Nova casa

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SN (ON)

Eu estava dentro daquele carro com o meu pai indo para a casa dele. Já estava me sentindo estranha com aquela mudança repentina, de encontrar o meu pai depois de tanto tempo, e ainda saber as maldades que ele fez com a minha mãe. Nunca o perdoarei por isso, principalmente se ele tocar no assunto. Já não sei o que eu sinto, para falar a verdade... Não sei se ele mudou... Mas isso não importa, até porque o passado não será apagado. Não importa o quanto ele se mostre arrependido, entre perdoar ele, eu não conseguiria.

Ele me olhava a todo momento pelo espelho do carro, e aquilo estava me deixando constrangida, e por isso eu desviava o olhar e cruzava mais os braços por conta do frio que fazia naquele dia. Eu olhava pela janela todo o caminho que passamos até chegar em sua casa, que extremamente era muito bonita. A casa era grande e branca, mas não ao ponto de ser uma mansão, mas era uma casa bem construída e que tinha até um pequeno jardim em frente, com vários enfeites bonitos.

Suk Hwan desceu do carro após para-lo e deu a volta para abrir a porta de trás para eu poder sair. Não consegui encara-lo desde que ele me tirou daquela casa, pois eu tinha notado o climão entre ele e o Felix. Eu vivi a maioria da minha vida com o Felix, e por mais que ele me castigava por quase tudo, eu confiava muito mais nele do que neste homem que ainda não fez nada. Eu estava estranhando até mim mesma, em pensar o como eu poderia me sentir bem com um homem que me castigava mesmo eu já estando crescida, do que ficar perto do meu pai biológico que não encostou nenhum dedo em mim. Estranhamente, o passado que a minha mãe passou me assusta, e já que meu pai fez tudo aquilo com ela, o que ele poderia fazer comigo? Sinto muito, mas eu não consigo te perdoar, pai.

---- Está tudo bem, SN? ---- Ouço a sua voz soave me perguntar, e minha atenção foi para ele, onde eu dei um sorriso mínimo.

---- Está sim. ---- Menti. E para mudar de assunto, reparei mais detalhe da casa do lado de fora. ---- A sua casa é muito bonita. ---- Elogio, o que não era mentira dessa vez.

Ele sorriu com o elogiou e olhou para a casa com as mãos para trás. Ele me olhou e passou a mão nos meus cabelos, que se tornou numa estranha sensação que fez eu me afastar de si rapidamente como um reflexo.

---- Vamos entrar. ---- Ele diz sorrindo mesmo percebendo o meu ato e abre a porta.

O vento que bateu no meu rosto no momento que a porta foi aberta me deixou com calafrios, como se eu entrasse lá e não saberia o que esperava por mim. Respirei rápido a partir dali e engoli o seco sentindo a sua mão me tocar nas minhas costas me levando levemente para dentro. Era tão estranho e assustador. Mas para a minha surpresa, não estávamos sozinhos naquela casa como eu pensaria que estivéssemos.

---- SN, quero que você conheça a Solar, minha namorada. ---- Suk Hwan apresenta uma bela mulher jovem, bem mais jovem que ele.

A mulher bonita tinha pele branca e cabelos pretos cumpridos e iluminados até a cintura, tinha uma pinta na bochecha direta e usava um vestido social colado cor de pele, acompanhado com um salto alto preto com solas vermelhas. Ela estava perto de um vaso de flores que estava encima de uma mesinha próximo à escada da casa me olhando sorrindo.

---- Então, quer dizer, que ela irá ser minha madrasta? ---- Perguntei gaguejando, imaginando a ideia de substituir a minha mãe com uma mulher que acabei de conhecer.

Ela sorriu para mim e veio se aproximando com seus sapatos fazendo barulhos pelo piso limpo e brilhante.

---- Olá, SN. Prazer em conhecê-la. Esperei muito por este dia. ---- Ela diz amigável e me abraça. ---- Seu pai falou muito de você. ---- Ela desfez o abraço ainda sorrindo e vai até o meu pai para abraçar ele de lado.

Aquilo parecia muito novo e estranho pra mim. Não parecia que eu estava indo morar com o meu pai, parecia que eu acabei de ser adotada por dois desconhecidos. É tantos sentimentos misturados um com outro, e agora eu estou completamente confusa.

