Amare immundus.

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Eu o levei até sua casa, confuso sobre meus sentimentos e querendo fugir outra vez. Queria arrancar meus cabelos, arranhar minha pele, pois eu sabia que era um infeliz.

Ao meus pés, Jimin jurou-me amor eterno, disse que me ajudaria naquela fase ruim, que cuidaria de mim; disse-me coisas que eu nunca fiz por ele mesmo quando ele queria conhecer a morte. Aquilo apavorou-me, ver como éramos diferentes deixou-me irado, porque me senti pequeno outra vez diante da intensidade de amor que era Jimin.

Ele queria casamento, queria filhos e uma casa. Eu o queria, sabia que nosso amor nunca seria encontrado em nenhum outro lugar. Mas de repente, me sentia com raiva da vida e das coisas que eu sentia, e então descontava minhas frustrações em meu Angelu.

Eu queria deixá-lo, mas não queria deixar de ser o personagem principal de seus romances. Meu Jimin era um escritor, um homem extraordinário.

E eu não era nada se não apenas esterco. Como poderia ser alguém digno para ele?

Caro leitor, nenhum texto mostrara-lhes a imensidão de dúvidas e sentimentos ruins que senti. Por favor, não quero justificar-me, mas quero que entendam meu lado: eu ainda era um garotinho medroso no corpo de um homem adulto. Tomando o corpo de Jimin, mas me negando a ser dele.

Quando voltei pela quinta vez, eu não sabia que aquele seria nosso momento decisivo. Jimin, meu Angelu, por que tão intenso por amor? Por que tão devoto e apaixonado por mim? Odeia-me, despreze-me, assim seria mais fácil abandoná-lo sem decidir voltar.

Mas eu voltava.

O deixei em sua porta e dei meu veredito:

"Vim para terminar tudo."

Oh, que grande erro meu. Eu era um hipócrita egoísta, sempre pensei que meus problemas eram maiores que todos, que tolo sou.

Eu o via tão maduro e decidido. Cego pela minha amargura, não notei o novo brilho no olhos de Jimin.

Um brilho exausto. Cansado. Mas não cansado apenas de mim.

Então, naquela noite no portão de sua casa, meu Angelu mostrou-me sua verdadeira face: no fundo, ele ainda era meu garotinho, chorando em meu ombro implorando para que eu não o abandonasse, pois ele estava exausto de ser abandonado. Sem amigos, sem ninguém. Jimin era a representação da solidão, a representação dos que ama, mas não eram amados; a representação do grito preso e do choro nas pálpebras impedidos de cair.

Jimin era a pintura da tristeza. O sentimento mais cruel.

O Angelu não era anjo, muito menos puro. Jimin era a escuridão dos piores sentimentos.

E eu era o maldito que o prendia no escuro dela. Naquela noite, disse a Jimin que não o amava mais. Naquele momento, realmente acreditei que estava curado do nosso amor, que eu não sentia mais nada por meu garoto se não apenas carinho e consideração.

Que grande tolo sou para olhar em seus olhos, após voltar a invadir sua vida, apenas para lhe dizer que não o amava mais. Vês como sou cruel? Como não mereço nada do que se não pedras e mais pedras? Aquele homem prometeu-me a felicidade, e eu voltei apenas para lhe privar de ter a sua. Em meus braços, Jimin desabou:

"Pensei que presenciaria qualquer maldade sua, qualquer palavras cruéis, mas não a falta de seu amor por mim. Deus tirou isso de você? Pois então ele me odeia. Sempre fui tão bom, não mereço o que fazem comigo. Deus me odeia." Ele repetia aos berros em meu pescoço, molhando minhas roupas com o choro que guardava talvez a anos. Ele estava exausto e me abraçava como se eu ainda pudesse salvá-lo. "Ninguém suportaria viver um dia em minha pele, sentindo que o dia de amanhã será mais triste do que o de ontem. Se você não suporta viver este inferno por alguns meses, imagine a mim que o vivo por anos. Alguma vez já pensou nas pessoas ao seu redor? Você é um covarde que usa de minha fraqueza para suprir a sua! Mas eu não sou forte o tempo todo. Estou cansado de estar aqui. Cansado de vocês e de não saber como deixar de amá-los. Deus não é justo, muito menos alguém bom. E não diga-me que são consequências de meus pecados, pois que pecado cometi para tanto ser castigado?"

Para Angelu • JikookOnde histórias criam vida. Descubra agora