2- Qual o plano, garoto da floresta?

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Aonung fecha os olhos, seus dedos instintivamente encontram a raiz do nariz e a massageiam. Ele e Neteyam sentam-se sozinhos em seu marui. De um canto vem o cheiro de ervas frescas, do outro, o cheiro de peixe cru que ele não havia processado naquela manhã.

"Então, você está me dizendo que o pessoal do céu se cansou de você destruir seus equipamentos, e eles mudaram sua base de terra para debaixo d'água, onde você não pode alcançá-los?"

Neteyam acena com a cabeça. Aonung ainda está tentando entender isso.

"E sob a água, eles construíram uma rede de cidades, e é alimentada por algum velho barro endurecido que eles desenterraram nas profundezas do fundo do mar?"

Outro aceno. "Eles chamam isso de carvão." Neteyam acrescenta e quer continuar a explicação, mas Aonung o interrompe.

"Isso não parece tão ruim, pelo menos agora você tem paz. O que isso tem a ver com os tulkuns chegando mais tarde?"

Neteyam estala a língua, impaciente. Se você apenas me deixar terminar.

"Quando eles queimam o carvão, ele libera toxinas no ar. Isso faz com que o calor fique preso em nossa atmosfera, então lugares que deveriam ser frios tornam-se gradualmente quentes." Neteyam faz uma pausa, dando a Aonung tempo para processar isso. "Isso força muitos animais a migrar, o que desequilibra todo o equilíbrio. É por isso que os tulkuns estão atrasados. Aposto que eles estão procurando comida porque seus antigos locais de caça de repente ficaram vazios, não é?"

Aonung abre a boca, mas nada sai. Como ele sabia disso?

"Eles estão fazendo isso de novo." Neteyam diz com dor em sua voz. "Eles envenenaram seu próprio planeta a ponto de não poderem mais viver nele. Então eles vieram para cá e agora estão fazendo o mesmo com Pandora! Não é apenas o ar envenenado. Eles estão extraindo madeira, deixando buracos em nossas florestas. Eles estão matando animais por alguns dentes e depois desperdiçando o resto. Você sabe quanto tempo faz desde que eu vi um Hammerhead em casa? Eles os caçaram quase até a extinção porque gostavam de seus chifres."

A voz de Neteyam falha. Ele não pôde evitar. Ele está muito cansado e se sente tão impotente e desamparado diante de tudo isso. Seus olhos se encheram de lágrimas, apesar de seus esforços para contê-las. Aonung solta um "merda" silencioso e coloca uma mão reconfortante no ombro de Neteyam.

"Ei." Ele diz com uma voz alegre. "Seu pai já os expulsou uma vez. Talvez este seja o nosso tempo."

Ele fixa seus olhos nos de Neteyam.
"Então, qual é o plano, garoto da floresta?"

Neteyam solta um suspiro de alívio, um sorriso lento rastejando em seus lábios. "Precisamos de vocês para mergulhar." Seus olhos brilham com um toque de aventura. "Profundo."

Aonung assobia. "Parece que eu tenho treinado toda a minha vida para isso!"

Ambos soltam uma gargalhada, mas é interrompida pelo súbito aparecimento de uma figura. Neteyam olha para cima e fica surpreso ao ver uma mulher Na'vi, uma que ele nunca viu antes. Sua pele é pálida e brilha como diamantes capturados pela luz do sol. Ela é bonita.

"Querido, sua mãe quer ver você. Ela está impaciente para saber o que está acontecendo. Sua voz é baixa e ela fala com sotaque estrangeiro. Neteyam abaixa o olhar e olha para Aonung, esperando por uma reação.

"Eu estarei lá em um minuto. Venha conhecer Neteyam, ele é o velho amigo de quem lhe falei."

Aonung se levanta, puxando sua esposa para dentro pela cintura. Ela dá a Neteyam, que está se levantando rapidamente, um exame minucioso. Seu olhar permanece na cicatriz no ombro de Aonung antes de levantar para encontrar os olhos de Neteyam. Ela oferece a ele um sorriso sutil e cauteloso.

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