04_ Ela tá Solteira viu?

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Alana Ribeiro

Estávamos no curso, finalizando o processo de matrícula!

— E os materiais amô? É muita coisa? — Minha mãe pergunta para a recepcionista.

— No início não senhora, o curso já oferece os materiais necessários nas aulas! O necessário que a senhora precisa comprar por agora é um caderno e uma caneta! Mais para frente do curso vamos precisar de algumas coisinhas, como jalecos e essas coisas! — Ao ouvir a palavra jaleco meus olhos brilharam e os da minha perderam o brilho, pra mim era um sonho usar meu tão sonhado jaleco com meu nome bordado, mas para minha mãe era um pesadelo, por ser caro. — Ata, tendi tendi! Então é só isso mesmo né? Tudo certo pra ela começar? — Minha mãe pergunta com pressa.

— Sim, a Senhorita Ribeiro poderá começar segunda feira, da semana que vem! — Ela diz com um sorriso, me fazendo soltar um maior.

Saímos de lá, e minha mãe me pede para esperar ela aqui, porque ela precisava ir no banheiro.

O lugar era muito bonito, bastante flores, bastante verde, vários potinhos de ração e água, para os animaizinhos de rua! Fora os gatinhos e cachorrinhos aleatórios que tinham espalhados pelo local no curso, com certeza eles fizeram daqui o lar deles.
Pego minha câmera na bolsa e começo a tirar foto de quase tudo dali.
Dos animais, das florzinhas, tudo que eu achava bonito eu tirava foto.

Eu estava sentada no banquinho em baixo da árvore, vendo as fotos que eu havia tirado.

Até que alguém fala comigo.

— Ei menina! Você sabe se a recepcionista tá lá ainda? — Desvio minha atenção da câmera direcionando meus olhos para o remetente da voz, e logo paraliso.

Era ele, o garoto bonito e de bom coração.

— Ah, bom... Não faz muito tempo que eu e minha mãe saímos de lá! E a recepcionista tava lá, então acho que ela está lá ainda! — Digo meio sem jeito e ele sorri.

— Obrigada, Deus abençoe! — Eles diz saindo apressado.

Sorri de volta.

Esse garoto é tão meigo!

Ele tem um brilho tão diferente!

Volto minha atenção para minha câmera, mas logo lembro da minha e penso que ela tá demorando demais e resolvo ir atrás dela!
Vou nos banheiros femininos e não encontro ela, começo a procurar dentro do curso novamente, vai que ela esquece alguma coisa e voltou para pegar, é a cara da minha mãe fazer umas proezas dessas.
Quando entro no curso, vejo o inesperado, Minha mãe, o garoto gentil e a recepcionista rindo horrores juntos.

— Ah menino! Essa é minha Filha! — Minha mãe diz me puxando e só então eu percebi que ele é bem mais alto que eu e minha mãe, ele é dobro da minha altura. — Alana! Nome bonito né? Significa "Aquela que é Bela"! Vê se não é bonita essa menina! Eu só faço filho bonito! — Minha mãe diz me deixando completamente envergonhada, enquanto o menino ri ainda mais. — Ela tá solteira viu!? — Minha mãe termina de falar e eu no desespero começo a puxar ela pra fora do curso.

— Mãe, pela amor de Deus, não me faz passar umas vergonha dessas denovo! — Digo com a mão na cara.

— Tão gentil aquele rapaz! Achei ele um amor! E um gato! — Minha mãe diz animada.

E depois desse belo encontro, minha adorável mãe, não parou mais de falar desse garoto, e como ele era lindo e bla blá.

Mas eu nem tava ligando mais, eu tava ocupada demais olhando qual caderno tem a capa mais linda pra eu levar.
Peguei o que tinha vários cachorrinhos, depois peguei umas canetas básicas, e um carimbo de patinha, depois de muito insistir pra minha é claro, porque ela não queria de jeito nenhum me deixar levar o carimbo.

Quando chegamos em casa, só deu tempo da gente se arrumar e ir pra igreja.

Antes eu era mais participativa na igreja, eu louvava, pregava, cuidava das crianças, participava do grupo de jovens.
Agora eu só estou sentada no meu cantinho, dobrando meus joelhos e fazendo minha única oração de sempre.

— Eu preciso de ajuda, sozinha eu não consigo mais! Me envia uma ajuda, um socorro, eu preciso de alguém Deus...por favor.

Aquela era minha única oração do dia, e aquelas eram as únicas palavras que saiam da minha boca, ah não ser as lágrimas que também são palavras para o Espírito Santo.
Eu gostava de ouvir os louvores e de ouvir a pregação, mas confesso que eu não via a hora de chegar em casa.
Estar na igreja depois de ter saido de tudo me deixa ansiosa, por conta dos olhares e de alguns comentários, eu estava morrendo por dentro, por fora plena, mais ninguém ali sabia que cada vez que eu respira era como se tivesse algo cortando meus pulmões.

Ah não ser Deus é claro, que sempre sabe a forma que estou me sentindo, e é o único, que mesmo podendo, não me julga.

Jesus era o que eu precisava.

Mas eu não tinha força para buscar ele.

Eu precisava de alguém para me ajudar.
Para me motivar.
Para orar comigo.
Para falar da bíblia comigo.
Me chamar para ir para os cultos.
Alguém que me faça enxergar o amor que Deus tem por mim.
Será que era pedir muito?
Será que era isso o que eu precisava?
E se não fosse? Eu iria saber lidar com o não de Deus.
Eu iria continuar sabendo amar a solidão? Mesmo não querendo estar sozinha?

Esses pensamentos meu corriam por dentro.
E naquele momento eu não estava mais prestando atenção na palavra.
Eu estava apenas tentando manter o controle sobre meu próprio corpo.
E implorando para que ninguém percebesse e que as horas passassem mais rápido.

A pior sensação do mundo, é aquela que você sente que está perdendo o controle de si mesmo.
É aquela pergunta que te vem na cabeça e nem você sabe responder "Porque eu estou assim?"
É o momento que só você e Deus sabe, o tá acontecendo.

Só você e Deus... No fim de tudo, talvez eu não esteja totalmente sozinha.

Continua...

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⏰ Última atualização: Feb 19, 2023 ⏰

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