Toco meu rosto e sinto os meus traços;
E, como um lápis, contorno os meus lábios;
Me prendo a um lugar específico guardado no tempo;
E, quando mergulho em pensamentos profundos, me recolho ao vento.Esperei ansioso pelo dia em que eu pudesse me iludir de novo;
Me mostrei que ser ridículo vai muito além de viver lamurioso;
Percorri grandes distâncias e com uma única intenção;
Quando no ponto final, entreguei meu coração.Afinal, a custa de que se vive?
E se vive, gostaria de saber o porquê.
Apenas vive quem foi dado a vida;
E se a vida foi-me dada, seria necessária tamanha gratidão?
Pelo acaso determinístico, teria eu o destino em minhas mãos?Indiferente! Assim eu me sinto!
Quando não estou de pé, estou deitado;
Quando não estou aprendendo, eu aprendo ainda mais;
E como se não bastasse o meu cansaço sorteado em um dado viciado;
Me torturo tentando ser, mais um dia, audaz.E ouço elogios dos quatro cantos;
E sinto que sou farsante, que sou ardiloso;
E me escondo por trás de um penoso pranto;
E sempre temo parecer medroso.Muitas vezes me domina a destreza;
Caminho observando dos meus pés aos céus;
Me concentro na melodia da música e na voz da beleza;
Mas se de qualquer maneira serei julgado, optarei por ser eternamente réu.E, ao passo em que me esqueço da cor dos lábios de quem amei profundamente;
Do que deixa a vida leve e vívida;
Das brincadeiras, das falas indecentes;
Do cheiro que me desperta nostalgia e que lança, sem consentimento, uma única gota, contida, através do meu rosto;
E do timbre de uma voz doce, de um sorriso indecifrável, de uma alma com gosto;
Perco um pouco mais dos meus sentidos.Porém, novamente, tanto faz;
Me engano dizendo que já vivi o bastante;
Mas sou tão imaturo, tão inocente, que desejo todos os dias provar daquela inocência tão distante.
Quero incansavelmente viver minha vida do início;
Com as mesmas vergonhas, mesmos pecados, mesmos prazeres, mesmas pessoas e os mesmos vícios.Portanto, o fim é trágico somente para os expressivos;
Eu, que não sou poeta, falo como uma parede;
Em tentativas frustrantes, perco dignidade, família, amor e gestos acessivos;
E me entrego totalmente a essa pena que me rege.
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Acaso Determinístico
PoetryUma poesia que me fez por um momento estar certo de algo.