Se perguntassem a Lucerys naquele momento, ele possivelmente diria que queria passar mais tempo agarrado a Aemond. O toque gentil de seu tio, o calor de suas mãos e o aroma mentolado que ele tanto associava a conforto e segurança eram quase um bálsamo para seu coração. No entanto, ele sabia que não poderia monopolizar toda a atenção. Seus irmãos estavam ali também, e a impaciência de Jacaerys logo ficou evidente.- Anda logo, Mond, já segurou ele por tempo demais. - Jacaerys praticamente arrastou Aemond para a ponta da cama, assumindo o lugar onde o tio estava. Antes que Lucerys pudesse protestar ou fazer graça, Jacaerys o apertou nos braços, enfiando o nariz em seus cabelos, o que arrancou uma risada abafada do mais novo.
O cheiro de limão e chuva que emanava de Jacaerys era inconfundível. Era um aroma que, para Lucerys, significava lar, conforto e pertencimento. O toque do irmão mais velho era firme, mas cheio de carinho, como se ele quisesse protegê-lo de todo o mal do mundo. Lucerys relaxou no abraço, sentindo a tensão que nem percebera estar carregando desaparecer aos poucos.
Ele fechou os olhos por um instante, permitindo-se mergulhar nas sensações. O coração de Jacaerys batia firme contra sua bochecha, um ritmo constante que o lembrava da força e da presença inabalável do irmão. Apesar de tudo, Jace continuava sendo seu porto seguro, alguém em quem ele poderia confiar cegamente.
Enquanto estava ali, afundado no calor do abraço, Lucerys não pôde evitar fazer uma comparação. O cheiro de Jacaerys era extremamente parecido com o de Aegon. Limão e chuva. Frescor e tempestade. Durante muito tempo, Lucerys aprendeu a interpretar os cheiros e as energias das pessoas ao seu redor, especialmente como parte de sua natureza ômega. Certas coisas não eram coincidências. Na verdade, ele aprendeu que na vida, especialmente na sua, coincidências raramente existiam.
Ele abriu os olhos, deixando seu olhar vaguear até Aemond, que os observava com uma expressão mista de diversão e algo mais suave, talvez até alívio. "Tudo isso faz sentido," Lucerys pensou. De alguma forma, as conexões entre eles, suas presenças em sua vida, e até mesmo os aromas que carregavam, pareciam fazer parte de algo maior, algo que ele ainda não conseguia explicar completamente.
Sentindo o carinho nos toques de Jacaerys e o olhar protetor de Aemond, Lucerys chegou a uma conclusão. Ele tinha sido abençoado com uma segunda chance. Uma vida onde aqueles que ele amava estavam ali, completos e vivos. Não importava o que o futuro trouxesse, ele lutaria com todas as forças para proteger esse mundo e manter aqueles momentos preciosos intactos.
E, nesse instante, com o aroma de limão e chuva ao seu redor e o murmúrio suave de Jacaerys chamando-o de " pequeno marinheiro", Lucerys sabia que estava exatamente onde deveria estar.
Lucerys afastou-se de Jacaerys com relutância e começou a procurar com os olhos por Joffrey, sentindo a necessidade de completar o conforto que apenas seus irmãos poderiam proporcionar. Ele o encontrou sentado ao lado de Daeron, parecendo entretido com algo que o mais novo dizia. Assim que Joffrey sentiu o olhar de Lucerys sobre si, largou o tio sem hesitar e correu para o lado do irmão gêmeo.
Lucerys o agarrou em um abraço apertado, sentindo o cheiro doce e quente de mel e gengibre que sempre o lembrava de Rhaenys. Era curioso como os gêmeos compartilhavam traços tão distintos, mas aquele aroma único era um deles, como uma herança invisível que os conectava ainda mais à avó.
Enquanto o momento de ternura entre os irmãos acontecia, o som da porta se abrindo chamou sua atenção. Seus olhos se voltaram imediatamente para a entrada, onde ele viu seus pais e seu avô parados, observando a cena com expressões que iam do alívio à ternura.
Rhaenyra estava absolutamente deslumbrante. Um sorriso suave adornava seu belo rosto, os braços entrelaçados com os de Laenor e Viserys, formando uma imagem de união e força. Seus cabelos prateados brilhavam sob a luz do quarto, e havia uma serenidade em seu olhar que parecia acalmar qualquer tumulto. Para Lucerys, sua mãe era a definição de perfeição, uma presença divina que exalava amor e proteção.
