Ashiley Thenoy
Para ser sincera me sinto muito confusa. Já faz uma semana que sai do hospital.
Uma semana que eu e meu avô não trocamos uma palavra...
Uma semana que a Alex me ignora...
Uma semana que o Ryan vive grudado em mim, mas mal fala comigo...
Uma semana que a Anne foi embora e eu nem sei o porquê...
Uma semana que o esquisito não vem para escola
E uma semana que ele não sai da minha cabeça...
Pois é... Faz uma semana que não consigo parar de pensar no Arthur. Eu até tentei falar com a Natalie sobre ele, mas ela nem me deu ouvidos.
Fui na faculdade do Diego mas ele me ignorou. E na casa dele ninguém me atende. Eu tô preocupada... E nem sei porque...
Eu sou a primeira a chegar. Fico plantada no portão desde que ele abre até o momento que se fecha já faz quatro dias...
Eu me sinto perdida e patética. Meus instintos me dizem para perguntar e investigar o que aconteceu para estar tudo diferente... Mas tenho medo do que vou descobrir.
Pelos meus princípios eu devia deixar isso quieto, até porque eu sei que isso vai dar um problemão pra mim.
É só que... Não consigo...
E é por isso que cá estou eu mais uma vez plantada no portão da escola esperando até que o último aluno entre e o portão se feche. Mas como nos outros dias nada do Arthur aparecer.
Caminho até minha sala pensando no que o médico me disse quando sai do hospital. Segundo ele eu tive uma leve perda de memória. Talvez eu consigo me lembrar, talvez eu não consiga...
Minha última memória é de estar sentada em um sofá com o Arthur na minha frente, mas ela não é tão nítida, então não consigo saber o que estamos fazendo.
Entro na sala de aula e me sento na carteira do Arthur. Fiz isso a semana toda na esperança de que ele chegue e me peça o lugar... O que claramente não aconteceu.
O dia passa tão devagar que e tão sem graça que nem dou bola. Não presto atenção nas aulas... Não consigo.
De hoje e não passa, eu preciso ver o Arthur.
Quando o último sinal toca vou correndo pro portão. Corri na direção da casa do Arthur, quando chego na casa rosa começo a bater palma e gritar. Mas ninguém me atende.
- Eu preciso te ver Arthur...
Pulo o portão e vou em direção a porta mas tá trancada. Tento as janelas mas nenhuma tá aberta.
Sento em baixo da última janela que conferi e começo a chorar... O pior é que eu nem sei porque tô chorando...
- Eu preciso te ver Arthur... Preciso te ver...
Começo a soluçar e não consigo mais me segurar. Choro tudo o que não chorei a vida toda.
Ainda soluçando ouço um barulho e um gemido de dor. E depois ouço alguém gritar... Ouço o Arthur gritar...
Vou andando até ver a janela do banheiro aberta, pego alguns tijolos que tinham ali e faço uma escada improvisada, deixo minha mochila pra traz e me espreito pela pequena abertura.
Dou um gemido de dor quando caio lá dentro, quando olho pra trás minhas memórias voltam automaticamente assim que vejo o garoto com a lâmina na mão.
- Arthur...
Digo com lágrimas nos olhos, ele não ergue seu olhar, nem parece me ouvir. Ele tá focado na lâmina e só nela, até que a ergue pra passar por sua garganta.
- ARTHUR PARA!
Grito e vou em sua direção tirando a lâmina de sua mão. Sem querer eu me cortei quando escorreguei e acabamos caindo..
Mas ele não parece se importar... Seguro seu rosto e faço com que olhe pra mim, meu sangue escorrendo por sua pele assim como o sangue dele escorrendo pela minha.
- Arthur olha pra mim, olha pra mim...
Digo em meio as lágrimas mas ele não me ouve, as lágrimas caem dos seus olhos também
- Arthur eu preciso de você, olha pra mim, fala comigo. Arthur... Me ouve Art...
Encosto nossas testas e choro, choro junto com ele até que ele ergue seu olhar e me olha nos olhos...
- Ashley?
- Arthur.
Me debulho em lágrimas, não consigo sequer falar ou ficar com os olhos abertos. Eu precisava tanto saber como ele estava. Agora com as minhas memórias eu entendo porque ele disse que me manteria longe do Ryan, agora eu entendo porque ele saiu chorando do meu quarto, entendo porque tava comigo.
Ele era o único que estava cuidando de mim e agora sou eu que preciso cuidar dele.
- Ash é mesmo você?Eu pensei que fosse minha cabeça me pregando uma peça. Mas você tá mesmo aqui..
Ele sorri em meio as lágrimas e passa a mão em meu rosto.
- Eu tô aqui. Eu tava preocupada com você, fiquei a semana toda sendo a primeira a chegar e a última a entrar, sentava no seu lugar todo dia pensando que você poderia chegar e pedir ele pra mim. Eu tentei falar com o seu irmão e com a Natt, tentei bater aqui na sua casa, mas ninguém me atendia, ninguém me falava de você. Eu fiquei tão preocupada, eu nem entendia, mas eu precisava te ver. E agora eu sei porque. Eu lembrei.. lembrei de tudo. Me perdoa por ter te dito tudo o que eu disse no hospital, me perdoa...
Choro mais e o abraço, ainda estamos no chão do banheiro, ele ainda tá machucado, mas ainda assim retribui meu abraço e me diz:
- Não tem o que perdoar, mas se você se sente melhor eu te perdoo...
Dou um sorriso de alegria e não me contenho, quando desfaço o abraço e olho pra ele sinto o calor dos nossos sentimentos em combustão mas percebo que ele tem os olhos vermelhos, olhos de alguém que esteve chorando muito.. e sem saber o porque eu seguro em seu rosto novamente e fico olhando em seus olhos fixamente sem nem saber o porquê...
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Perdições De Um Princípio
Dla nastolatkówO mundo parecia perfeito, uma vida regada à festas e um namorado incrível, as melhores notas do colégio e várias faculdades batendo em sua porta. Ela nunca imaginaria o que iria acontecer uma revira-volta tão grande em sua vida que estragaria todos...