Te encontrei

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     –Carai mulecão, eu não acredito que tu conseguiu. – Gritou Allan para mim, sorrindo e me abraçando.

     –Nem eu, irmão. Eu realmente passei. Sou o mais novo estagiário do Doutor Munhoz. – Falei mais para mim do que para ele. Ainda não consigo acreditar, há duas horas atrás eu estava desempregado, desesperado para conseguir alguma coisa, pensando em como pagar o apartamento e a faculdade, e agora eu consegui um estágio com o maior advogado da cidade.

     –Vamos sair para comemorar!

     –Tá maluco? Eu tô liso, zerado, falido. E outra coisa, começo amanhã e não tenho roupa. Preciso dar um jeito.

     –Eu te empresto o terno que usei no casamento da minha irmã, até tu poder comprar um, demorô?

     –Tu sempre fortalece muito. Vou ligar pra minha mãe e contar pra ela.

     –Manda um beijo pra tia Lúcia. – ele falou enquanto eu ia pro meu quarto. 

     Minha mãe, dona Maria Lúcia, odeia ser chamada de Maria, segundo ela todas as mulheres da sua idade são Marias e ela é única. A mulher mais engraçada que eu conheço, e também a mais batalhadora. Criou a mim e meus dois irmão com quase nenhum dinheiro, meu pai largou a gente quando eu tinha 4 anos, ela assumiu o papel de pai e mãe, trabalhava de secretária de consultório de dentista de manhã e fazia faxinas a tarde, pra poder dar uma vida mais confortável para nós. Grande mulher.

     –Boa noite dona Maria!

     –Menino eu devia ter te dado uns bons tapas pra você aprender a ter respeito. – ela falou e eu caí na gargalhada, fazendo ela rir também.

     –Que isso. – continuei rindo e ela bufou do outro lado, enquanto ri também. – Tá bom, dona Lúcia. Como estão as coisas por ai?

     –Graças a Deus tá tudo bem, meu filho. Seu irmão Miguel disse que voltou com aquela moça, Alana. Não gosto dela, mas ele diz que tá feliz. – a voz dela não escondia a chateação.

     –Mãe, deixa de implicar com a moça. Ela é gente boa, trabalhadora, Miguel gosta muito dela. Eles só tinham terminado porquê o Miguel não consegue parar de trabalhar e curtir um pouco.

     –Ah, mas ainda sim não gosto dela. – revirei os olhos. Minha mãe não gosta de nenhuma moça que a gente namore, a velha é ciumenta.

     –Mas eu não te liguei pra falar mal da Alana nem do Miguel. Tenho uma novidade pra te contar.

     –Não enrola muito, sua mãe tem pressão alta. Pelo amor de Deus, conta logo. – quando eu ia falar, ela me interrompe. – Éric, você engravidou alguma moça? Sua faculdade é a coisa mais preciosa da sua vida e da minha, meu filho. Você ter passado na federal é meu maior orgulho, não vá se precipitar. 

     –Ô mãe, cê vai deixar eu falar? – interrompi o drama dela e ela parou de falar, imaginei ela fazendo bico, típico dela. – Obrigada. Consegui aquele estágio no escritório do Doutor Munhoz, começo amanhã.

     Um silêncio reinou na ligação. Quando eu comecei a ficar preocupado, ela soluçou, e eu entendi que estava chorando.

     –Parabéns meu filho, eu tenho tanto orgulho de você. Tenho certeza que você vai ser dar muito bem, vai brilhar nessa nova jornada. A mãe tá aqui para o que você precisar, viu? – eu sorri ouvindo a voz embargada da minha mãe.

     –Eu te amo, mãe.

     –Você é muito desnaturado, não vem me visitar e ainda me dá sustos, mas eu te amo demais meu filho. – gargalhamos juntos. 

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