Mix de sentimentos

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FINALMENTE EM CASA APÓS UM DIA PRODUTIVO, vou para o banho pois a noite ainda não havia acabado e Alec viria em casa. Desço e vou para a sala, coloco uma música clássica em volume ambiente, pego o celular e mando mensagem para Alec.

- Olá querido vizinho! Espero sua gentil e nobre companhia para tomarmos um drink. - digito entre sorrisos.

Antes que eu pudesse mandar outra mensagem a Alec ouço a campainha tocar. Será que é ele? Transmissão de pensamento? - risos.

Fui em direção à porta, giro levemente a maçaneta e quando abro a porta dou de cara com um dos sorrisos mais belos que já vi. Trocamos rapidamente olhares e pude sentir meu coração disparar, as bochechas corarem e minha respiração ficar ofegante. Era ele!

- Estava te escrevendo agora mesmo. - disse com um leve sorriso.

Aquela sensação era tão gostosa e a presença dele ainda mais.

- Uma coisa sobre mim: sou pontual. - Alec soltou um piscadela que fez com que eu sorrisse ternamente. 

Aos passos lentos Alec foi entrando e reparando em cada detalhe da casa, e pude notar o brilho no seu olhar quando se deparou com um quadro meu encima da lareira. Sua expressão maravilhada não conseguiu se manter quieta por muito tempo.

- Magnus Bane, o único cara no mundo que eu vejo que possui um quadro de si mesmo no meio da sala - disse ele entre risos.

Na hora soltei um riso e me peguei admirando o quadro ao lado dele. Sempre gostei de me admirar, amor próprio que diz não é mesmo? 

- E por que não? - disse me virando e buscando seus olhos.

Nós dois sorrimos e fomos nos sentar. Tentava decifrar seu olhar - tentativas falhas, ele tinha aquele ''ar'' de mistério e um olhar felino que te desmonta sem precisar fazer nada.

- Alexsandro Lightwood, diga-me.... você já amou alguém? -  perguntei curioso. 

Sentado no sofá ele parecia estar pensando, sua expressão parecia esconder algo.  Será que ele havia mesmo amado alguém? Ele parecia frustrado com a minha pergunta. 

- Bem... nunca achei que seria o tipo de alguém. - balbuciou. 

Você faz o meu - pensei.

Ficamos ali conversando por horas e horas, suas piadas sem graça mostrava o quanto ele era divertido, o jeito como se expressava mostrava que estava a vontade. Bebericamos um pouco de água tônica já que ele não queria tomar algo com teor alcóolico. 

- Haha, então quer dizer que você dança? Magnus Bane, você não para de me surpreender. - notei o tom de admiração no seu rosto seguindo de um sorriso carinhoso.

- Fui o melhor da minha turma, um verdadeiro bailarino. - brinquei. 

Quando pequenos sonhamos em ser de tudo um pouco, e a dança estava inclusa. Gostava de dançar, não era nenhum profissional mas dava para o gasto. Do mesmo jeito que parecia uma foca engasgada para cantar, a dança não era diferente. 

- O que mais te atrai em uma pessoa ? - perguntei. 

Em específico, essa pergunta mexe comigo, o que atraía ele ?

- Bem .... - ele parecia pensar - O que me atrai são conversas maduras, a pessoa ser alto astral, ter as mesmas ideias que eu, e ser honesto. - ele parecia repassar suas palavras em sua cabeça, como para ter certeza de que não havia falado algo errado. 

- Mas e você? O que atrai em uma pessoa? - perguntou curioso. 

- Se eu dissesse ficaria espantado. - rimos. 

Mas e ele? O que me atraía em Alec? Será que eu podia dizer que eram seus olhos azuis que penetravam dentro de mim, a forma como se expressava, os gestos com as mãos para poder dar ênfase as palavras que saíra de sua boca, o sorriso largo e terno, o jeito como ficava tímido, as passadas de mão no cabelo como se quisesse alcançar a perfeição mesmo já estando nela. Será que ele não enxergava isso? Como poderia dizer? Queria gritar isso na cara dele. 

