Um estrondo.
Quando percebi, já era tarde demais.
Me dei conta do que tinha acabado de fazer, quando senti o cheiro forte da pólvora saindo do cano da arma, que estava apontada para a parede.
Não conseguia mover um músculo. No fundo, eu estava feliz. Mas, bem mais a fundo, eu sabia o que isso me causaria.
Ao mesmo tempo que ouvi o grito alto de minha mãe, senti a mão de Hyuna, que estava atrás de mim segundos antes, abaixar a arma em minhas mãos. Nos entreolhamos, compartilhando o mesmo olhar desesperador.
— Vai ficar tudo bem. — disse minha irmã. Nem ela acreditava nisso.
Deixei que ela tirasse a arma de mim e pude sentir a primeira lágrima escorrendo no meu rosto. Era alívio.
Olhei para o corpo sem vida no chão. Esse filho da puta finalmente estava morto.
E fui eu quem pode livrar essa família de uma desgraça maior.
Minha mãe não soltava aquele corpo. Ela parecia perdida. Não sabia se gritava atrocidades para mim ou se lamentava a morte de seu esposo querido. Eu sabia que se eu não tivesse feito o que fiz, ela nunca o largaria.
— Jungkook... Você precisa sair daqui, rápido. — Hyuna me olhou triste e apreensiva.
Demorei alguns segundos olhando para aquele rosto tão parecido com o meu.
— Eu vou ficar aqui e esperar eles chegarem.
— Não! Jun... Eles vão te prender se você ficar aqui!
— Hyun... — Segurei seu rosto. — Se eu fugir, eles me matam. Prefiro esperar a imprensa chegar junto da polícia.
Ela olhou para mim, seu semblante era triste. Olhou para a mamãe, para mim, para ela, e depois para mim de novo.
— Pois então suba lá para cima, a mamãe está prestes a surtar. Eu fico aqui com ela.
Obedeci o que ela disse. Ainda estava em choque com o que eu mesmo fiz. A sensação que eu tinha, era que a cada degrau subido, meu corpo ficava mais pesado.
Eu sabia que eu não escaparia por muito tempo, e não era por ter tirado a vida do meu próprio pai, mas sim, ter matado um dos braços direitos do presidente do país, em plena ditadura militar.
Meu destino já estava escrito, eu só precisava escapar da morte quanto tempo eu conseguisse. Eu poderia fugir e me esconder, com o dinheiro que esse babaca guarda nos cofres, eu poderia ir para qualquer lugar.
Mas eu não sou um covarde, nunca fui. Se for para morrer, que eu possa morrer com a consciência limpa de ter livrado minha família, e o país, de um dos maiores filhos da puta que já pisou nesse mundo.
Nem que isso custasse o amor da minha mãe, e a minha própria vida.
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Tear | TAEKOOK
Romance"Normalmente, o primeiro encontro de duas almas ascendentes sempre caminha para um final trágico. Mas, meu amor, o nosso final não poderia ser chamado de trágico. Vejo nosso fim, como o início de uma longa história de amor. E é olhando nos seus olho...