O primeiro instinto de Lucerys foi saltar da cama e correr até os adultos. Ele queria sentir o toque reconfortante de sua mãe, ouvir as palavras tranquilizadoras de seu pai e receber o olhar de aprovação de seu avô. No entanto, ele não calculou o quanto seu corpo ainda estava frágil. Assim que tentou se levantar, uma tontura tomou conta dele, e seu corpo vacilou.
Antes que ele pudesse cair, braços fortes o agarraram com rapidez. Ele olhou para cima, surpreso, e encontrou os olhos de Aegon, cheios de preocupação. O tio mais velho o colocou de volta na cama com delicadeza, como se ele fosse feito de vidro. Lucerys sorriu em agradecimento, o aroma de maçãs que agora acompanhava Aegon enchendo seus sentidos, era tão melhor que cheiro decadente que ele se lembrava, Aegon não tinha mais aroma de vinho e prostíbulo barato.
- Obrigado, Eggy. - Ele agradeceu com um sorriso genuíno.
Aegon apenas deu de ombros, mas o canto de seus lábios se curvou em um sorriso divertido.
- De nada, Lulu.
A troca foi breve, mas repleta de carinho. Para Lucerys, aquele momento era mais uma prova de que, apesar das mudanças, o laço entre eles permanecia forte. Ao olhar ao redor e ver sua família reunida, ele sentiu uma onda de gratidão inundá-lo. Ele estava onde pertencia, cercado por aqueles que amava. E faria o possível para proteger aquele lar, aquela vida, e cada uma das pessoas que preenchiam seu coração.
Lucerys sentiu que precisava conhecer Daeron. Agora ele era seu irmão, não mais um tio distante e quase desconhecido. Ele prometeu a si mesmo que se esforçaria para criar um vínculo com o mais novo dos tio, assim como tinha com os outros.
Antes que pudesse pensar em como começar essa conexão, a porta do quarto se abriu novamente. Desta vez, Helaena entrou com passos rápidos, carregando consigo sua aura serena e o doce aroma de pêssego. Ela correu até a cama e se sentou ao lado de Lucerys, os olhos brilhando com um misto de alegria e algo enigmático.
Sem cerimônia, Helaena se inclinou para ele e sussurrou com uma voz suave, mas carregada de significado:
- A força das marés fará com que a chama dos dragões se una, brilhante como o sol e implacável como o fogo. Esse é o destino do dragão de prata.
Lucerys arregalou os olhos ao ouvir a profecia. Ele sempre soubera que Helaena era especial, uma sonhadora abençoada pelos deuses com visões do futuro. Suas palavras eram frequentemente envoltas em mistério, mas Lucerys sentiu que, desta vez, havia um propósito claro. Ele sorriu para ela, um sorriso que carregava tanto gratidão quanto carinho.
- Obrigado pela dica, Helly. Vou tomar muito cuidado a partir de agora. - Sua resposta foi simples, mas sincera, e trouxe sorrisos aos rostos dos adultos no quarto.
Helaena acenou com a cabeça, como se soubesse exatamente o que ele queria dizer. Talvez, pensou Lucerys, ela também tivesse sido avisada pelos deuses sobre o que estava por vir.
O silêncio foi quebrado por Viserys, que deu um passo à frente. Sua expressão era gentil, mas seus olhos carregavam preocupação. Ele se aproximou do neto, estendendo uma mão para acariciar os cabelos escuros e desalinhados de Lucerys.
- Como se sente, pequena lua? - Sua voz era grave, mas cheia de ternura.
Lucerys inclinou a cabeça em direção ao avô, absorvendo o toque reconfortante. Ele notou algo curioso: ao contrário dos filhos, Viserys não tinha o aroma de chá ou frutas. O rei exalava um perfume rico, uma mistura de vinho dornês e o leve odor de livros antigos. Era um cheiro único, acolhedor e cheio de histórias.
- Melhor agora, avô. - Lucerys respondeu com sinceridade, permitindo-se relaxar sob o toque carinhoso de Viserys.
Enquanto o rei continuava a acariciar seus cabelos, Lucerys percebeu que, mesmo em meio a todas as mudanças e desafios, ele não estava sozinho. Sua família estava ao seu lado, cada um contribuindo de forma única para sua força e conforto. E, naquele momento, ele se sentiu grato por cada um deles.
![](https://img.wattpad.com/cover/330221117-288-k104398.jpg)
VOCÊ ESTÁ LENDO
The Savior Prince |House Of The Dragon| (Em renovação)
FanficLucerys Velaryon, o príncipe que pereceu sob as ondas da Baia dos Naufrágios, assassinado pelo próprio tio, sua morte trouxe a guerra e destruição da sua família. Mas como dizem as lendas aqueles de sangue Targaryen eram mais próximos dos deuses que...