in the middle of the storm.

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Dag Ashby Torrance, 15 anos (Thunder Bay, CA)

Trilha sonora: Comfortably Numb - Pink Floyd.

Em toda minha vida, aprendi a esperar sempre uma tempestade depois da calmaria. Ela era mais certeira do que qualquer coisa, ela sempre vinha.

Meu problema psicológico vinha, geralmente, em ondas, eu não as controlava. Não tinha como controlar.

Quando as coisas aconteciam e a necessidade de estar sozinho retornavam, eu me isolava e espera aquilo passar. Sempre sozinho, assim era mais fácil.

Adria nunca tinha reparado, ninguém havia reparado, na verdade. E era melhor assim, eu não gostava de explicar as coisas para as pessoas.

E elas não tinham a obrigação de saber.

Eu odiava o colégio, odiava pra caralho. Minhas notas eram sempre péssimas, mesmo quando eu estudava. Porém, minha escrita encantava minha terapeuta.

Até que não as mostrei mais para ela e aquilo virou um problema.

Seu comportamento começou a ficar mais agressivo a cada sessão que eu recusava transar com ela depois de ter beijado Adria. E não apenas isso, ela me dizia coisas e me receitava remédios que me faziam ficar pior.

Até que eu a deixei, foi o melhor para nós dois, mas principalmente para mim. Agora eu estava sozinho com meus próprios problemas.

Porém, agora sentado em frente a doceria onde Adria trabalhava para esperar ela, eu conseguia ver com maior clareza o quê aquela mulher fazia comigo. E sinceramente, eu gostaria de esquecer aquilo.

Olho para cima, a chuva estava aumentando - droga, deveria ter um guarda-chuva. Viro então meu rosto para a direção de onde Alexandria sempre vinha e abro um sorriso quando a vejo.

As botas pretas, as tranças e... Olhos que poderiam me matar ali mesmo. Ela se aproxima com tanta raiva que meu instinto é recuar quando ela joga algumas fotos em meu rosto.

- Mas que porra é essa, Dag?

Escuto sua voz me perguntar com ódio e mágoa. Abaixo meus olhos para ver fotos minha com a minha terapeuta.

- Está transando com a minha mãe?

Engulo seco virando meu rosto para encarar ela sem entender quando ela cita a mãe dela.

- Sua mãe?

Pergunto sem entender realmente do que ela estava falando e tento me aproximar dela, mas ela recua.

- Onde conseguiu isso?

Pergunto ainda assustado e perdido com o quê estava acontecendo.

- Ela é minha terapeuta e...

Eu começo a falar mas o olhar de Adria muda para algo totalmente sombrio.

- Então é verdade. Eu pensei que você falaria que fosse algum tipo de montagem, mas essa porra é verdade.

Ela fala aos berros apontando para as fotos.

- Você é a porra de um mentiroso, Torrance.

Ela grita tentando acertar alguns socos em mim mas seguro seu corpo contra o meu olhando angustiado para ela.

- Eu não sabia que ela era sua mãe. E isso faz tempo, Adria, eu não transo com ela há dias.

Ela me olha com nojo e com algumas lágrimas nos olhos.

- Ela é minha mãe... Você é a porra do amante da minha mãe.

Ela fala com mágoa se batendo enquanto tenta sair, a solto sentindo meus olhos ardendo também por ver ela chorar.

- Adria...

É a única coisa que eu consigo falar antes de sentir um tapa atingir meu rosto. Fecho meus olhos sentindo minha pele arder.

- Fique longe de mim, Dag. Fique longe de mim, porra.

Ela fala a última parte aos berros. Consigo ver seu rosto vermelho, cheio de lágrimas e gotas de chuva quando entra na doceria enxugando seu rosto.

Sinto o olhar de algumas pessoas que passam por ali e escuto o sininho da porta da doceria enquanto deixo a chuva agora forte cair sobre meu rosto.

Olho para os dois lados antes de atravessar a rua e seguir até em casa no meio da tempestade. Não me recordava de chorar daquele jeito há meses.

Não esqueçam de deixar uma estrelinha... Grata! ✨️
》Obrigada por acompanharem e até breve. 🩷

pov: Dag Torrance. ✔️Onde histórias criam vida. Descubra agora