00 Prólogo

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  Pequeno passaro! Parece que cortaram suas asas.


Desde o primeiro momento em que seus olhos se abriram, Nara já conhecia o vazio deixado pelo abandono, o sentimento de insuficiência rasgará seu peito mais vezes do que a pobre garotinha poderia contar.

Fruto de um projeto da família mais rica de Yokohama, Nara nunca conheceu o calor de ser amada incondicionalmente. Não lhe foi permitido nem mesmo a graça de sonhar.

— Eu quero que você esqueça isso! Repita essas palavras, sua criança miserável: “meus sonhos  são apenas fantasias idiotas!” — O senhor Wertheimer cuspia as palavras com o olhar perverso fervendo em ódio puro.

O homem caminhava até Nara enquanto a mesma tentava se afastar, infelizmente não tinha como fugir, ela não pôde fazer nada a não ser assistir a figura grande e raivosa segurar suas bochechas com tamanha brutalidade que as marcas de seus longos dedos ficariam ali por dias.

— Você é uma pirralha ingrata, te damos de tudo! Você come da nossa comida, e dorme sob o nosso teto. É melhor me obedecer se quiser continuar sendo útil aqui.

Por fim, o homem se virou caminhando até a porta a batendo com força atrás de si, a força foi tamanha que as decorações do quarto de Nara, ou melhor, prisão, caíram no chão se despedarçando com o impacto.

Nara permaneceu no chão por um tempo, dizendo para si mesma que ela já deveria ter se acostumado com esse tipo de tratamento. Sem que ela pudesse interferir, sua mente se volta contra a mesma, pensamentos intrusivos tomam conta de si.

“Seria melhor se você não estivesse viva. Essa é a sua melhor chance, pegue um retalho de vidro e enfie na garganta, a dor irá passar em uma fração de segundos e você estará livre. Ou melhor, esconda o vidro e espere a oportunidade perfeita para cravá-lo no pescoço daquele homem.”

Nara balança a cabeça diversas vezes para tentar se livrar daqueles pensamentos horríveis.

— Não! Eu não sou um monstro, eu não sou como ele! — Ela grita em tormento. Por fim, a garotinha se contenta em chorar até conseguir pegar no sono, onde mais uma vez os pesadelos com o seu pai a atormentavam. Nara acordará diversas vezes naquela noite, sua mente a contorcia com várias perguntas ao mesmo tempo:

Por que ainda está viva?

Até quando você irá suportar tudo isso?

Qual o sentido de se manter viva nessas condições?

Nara estica a própria mão em direção ao teto, suspirando pesadamente.

— Tudo é tão entediante.

Ps da autora: Leiam o capítulo ouvindo a música indicada, a história se torna mil vezes mais interessante <3

Ps da autora: Leiam o capítulo ouvindo a música indicada, a história se torna mil vezes mais interessante <3

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Quando o vazio de duas almas emerge (Akutagawa × leitora)Onde histórias criam vida. Descubra agora