Dag Ashby Torrance, 15 anos (Thunder Bay, CA).
Trilha sonora: Creep - Radiohead.
Aos 15 anos eu havia chegado a uma conclusão, amar era o tipo de morte mais doce que um ser humano poderia ter. E não, não era eu que havia percebido isso, e sim Heathcliff. Eu apenas o interpretei.
"Oh, meu Deus, é impossível! Eu não posso viver sem a minha vida! Eu não posso viver sem a minha alma!"
- Trecho de O Morro dos Ventos Uivantes (Emily Brontë)Quão vazio alguém poderia se sentir sem estar com a pessoa que se ama? Era o quê eu me perguntava enquanto batia o pé ritmadamente esperando o sinal do intervalo.
Me levanto depois de alguns minutos pegando o livro e o colocando em minha bolsa. A jogo em meu ombro e encaixo meus fones de ouvido antes de caminhar ainda pensativo pelos corredores do colégio. Desço as escadas rapidamente com as mãos no bolso antes de esbarrar em alguém.
Levanto meus olhos preguiçosamente e apenas dou um sorriso nem ao menos olhando para ela antes de me agachar e pegar o livro que havia caído. Viro dando apenas uma olhada na capa colorida e o entrego.
- Me desculpe.
Falo ainda sorrindo suavemente antes de voltar a focar nas palavras de Heathcliff enquanto caminhava até o prédio da biblioteca.
Bato os pés no tapete antes de entrar e arrumo meus cabelos passando a mão nos fios desgrenhados mas úmidos pela neve que estava caindo. Sou recebido com um olhar e sorriso amigável da bibliotecária quando entro indo me sentar em uma das mesas.
Abro minha mochila e esparramo meus livros, cadernos e canetas para anotações. Um dos cadernos ainda destacava a nota que fiz na minha última terapia:
"O inferno são os outros..."
Aquilo era Sartre, mas se encaixaria tão bem com Heathcliff que eu resolvi transcrever para uma página da minha edição de O Morro dos Ventos Uivantes. Enquanto escrevia, sinto uma sombra a minha frente e levanto meu rosto para observar levantando uma sobrancelha.
- Você derrubou isto.
Uma garota fala com um pequeno sorriso amigável no rosto com seu batom nude assim que estreito os olhos retribuindo seu sorriso. Era a mesma garota da escada que segurava meu isqueiro, ele deveria ter caído do meu bolso quando nos esbarramos.
Passo os olhos por ela dessa vez. Ela havia algumas tranças feitas de qualquer jeito em seu cabelo escuro, também usava um casaco preto assim como suas botas e suas mãos estavam em seu bolso. Seus olhos eram preguiçosos e pareciam vermelhos assim como a ponta de seu nariz a e sua bochecha.
Eu não havia prestado atenção, mas ela deveria ser nova... E ela era bonita, penso voltando a olhar em seus olhos castanhos com um pequeno sorriso, muito bonita na verdade.
》Não esqueçam de deixar uma estrelinha... Grata! ✨️