01. O medo do cupido

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As mãos do cupido tremiam com a nova presença na escola: uma vampira acabava de entrar pelas portas da frente. Como havia vampiros de diversas espécies, o jovem não sabia muito bem como ela conseguia se alimentar. Apenas sabia que usava os seres humanos para conseguir energia.

Seus cabelos pretos ondulados brilhavam intensamente, e com um batom vermelho nos lábios, ela chamava atenção de todos que estavam em sua volta, especialmente os homens. Como eles estavam em época de comemorar os dias dos namorados, familiares e amigos eram convidados a visitar o colégio. E mesmo não tendo ninguém conhecido por lá, Twyla não poderia perder a oportunidade de estar em um ambiente tão cheio de pessoas.

O seu plano era causar estragos naquele dia, fazendo que casais descobrissem traições, amigas demonstrarem interessem a quem suas melhores amigas eram apaixonadas, deixar que alunos não sejam retribuidos no amor. E isto que o cupido — que se chama Oryn. — não queria que ocorresse. Ele queria que os alunos daquela escola acreditassem no amor e que tivessem a chance de viver uma história de amor verdadeiro.

Oryn estava começando a ficar até mesmo com dor na barriga por vê-la iniciar seu trabalho com um trio. Ele sabia que uma das jovens, Marie, iria se machucar demais no final. O cupido nem ao menos conseguia segurar seu arco direito, quase o deixando cair no chão.

"Pelo menos ninguém consegue ver como eu sou realmente". Pensava, arrumando a gola de sua camiseta branca com corações rosas. Apenas as suas roupas poderiam ser vistas pelos alunos, pois ao invés do arco, enxergavam uma cesta cheia de papéis em formato de corações para os alunos escrevem belas declarações de amor.

Seu sangue congela quando os olhos de Twyla voltam em sua direção. Ela era a única que poderia vê-lo em sua real presença. A jovem larga o ombro da Marie que estava em sua frente, para assim, virar na direção do cupido com um sorriso no rosto, dizendo logo em seguida:

— Bom dia meu amigo. Estais passando bem?

Oryn dá alguns passos para trás com os olhos arregalados. Ele não sabia como reagir na frente de Twyla que o intimida demais, especialmente pelos olhos dela que eram tão penetrantes que o fazia se sentir arrepiado em menos de um segundo ao estar sendo observado. Sem pensar duas vezes fica de costas, uma escolha que não era muito respeitosa, mas era difícil manter suas atenção sobre a jovem que iria fazer que o trabalho do cupido se tornasse um terror.

"Vou ser exilado pela minha família". Ele segura os fios rosados de seus cabelos ao estar extremamente nervoso. Não sabia o que poderia fazer, nem mesmo tinha coragem de se aproximar de Twyla que poderia avançar nele em menos de cinco minutos.

"Não posso olhar para os seus olhos por muito tempo". Suspirava pesadamente ao pensar nisto. Ele não sabia se ela poderia ser apenas uma vampira energética, ou se gostava de beber sangue. Se caso o cupido não se cuidasse, poderia ser o jantar da jovem.

Sua atenção se volta na direção de duas primas que estavam gargalhando junto uma da outra. Elas estavam querendo marcar algo para fazerem junto de seus interesses amorosos. O coração de Oryn se aperta ao saber que Twyla poderia estragar a felicidade das alunas. E ao observá-las um pouco mais vai lembrando de seu primo, e do quanto que eles se devertiam na mesma proporção.

E isto o faz ter uma idéia. Se ele não estivesse de costas para Twyla poderia ser considerado maluco por abrir um sorriso tão grande como o que estava tendo naquele momento.

Oryn não conseguiria acabar com o "dever" de Twyla. Mas o seu primo, sim.

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