Isabelle Nêmesis
— Se você não concentrar o seu peso aqui, você vai acabar indo para trás com o impacto da arma Tesoro. — Meu pai explica tocando minha barriga arrumando minha postura. — Você já é uma lutadora incrível meu amor, mas você não pode cair quando atirar.
— Está bem, papai. — Tento me concentrar na posição que ele falou e disparo novamente, me mexendo menos do que antes.
— Isso. — Me levanta girando e eu rio me segurando a ele. — Você vai ser a maior atiradora do mundo todo. — Beija minha bochecha sorrindo orgulhoso.
Pisco voltando a realidade irritada por viver de memórias, isso nunca deveria ser a realidade de ninguém, e eu odeio ter se tornado a minha.
Quando me formei na escola eu pedi para os meus tios que pudesse ir para Grécia, mesmo que eu sabia que voltaria, que ainda tenho que assumir os negócios da família... eu precisava me preparar, não pretendo me colocar a frente da Oikogéneia Exousía, a minha família, se eu não ter vingado a morte dos meus pais, vê-los morrer, segurar o corpo deles e passar por todas as cerimônias de luto, tudo isso mudou algo em mim, e apenas quando o culpado estiver se arrependendo de ter nascido estarei satisfeita.
Daemon Ares Pólemos, o homem que irá implorar pelo inferno quando eu terminar com ele.
No dia em que enterrei eles, dei a única ordem direta até hoje, com doze anos ordenei para o meu tio que não fossemos atrás da retaliação, não matasse ele. Ares cairia pela minha mão e eu tive tempo suficiente para planejar cada linha da minha vingança.
Ninguém dentro desse mundo é um santo, ninguém tem as mãos limpas, acho que a pessoa mais próxima disso seja minha prima Héstia — ou Diana — mas até mesmo ela tem sangue nas mãos, ela apenas sabe parecer mais inocente do que qualquer um.
Esse é um mundo perigoso com toda certeza, meu pai não era inocente, afinal você não se torna um líder sendo inocente, mas Ares não estava em busca de disputas por poder. Se fosse algo assim, eu não teria o que falar, mas estar com meus avós maternos na Grécia foi esclarecedor sobre os motivos verdadeiros pelos quais Ares os matou e só me faz questionar por que esperou tanto, o que mais pode estar nos seus planos.
Confiro a pistola em minha mão. Aventurina está intacta e carregada e então olho para o alvo a minha frente disparando, uma sessão de tiros sempre me ajuda a esvaziar a cabeça.
Nomeei quase todas as minhas armas, desde minhas pistolas até as minhas facas. Com o negócio do meu pai de mineração, eu sempre adorei as gemas e o que cada uma poderia ser, então todas as minhas armas têm nomes de pedras preciosas. A minha faca preferida, por exemplo, chama amazonita, pois acreditam que ela é uma pedra calmante já que aparentemente relaxa o cérebro e o sistema nervoso, algo assim, e ver alguém sangrar até a morte produz exatamente esse sentimento em mim. Minha pistola chama Aventurina porque como pedra preciosa a aventurina é "doce" e benéfica, ela absorve ondas negativas, estimula a criatividade, dá energia e ajuda o usuário a tomar decisões, além de ser a pedra da paz e do equilíbrio interior. Sendo um dos meios mais eficazes de acabar com a vida de alguém, faria sentido para mim a minha arma de confiança se chamar aventurina.
— Te ter de volta é simplesmente incrível Kósmima. — Ouvir o apelido que minha família sempre usou comigo, me chamando de joia, é uma nova confirmação que estou em casa, e agora pronta para isso tudo. — Você se tornou a mulher que seus pais se orgulhariam, e tenho certeza vai ser uma líder que o seu pai confiaria. — Tio Lorenzo fala enquanto caminha até o tatame onde estou treinando, diferente de como meu pai era, meu tio não é tão aberto sobre as emoções dele.
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Nêmesis
RomanceNo final, nem todos podem sobreviver. Uma das lições mais difíceis que Isabelle Nêmesis precisou aprender ainda na infância, com uma marca permanente na sua alma, nada além de vingança, poderia parar ela te retribuir a lição aprendida, seus planos f...