Fadas giravam e giravam no salão aberto, árvores marcavam um limiar não dito de onde era o salão.
Neve, a coordenadora da sede da Fábrica de Sonhos, se inclinava sobre o balcão, um troll sorriu pra ela enquanto entregava seu drinque "Veneno de maça".
Atrás dela, Neve sentia alguma fada jornalista tirando uma foto sua.
Como uma boa Fada madrinha, todos ali pareciam viver em sonhos e em busca deles, apesar do baile mais famoso dos contos de fada serem o Baile da Cinderella. Fadas esse belo evento há muitos e muitos anos.
Uma fada fêmea pede alguma bebida com um grito, e Neve tem a infelicidade de reconhecer Mayn. A fada da realeza era irritante e sua rival, disfarçava sua raiva e inveja com boa vontade.
— Pelas asas da Mãe. — ela sussurra, e a outra fada ouve.
— Velhota, você não deveria está num asilo? Ou aproveitando sua gorda aposentadoria.
— Você não deveria ser mais educada? Ainda sou sua chefe.
— Você não realiza um pedido faz 10 anos. E o último foi um desastre.
Cruza os braços. O passado sempre a tocava de uma maneira horrível.
— Um desastre, em um histórico impecável. — precisava manter o riso, mas o coração doía.
— Querida, você virou uma lenda. Uma lenda bonita, inspiradora, mas que não faz mais parte da realidade.
— Isso é sobre o ranking? — Neve dá um riso irônico. — Se for por isso, saiba que eu ajudo a fazer a História, e também entro na História, a cada dia.
— Uma História que terminou.
— Você não sabe, será, que histórias só acabam depois da morte? — pergunto irônica.
— Querida, a sua carreira está morta.
Recebo um comunicado da Rainha, logo o pergaminho se desfaz em brilhos mágicos. Agora, modificado, o castelo é de cristais que me refletem ao longo do corredor, cristais que brilham em todas as cores.
Uma fada serviçal me acompanha até a sala de reuniões da rainha, porém um guarda guaxinim de madeira está no meio do caminho. No mesmo instante, uma fresta surge no murro de cristais.
— Neve? — os cristais antes fechados, mostravam uma abertura, como um rachadura, demonstrando a curiosidade da dona do palácio. — Venha. Precisamos conversar.
Nisso, os cristais se agruparam no formato de um losango.
Neve assentiu para o boneco de guaxinim, ele fez o mesmo. A primeira coisa que notou de diferença da última vez que foi ao palácio, foi a escrivaninha de diamantes.
Pelas asas em sua costa, como a sua amiga era cafona!
— Rainha Fada, da última vez que você disse isso, você não fazia a menor ideia de como inspirar Oscar Wild.
— Minha falta de criatividade não é nada comparada ao que vamos conversar hoje.
— Que pena, eu adoraria fugi com você das nossas obrigações. — Próximo da mesa, uma cadeira com asas voa até Neve. — Amiga, quando você a última vez mesmo?
— Com certeza antes de... tudo isso.
Sutilmente ela passa o olhar pela mesa e a súdita a acompanho. Tudo está organizado como é esperado de uma Rainha, Neve sabe, porém, pelo jeito que os ombros da amiga se inclinam pra frente que a vontade dela é simplesmente se afastar da mesa.
— Agora me diga, hein, quando foi a última vez que você descansou? Está conseguindo dormir? — Aperta a palma de Seriamy, algumas rugas parecem agradecer pela preocupação da fada. — O Herdeiro real melhorou?
— Ele está melhor, a febre tremerosa não fez ele dormir duas noites atrás. Justamente quando tínhamos o Conferência Mundial dos Desejos. Ai, foi terrível.
— E o sono?
Desvia do assunto, Neve sabe do fiasco daquela conferência, os líderes do Chile, Equador e Coréia do Sul discutiram entre si sobre seguir a Agenda DS60M; e no meio disso tudo, a Rainha Seriamy pareceu sem voz e pulso. Um indesejado fracasso nos trinta anos de governo dela. Muitos anos para um humano, para uma fada? Nem tanto.
— Vai ficar tudo bem.
— Vai sim. — busco meu celular no bolso do blazer. — Vou enviar meu frasco para dores de cabeça, o doutor Fredmin fez uma receita com damasco e pêlo de unicórnio. É maravilhoso.
— Neve, a conversa não é sobre mim. — minha amiga aperta mais minha palma.
— Então sobre o que é?
A Rainha Fada retira suas mãos albinas da minha, cruzando-as sobre o tampo da mesa que reluzia nosso reflexo.
— Neve, você precisa voltar à ativa.
Isso podia significar muitas coisas, mas Neve sabe exatamente o que ela quer dizer.
— Achei que não íamos mais tocar nesse assunto.
— Pois achou errado.
— Pois você sabe que eu não posso mais realizar pedidos. Não posso mais ser uma fada madrinha buscadora.
— Mas você é a Gerente do setor de fadas buscadoras. Você precisa dar o exemplo.
A culpa fez Neve se remexer, sua heroína amava ser buscadora. Guirlanda deve está decepcionada, seja lá onde estivesse. Sua mãe foi a Gerente anterior, era a segunda melhor no Ranking de melhores Fadas buscadoras da História de Madrifa, até Neve ocupar o título de primeira e ela decair para o terceiro lugar. O quadro na parede de honras brilhava com seu rosto castanho e cachos que emolduravam a cabeça.
— Não posso realizar mais pedidos, Rainha. — a voz é firme, mas o coração não.
— Neve, você é uma fada madrinha! Nós precisamos realizar pedidos.
— Não precisamos ser o que os outros querem. Só precisamos ser o que nós queremos ser.
A boca de Seriamy faz um pequeno "o".
— Não foi isso que você disse pro Martin Luther King? — a coordenadora perguntou.
— Isso fazia parte dele, assim como ser uma fada buscadora é parte de você.
Então o que a Peste do Narizinho disse surgiu na à mente de Neve.
— Mas isso, isso não é só sobre amigas ajudando amigas, certo?
— Não. É sobre Rainha e súdita.
— Eu deveria imaginar que teríamos essa conversa em outro lugar se fosse só sobre conselhos. — girou o corpo e o cristal flutuante lhe imita.
O local que antes era de vidro normal foi substituído por vidros mágicos coloridos, assim como os assentos que antes eram de pétalas, as pinturas de reis e rainhas antes não estavam lá, agora flutuavam próximo dos cristais. Aparentemente, Neve iria ser substituída logo também.
— Querem colocar Mayn no meu lugar, não é?
— Ela vem de uma longa linhagem de Buscadoras, tem muito apoio entre a realeza. — se explica. — E principalmente, o recorde dela está batendo o seu.
— Diga que o apoio dela ainda não é nada comparado a anos de trabalho de uma família, diga que não vai deixar a fada que lhe apoiou no começo do seu reinado.
— Não me faça falar isso, você sabe que está tudo instável.
— Não me faça fazer isso, você sabe que não posso voltar.
— Neve, aquilo foi horrível, mas você precisa voltar.
— Por que não me descarta logo? Faça logo, ao invés de ficar me pressionando! Seja uma Rainha.
— Estou tentando te ajudar, minha amiga. Não quero...
— Mas eu não posso voltar!
A Rainha então dobra a cabeça.
— Então eu sintomuito. Você está demitida Neve, ama
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Sem um minuto
RomanceOs dias que antecederam o aniversário de Tâmara Porto Giudici foram péssimos, e os últimos anos da carreira da fada Neve foram tenebrosos. Com o destino das duas cruzados, Neve ver em Tâmara a oportunidade de prova que o título de "Maior fada madrin...