Caindo

12 7 5
                                    

O jovem menino suspira dando um passo mais perto da janela, se erguendo e ficando de pé no parapeito.

- Pule - repete a voz.

Qual seria o interesse no pulo do menino? Nada parecia fazer sentido a casa mal tinha um segundo andar, a altura era próxima a um metro e meio. Independentemente o garoto não pulou, parecia que algo havia clareado sua mente do aparente transe, e novamente ele questiona a voz.

- Quem és você - Questiona novamente o garoto observando hipnotizado pelo brilho da lua, que ele observava sobre o para peito. Totalmente inexpressivo, a lua de alguma forma parecia sorrir para ele, de lá de cima.

- Quem sou eu não importa, pule - a voz insiste mais uma vez.

- Por que eu pularia somente para agradar-te? Nem vos conheço, teria algum motivo para eu ouvi-lo? - Argumenta o a franzina criança argumenta, com um tom decepcionado, e mutuamente curioso.

- Sabes quem sou pequena figura? Sou eu a noite e o sono profundo, sou os sonhos mais refulgentes e os pesadelos mais hórridos; ademais sou sua mente pregando peças, sou o escuro - a voz afirma, agora com um tom mais alto e grave que ecoa, foram palavras atiradas como um grito sussurrado, as palavras percorreram o ouvido do pequeno garoto, mal pareciam ter sido ditas, pareciam implantadas direto na mente dele.

Uma estranha sensação percorre todo o corpo do jovem menino, uma vibração, um choque em seu cérebro que descarrega em toda sua medula espinhal, eletrificando cada nervo de seu pequeno corpo, uma sensação peculiar, e para a maioria desagradável. Conhecida como medo. Por que as palavras da misteriosa voz afetavam tanto o pequeno menino? O delicado rosto se tornava mais pálido e cada fio sobre sua pele se erguia com a sensação misteriosa de temor.

- Ssssssh - chia o escuro, como se estivesse abrandando o garoto - pule - insiste o escuro pela quarta vez - o menino tira os olhos da lua. E ao olhar para baixo (onde ele deveria pular)... O chão havia sumido; e um misterioso redemoinho abismal cheio de lanternas sido colocado no lugar. As lanternas pareciam nadar elegantemente naquilo que parecia um céu líquido em uma cascata circular, e mais escuro que o próprio vácuo. A luz parecia inexistente, com exceção das misteriosas lanternas, mas que só brilhavam em torno de si mesmas, e a luza da lua que refletia as bordas úmidas daquela misteriosa voragem negra. O garoto esboça uma expressão de medo.

- Vamos pule! - Replica o escuro, dessa vez com uma entonação mais intimidante, esclarecendo ser uma exigência, e não... Não seria uma resposta aceitável.

O menino hesita em obedecer o comando. e então todo o frio noturno acumulado no quarto pareceu se unir como um vendaval que sai todo de uma vez pela janela, como um forte empurrão contra o garoto.

A queda não fora brusca, parecia que o garoto planava aos poucos dentro do turbilhão, perdendo altitude. E mergulhado no liquido escuro, juntandi-se a ele. Era impossível sentir o toque, não havendo sensação ou temperatura alguma relacionada ao licor escurecido, como se o menino estivesse sob efeito de uma neuropatia periférica total adormecendo todos os nervos em seu corpo. curo 

- A noite... Tem chamado você por tanto tempo... Deixe abraça-lo - O escuro diz em meio à escuridão fluída, como se fizesse parte dela, a voz parecia vir de todas as direções e nenhuma ao mesmo tempo. Um breu profundo acomoda-se na mente do menino, a noite adormecia nele, e não o contrário.

Não tenha medo do escuroOnde histórias criam vida. Descubra agora