E ainda mais com essa mulher, pois ela tem cara de ser a minha irmã mais velha! E como eles se conheceram? Quando ele foi preso, ela poderia ter uns quinze anos ou algo do tipo.

---- Não quero ser grossa, apenas por curiosidade, quantos anos você tem? ---- Perguntei educadamente para a mulher que sorriu junto ao Hwan.

---- Eu tenho vinte e nove. ---- Ela responde sorrindo.

É uma idade madura, mas ainda assim, ela é muito nova para o meu pai. Mas por que eu estou estranhando? Parece que estou até julgando. Mas isso é efeito das novidades.

---- Você é bastante jovem e bonita. ---- Elogiei.

---- Muito obrigada, querida. Bem, irei fazer o jantar. ---- Ela dá um selo nos lábios do mais velho e vai até a cozinha que ficava no fundo do corredor.

---- Quer que eu te apresente o seu quarto? ---- Ele pergunta já que só tinha nós dois.

---- Sim. ---- Respondi tímida.

Ele foi subindo as escadas e eu fui logo atrás, até chegarmos ao um corredor no final da escadaria, onde tinha várias portas. Suk abriu uma e vi um quarto completamente bonito, que era branco com enfeites de triângulos pretos e cinzas nas paredes, a cama parecia ser confortável e várias almofadas estavam arrumadas na mesma, além de ter uma escrivaninha com um abajur.

---- Gostou? ---- Ele perguntou reparando a minha expressão de surpresa.

---- Eu gostei, muito! ---- Digo encantada para aquele quarto, que por um momento eu esqueci todas aquelas sensações.

---- Bem-vinda ao lar, filha. ---- Aquela frase tocou em mim.

Era a primeira vez depois de anos que eu ouço alguém me chamar assim. A única que me chamava assim era a minha mãe, e era só ela. Vendo outra pessoa me chamar assim era tanto emocionante quanto estranho. Só a minha mãe podia me chamar assim, mas era bom ouvir um pai te chamar assim, e ao mesmo tempo era muito estranho. 

---- Obrigada. ---- Disse a única coisa que consegui, segurando bem as minhas lágrimas para não chorar perto dele.

Talvez eu possa tentar aceitar essa vida nova.



FELIX (ON)

Eu perdi a minha esposa e agora perdi a minha filha. A raiva tomou conta sobre mim mesmo, e arrependimentos de ter a tratado tão mal durante anos veio a tona à mim. Por que fui tão violento? Tentei protegê-la mas acabei afastando ela de mim. Eu prometi que cuidaria dela, mas falhei. Sou um péssimo pai, e sou novo demais para ocupar isso. Eu sou muito mais novo do que a minha esposa.

Eu deveria ter entendido a SN quando ela perdeu a mãe dela e está presente para tentar fazê-la superar. Afinal, eu também perdi a minha mãe, e assim como SN, eu precisei de um apoio emocional que eu não dei a ela quando ela precisou. Andei pensando somente em mim depois da morte dela e perdi a minha segurança depois disso. Eu me sentia seguro quando ela estava perto, e agora me sinto tão indefeso. Não posso deixar que Ahn Suk Hwan faça mal para SN, porque ela é a minha filha e tenho que proteger a todo custo.

Mas sei que primeiro eu tenho que cuidar de mim, pois de cabeça cheia não se resolve nada. Irei frequentar a minha psicóloga, ela irá me ouvir.

[...]


Eu estava sentado frente à ela naquele sofá confortável. Já conhecia ela há anos desde que minha esposa morreu, mas parei se frequentar semanas depois. Na verdade, conheço ela desde que a minha mãe morreu, quando eu tinha cinco anos, eu acho. Essa psicóloga também é como uma amiga para mim.

---- Que bom vê-lo novamente, Felix, depois de anos. Vou dizer uma coisa a você o que eu queria te dizer a muito tempo sobre o seu sentimento sobre a sua esposa. ---- Ela diz séria já esperando por mim.

---- Olá novamente, doutora Solar. ---- Digo nervoso e fecho a porta.

New Chance, Appa? (Imagine Felix/Stray kids)Onde histórias criam vida. Descubra agora