Ele começou a rir e pude me sentir mais relaxado, sentia uma certa paz ao seu lado. Como podia sentir tudo isso se não demos a chance um ao outro de nos conhecer direito? O pouco de tempo que passei com ele era o suficiente para me fazer sentir um turbilhão de coisas das quais eu não sabia se algum dia poderia dizer em voz alta. 

- Acho que vou tomar um gin. - disse animado.

- Você não tem jeito, como consegue beber tanto? - perguntou fingindo espanto. 

- Depois de um tempo você se acostuma. É terapêutico! - disse dando um suspiro de alivio.

Começo a bebericar o gin e permaneço de pé ao lado da lareira. Alec levanta  e se dispõe a ficar ao meu lado. 

Há algo nele que não consigo abandonar, algo que me prendia. Pude perceber o quão difícil sua respiração ficou quando ele se virou para mim, ele estava tão perto de mim e eu não podia negar, senti um calor subindo e por um momento pareceu que nós dois estávamos pensando a mesma coisa. Mas o que nos impede de seguir em frente? Eu poderia agarrá-lo ali mesmo, mas esperava que ele o fizesse.

Ele se aproximou de mim e senti minhas bochechas corarem novamente, uma mistura de saudade, ansiedade, medo. E se? O momento está certo? Será que realmente pensamos a mesma coisa? E se eu estiver errado? Eu vou descobrir então e agora.

Cheguei perto dele e senti seu peito contra o meu, ele colocou as mãos na minha cintura num gesto nobre, como se não quisesse que eu escapasse, mas eu não ousei fazê-lo. Eu estava um pouco nervoso, não sabia até onde poderíamos ir, e ele gentilmente, com seus lábios provocantes, me deu o beijo mais lindo e doce. Ele tinha um charme e uma sofisticação que só pude perceber naquele momento, seus lábios macios envolvendo os meus e pudemos nos deixar envolver naquele momento mágico. Alec é um cavalheiro e faz de tudo para demonstrar isso.

Ele veio e se foi. Acabou tão rápido quanto começou e eu queria continuar, queria estar cada vez mais envolvida no beijo dele. Nós nos afastamos lentamente e vi um lampejo de tristeza em seus olhos.

- Alec, o que.. o que foi? - olhava no fundo dos seus olhos. 

Ele abaixou a cabeça, seus lábios traindo mais de uma vez o que ele queria dizer, mas cada vez que falava, ele relembrava seus pensamentos e reorganizava suas palavras como se estivesse escolhendo sabiamente.

- Só...me desculpe.  - suas palavras me transmitiam frustração.

Será que fomos expeditos demais? Burro! Como sou burro! Antes que eu pudesse expressar verbalmente alguma coisa, ele as pressas escancarou a porta e foi embora. Não sabia o que se passava em sua cabeça e nem o que sentia seu coração. Estava sem reação, sem chão. Não sabia o que fazer e nem o que conceber mentalmente.

Fui até a porta, estorcei-me segurar as lágrimas mas não contive-as, eram mais pujantes do que eu. O via deambulando a passos largos até sua morada e antes que pudesse entrar ele deu um último olhar para mim.

Entrei e fui para o sofá, estava esforçando-me a raciocinar e entender o que acabara de acontecer. Nosso beijo foi tão mágico, tão nosso que eu não entendia o porque da atitude repentina dele. Será que era algum tipo de teste? Será que ele só queria saber como era e depois me descartar? Afastei meus conceitos mentais, não sabia o que conceber mentalmente e não queria tirar a conclusão errada.

Aquele dia dormiria no sofá - isso se eu conseguisse dormir -, quanto mais eu esforçava-me a não contemplar Alec mais ele vinha como em uma avalanche para dominar meus conceitos mentais e me levar a loucura. Meu coração doía, procurava saber onde errei. Fiz menção de mandar mensagens para ele e me peguei diversas vezes expungindo as mensagens, era muita humilhação. Deitado ali e já sem lágrimas para derramar, adormeci.

Um Amor InesperadoOnde histórias criam vida. Descubra agora