Não aguento mais todo esse bafafá que se instaurou na minha casa, nunca poderia imaginar que apenas um dia normal poderia acabar em uma enorme bagunça.
Bom, tudo começou quando eu decidi que iria morar sozinha, pois morava com meus pais muito longe da faculdade, e depois de 2 anos indo e vindo, pegando os ônibus lotados e fedorentos do Rio de Janeiro, gastando um dinheiro que eu não tinha com carona, apenas para tentar ter o mínimo de conforto, finalmente consegui convencê-los de que morar mais perto melhoraria em 1000% a minha qualidade de vida. E lá fui eu, peguei as minhas 3 malas lotadas e parei em frente ao prédio como se estivesse em um filme dos Estados Unidos e todos os meus sonhos tivessem acabado de se realizar, mas logo senti um braço ao redor do meu pescoço, tirando-me do devaneio de uma vida perfeita.
- Ai, amiga, nem acredito que estamos fazendo isso. – Leila era uma amiga minha da faculdade, nos conhecemos no primeiro dia e desde então viramos ótimas amigas. Ela é extrovertida e sempre tenta ver o melhor da vida, por isso logo no primeiro semestre já implorava para que morássemos juntas, mesmo que isso só fosse acontecer 3 semestres depois.
- Eu também não. Sei que a gente planeja isso a um tempo, mas se alguém me dissesse isso antes, eu com certeza não ia acreditar. – respondi a ela enquanto esperávamos o elevador abrir. E assim que ouvi ele abrindo e já fui entrando quando bati com o tronco em alguém, olhei para cima e olhos castanhos claros me encaravam de volta.
- Desculpe, estava distraído. – uma voz rouca disse e logo lançou um sorrisinho de canto de boca, o homem saiu do elevador e eu simplesmente estava se saber o que dizer, até acredito que algum som (não que fossem palavras) tenha saído da minha boca, mas só fui despertar realmente quando sem explicação eu já estava dentro do elevador com Leila esperando o 5º andar chegar.
Entramos e os móveis já estavam na casa, entrei em um quarto com uma cama em um canto e um armário de frente para uma mesa com cadeira, ele era pequeno se comparado ao meu quarto da casa dos meus pais, mas logo senti como se aquele lugar realmente tivesse sido separado para mim no mundo. Eu colocava minhas roupas no armário enquanto ouvia Leila tagarelar no telefone no quarto ao lado. Quando o dia já estava entardecendo, eu finalmente terminei de arrumar o quarto, coloquei fotos e quadros nas paredes, fiz uma pilha de livros ao lado do armário, arrumei a cama e a mesa com meu notebook e livros da faculdade. Fui para sala e Leila estava esparramada na cama recém arrumada, coloquei umas fotos minhas no reck e sentei-me no sofá para assistir televisão.
- Sabe o que seria incrível nesse momento? – Leila disse levantando-se repentinamente do colchão.
- Um banho? Acho que estou fedendo, mas não sei se consigo mais levantar desse sofá. – respondi deixando a cabeça cair para trás.
- Também... mas eu estava pensando numa pizza, que tal? – ela perguntou enquanto eu ia lentamente para o banheiro.
- Acho uma ótima ideia, vai pedindo ai, você sabe do que eu gosto.
A noite passou tranquila, nós comemos, assistimos filmes, rimos. Até que em determinado momento, a campainha tocou e ficamos nos perguntando quem que poderia ser, já que não esperávamos ninguém. Leila foi andando devagar até a porta, como se algo fosse acontecer a qualquer passo em falso que ela poderia dar. Ela olhou pelo olho mágico e abriu a porta lentamente, aparecendo apenas a cabeça, para que seu corpo vestido apenas com um pijama curto não aparecesse para quem quer que fosse que estivesse atrás da porta.
- Posso ajudar? – ela perguntou.
- Olha, nós soubemos que alguém iria se mudar para esse apartamento e decidimos vir dizer que se em algum momento fizermos muito barulho no andar de cima, para que você não fique mal de interfonar reclamando. – a voz de um homem, que claramente eu nunca havia ouvido, soou pela sala.
- Nós? Você e as vozes da sua cabeça? – Leila perguntou, eu ficava pasma como ela conseguia ser tão informal com uma pessoa que ela nem conhece. O homem deu uma leve risada após sua indagação.
- Não, eu e uns colegas moramos no apartamento aqui em cima e temos uma banda, então as vezes, você pode se sentir incomodada. Foi só isso mesmo. – ele deu uma leve pausa antes de continuar – Foi um prazer em te conhecer,... – pude ouvir o elevador se abrindo.
- Leila. – ela respondeu, não sabia dizer se feliz ou seca.
- Leila... Ótimo, me chamo Carlos. Até a próxima. – ele disse antes de eu conseguir ouvir a porta do elevador se fechando e Leila entrando em casa com uma cara estranha.
- Que coisa mais estranha. – ela disse – Mas pelo menos, era um gato.
Ela disse, nós rimos e a noite seguiu-se normalmente. Quando vi, já estava deitada na minha cama nova e não tão confortável quanto a da casa de meus pais, mas dava pro gasto. Estava mexendo em meu celular, quando recebo uma notificação do Instagram de Leila me marcando em algo.
leila_card
Rio de Janeiro
Curtido por meloli e outras 365 pessoas
leila_card Minha alma gêmea agora é minha colega de casa. Te amo pra sempre <3
meloli Te amo mais que tudo, gatinha. É a gente no futuro.
Deitei-me na cama e comecei a dormir. Acordei no dia seguinte e tomei um café reforçado, Leila estava dormindo e eu decidi ir para a academia do prédio. Vesti uma roupa de ginástica e desci até a parte da academia, comecei a fazer uns exercícios que estava acostumada enquanto ouvia uma música no fone de ouvido. Estava distraída quando olhei para frente e vi o homem do elevador que esbarrou em mim. Ele estava ainda mais bonito com roupa de academia, fazia os exercícios como se nada mais pudesse o atrapalhar, quando de repente nossos olhos se encontraram mais uma vez, senti meu corpo se arrepiar e novamente me senti presa dentro de mim, assim como da primeira vez que nossos olhos se encontraram.
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Lar de Altos e Baixos
RomanceMelissa é uma garota que acabou se mudar-se com sua melhor amiga para um apartamento que fosse mais próximo da sua faculdade. Mas, ao fazer isso, não imaginava que acabaria fazendo muitas amizades que encheriam sua casa de risadas e conversas.