo pra levar um soco na cara não? – Ele perguntou de forma sarcástica serrando os punhos ao se aproximar de Ao'nung.

– Você não tem permissão pra sair da baia, até segunda ordem você fica aqui garoto da floresta. – Ao'nung respondeu em um tom debochado passando por ele em direção à praia – Mas, não é porque você não vai pescar que você vai ficar sem fazer nada. – Ele deu um sorriso de canto com o ar sarcástico de sempre.

Neteyam expirou fundo pela boca revirando os olhos e seguiu o Metkayna até a praia.

Eles foram colher conchas, normalmente Ronal faria isso com as meninas, mas Neteyam precisava se readaptar a água e esse era um bom exercício, no entanto o primeiro contato com a água não foi muito agradável, assim que submergiu e a água tocou o lugar onde a bala o havia atravessado sentiu como se sua carne estivesse sendo dilacerada uma segunda vez e emergiu rapidamente.

– Ain... – Ele tinha uma expressão de dor e tentava respirar fundo enquanto tinha a mão sobre o peito.

– Tá tudo bem? – Ao'nung se aproximou rapidamente com um olhar assustado.

– Tô sim, não foi nada. – Ele respondeu enquanto tentava normalizar a respiração.

– Ei!

Ambos olharam para praia e viram Lo'ak se aproximando em seu ilu.

– Porque você não me chamou? – Lo'ak perguntou ao irmão.

– Achei que você ia querer dormir mais e também pensei que eu ia sair com os outros mergulhadores.

– E porque não foi?

– Esqueceu que ele não tem permissão para sair do recife gênio?

Lo'ak revirou os olhos ao ouvir a voz de Ao'nung

– Que pena mano. – Na verdade ele não sentia tanta pena assim, ele ainda não tinha aceitado o fato de Neteyam ser um mergulhador e ele um aprendiz sendo que os dois chegaram há vila ao mesmo tempo. – O que vocês estão fazendo?

DEPOIS DA TEMPESTADEOnde histórias criam vida. Descubra agora