Corte De Poder E Glória 《Rhysand》

PRÓLOGO

Kalyan
(Em algum lugar na terra)

Precisava de ajuda, qualquer ajuda.

Eu estava tão desesperada, tão agoniada, que nessa hora clamava, orava e pedia para qualquer um, para qualquer Deus existente, qualquer divindade, qualquer ser no universo.. Que me ouvisse ali..

Eu precisava que alguém me ouvisse...

Somente para que tirasse eles dali, que os deixa-se bem, para que eles ficassem seguros e vivos.

Não ligava pra mim.

Dane-se!

Eles precisavam sair... Ficar bem...

Minha vista começou a embarça novamente, e o cheiro de gasolina só aumentando.

Que não exploda!

Que não exploda!

Então eu ouvi...

Ouvi bem ali. Aquela voz doce melódica, ao mesmo tempo parecia tão repugnante, velha e jovem, tão inocente e sábia, malvada e bondosa, ela parecia ter anos carregados na voz e ter nascido a minutos...

Estava louca?

Bem na hora de morrer iria ficar louca?

- Coração que valente, não precisa chorar mais, estou aqui.. eu vou te ajudar. -era como ter a morte sussurrando friamente em meu ouvido- Somente escolha! Escolha quem você quer que seja salvo hoje. Escolha quem devo salvar?

A pergunta foi simples, ela havia me ouvido, estava ali pra me ajudar.

Mesmo não vendo, não sabendo direito da onde vinha sua voz, não sabendo direito sobre seu feito para mim, mais não havia dúvidas. Sabia que os queria seguros e bem.

E a minha resposta ainda era a mesma, foi simples e rápida.

- Eles, ajude eles! Não ligo pra mim. Mais ajude eles, os tire daqui antes que o carro caia ou exploda.

Eu não pensei em mim, eu não ligei para mim, nessa hora eu só pensava neles.

O que seria deles?

Não sei!

Mais estariam longe dali, eu não sabia se sairia viva, se conseguiriam me tirar das ferragens.

Mas sabia que eles iam estar bem.

- Como desejar coração valente, eles viveram. Mas quem morrerá?

Morte! Alguém tinha que morrer!

Olhei para fora, além do desfiladeiro abaixo de mim, o céu havia se aberto, era como se ele quisesse se despedir, cheio de pontinhos brilhantes e distantes.

Desejei ser assim.. Brilhante. Para que as pessoas olhassem pra mim e desejassem. E que principalmente fossem atendidas.

Então respondi.
Sem mais medo, sem dor.

Eu estaria disposta a abrir mão da minha vida por eles?

Por amor?

Eu estava disposta a morrer?

Sim... Eu os amava de mais para não os ver bem e felizes, mesmo que não fosse comigo ali.

- Leve a mim! Leve a mim para o desconhecido. Mais eles merecem continuar a viver...

Eles ficaram bem, eram fortes seguiriam em frente, tinham uns aos outros.

Eu já só queria paz.

Ouvi barulhos de sirenes, som de ordens, gritos de ajuda, era tudo tão abafado..

Então senti como estar anestesiada e apaguei, apaguei tendo a estranha sensação de cair, e nunca chegar ao final...

Me senti ser levada para o desconhecido, o inexplorado, o nunca sentido antes...

Isso seria a morte?..

Céu ou inferno?...

Um vazio...

Uma queda constante..

Isso haveria um fim...

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Era Dor...

Agonia e tortura...

Tendões sendo rompidos e regenerados..

Órgãos sendo rasgados e refeitos..

Ossos se partido e voltando..

Carne dilacerada e se renovando..

Pele sendo queimada e revertida de poder. Um poder doloroso e sedento por sangue e glória..

Havia fogo e frio, de doer e sangrar. Uma falta de ar, como se estivesse submersa em águas profundas e ferventes.

Era morte e vida.
Caos e ordem.

Um fim e recomeço.
Uma dor e paz.

Era poder, antigo e divino, uma força capaz de dobrar até o mais forte dos seres, capaz de escravizar nações. De romper mundos, e destruir galáxias.

Mas para aquele novo corpo, era somente um ronronar de um felino, esperando o tempo certo para rugir em sua nova terra.

Em uma nova vida, com oportunidade e recomeço.

Kalyan acordou como um náufrago em busca de ar, perdida e buscando nivelar seu fôlego, tentando se situar.

Onde estava?

O que houve?

O que era?

Quem ela era?

Essas perguntas rondavam sua mente nublada e perdida.

A carruagem balançava pela velocidade alta na estrada, que a levaria a sua nova existência, mas isso a fazia se sentir mariada e estranha.

Náuseas em seu novo corpo.

Mas o principal, era... O que aconteceu? E o que ela Kalyan, estava fazendo ali?

- Que bom que acordou senhorita. Vamos revisar, quem era, e quem será a partir de agora. Então saberá quem deseja ser na mansão do Grã-Senhor da Primaveril.

Em sua frente uma mulher?

Não... Ela tem orelhas pontudas?

A feérica em sua frente, de cabelos pretos, pele branca como a neve e olhos de azul clarinho. Designada exclusivamente para estar ali, é guiá-la nos primeiros dias.

A Fae falava como se estivesse programada para aquele momentos, narrando sobre Prythian, as Cortes, e sobre um monte de coisas que lhe assustava, mais que no fundo, sabia o que era tudo aquilo.

Em que mundo havia parado? Seria verdade..

Kaly sentia que conhecia muito bem onde estava. Sentia que de todas suas paixões literárias, caiu juntamente ali..

O mundo dele...

- A Criação está muito feliz em tê-la nas suas terras, principalmente por sua força e garra, para mudar o que não foi mudado no passado. Uma viajante, reencarnada uma joia de poder e glória... Você será grande e inevitável..

Uma deusa em terra..

Então era ali...

Após sua tão inesperada partida, era ali que viveria intensamente..

Eternamente...

Por ele, e principalmente por si mesma.
Ela viveria.

Ela é uma Rainha, somente ainda não possuía seu reino... Ainda...

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