Capitulo 2

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POV Guinevere

Numa noite, em que a lua estava cheia, enquanto nadava, reparei num homem com trajes de cavaleiro do rei que, sentado na margem, olhava o céu.

Escondi-me na vegetação e fiquei a observa-lo, vi-o despir-se com calma, espreguiçar-se. Era um homem bonito, bem proporcionado, com os seus movimentos, elásticos, felinos...

Então, ele começou a correr e atirou-se para o lago, de cabeça, de uma só vez. Ouvi o grito abafado com voz rouca, que foi libertado quando veio à superfície da água e diverti-me ve-lo brincar com a água, com espalhafato. Com a mesma rapidez que entrara, voltou a margem, saltou, sacudiu-se, correu em círculos. Naquele momento o comportamento felino desaparecera e o seu comportamento fazia lembrar mais um cachorro jovem acabado de sair do banho.

Depois, voltou a vestir-se e partiu a correr.

Fiquei a ve-lo muito tempo depois de ele ter partido. De cada vez que fechava os olhos lá estava ele a provocar uma tempestade naquele lago calmo, lá estava ele a espreguiçar-se, com aqueles olhos verdes cheios de vida, com aquele cabelo castanho e barba muito curtos, que dava vontade de afagar...

-Não o conhecia, nunca o vira, mas fiquei com vontade de o ver de novo.

POV Lancelot

Estava a chegar ao castelo quando me dei conta que me faltava uma coisa, o pequeno amuleto que guardava no bolso tinha desaparecido. Decidi voltar ao lago onde acabei de tomar banho, a pensar que me tinha esquecido dele lá. E foi quando me aproximei da margem que reparei num movimento dentro da água. O que será aquilo?? Era grande demais para ser um peixe, àluz da lua parecia esbranquiçado e movia-se com rapidez.

Lamentei-me de não ter tempo para investigar melhor, mas tinha que render um companheiro que tinha ficado de guarda já estava atrasado. Encontrei o amuleto perdido e voltei ao castelo, a fazer planos para descobrir que tipo de monstro habitaria naquelas águas.

Passados três dias.

Voltei ao lago para observa-la à luz do dia, enquanto me exercitava no manejo da espada, nenhum movimento suspeito se destacou naquele espelho de água. Poderia ter desistido, mas não o fiz, sou um homem persistente e a minha curiosidade tinha sido atiçada. Seria possível algum animal lendário habitasse naquele lago?? Decidi esperar a chegada da noite, na mesma hora que, noites atrás, escolhera para me banhar.

A lua desta vez estava oculta pelas nuvens, quase nada se via, por isso optei por fechar os olhos e escutar. Um som distante despertou me os sentidos, aguçei os ouvidos e percebi me que, de vez em quando, havia uma batida, como se a água mexesse. Mas não era o som do peixe que salta e volta a cair, não, aquilo era diferente, maior. E foi então que senti, clara, a pouca distancia, uma respiração sôfrega. Abri os olhos e não ouvi nada, o som tinha desaparecido e nessa noite não regressou.

Já era tarde, retomei o caminho do castelo convencido de que, animal ou monstro, havia algo naquele lago e eu ia descobrir o que era. Durante o caminho de regresso aproveitei para reflectir sobre a melhor forma de o capturar. Já conhecia a hora em que abandonava o covil, não havia de ser difícil de apanha-lo.

Durante uma semana, todas as noites, eu deslocava-me ao lago, conseguindo assim arranjar um local escondido onde podia observar o lago sem ser visto e aguardei, atento. E todas as noites sem exceção eu escutei o lago e identifiquei o movimento das águas, o que me permitiu traçar o percurso da minha presa. A uns metros daquela margem havia um banco de areia, coberto de vegetação, e era daí que quase sempre me chegava o som de um arfar único, como se uma boca se abrisse para deixar entrar o ar depois de um mergulho prolongado.

No dia seguinte, cheguei mais cedo, entrei na água devagar, em silencio, e dirigi-me á vegetação junto ao banco de areia onde montei uma armadilha. Depois sentei-me á espera com o corpo submerso e a cabeça de fora, em silencio, no meio das plantas. Na mão tinha uma faca... fosse animal ou monstro, sentia-me preparado.

A noite estava fria, mas nada me fiz para me aquecer, eu não me podia mexer para não correr o risco de "espantar a caça". Rezei para que o monstro não tardasse. Em resposta aos meus desejos, o som claro de algo a mergulhar chegou-me aos ouvidos. Tentei sentir as vibrações da água, aparentemente algo se movia na minha direção. Apertei o cabo da faca com mais força e aguardei.



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Este capitulo foi maior espero que estejam a gostar

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⏰ Última atualização: Aug 28, 2015 ⏰

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