Romeu e Julieta - Século XXI

O que eu teria para oferecer? - Romeu

Ali estava, como sempre esteve. Julieta, a menina que conheci no baile de máscaras, e que desde daquele período, nunca havia deixado minha mente. Seus olhos cintilantes cegavam-me, e eu adorava tudo aquilo. Ela começara a me encarar, talvez o desconforto causado pela ausência de comunicação da minha parte, ela tinha o poder de calar-me, sem ao menos dizer uma palavra.

O baile de máscaras foi o percursor para nossa breve, mas marcante, comunicação. Como um homem autista, era complicado interagir com pessoas, ainda mais as que eram potencialmente um interesse amoroso, muito embora, para meus amigos, esse problema não passava de uma grande piada.

Quando menos me atentei, eles me jogaram em direção a ela, e dei o oi mais esgaçado que poderia, eu deveria repensar minhas amizades, obviamente.

Lembro-me vividamente desse dia, ele ás vezes me atormentava:

- Uh, olá? - Disse, balançando a mim mesmo, e com as mãos em minhas costas, tentei ao máximo manter contato visual, muito embora eu tivesse medo de que ela me achasse mais estranho do que eu já era, ela levantou os olhos, e me olhou, isso me desestabilizou. - Sei que isso pode soar estranho, porque não somos tão próximos, mas eu simplesmente amei a sua máscara! É super autêntica.

- Obrigada! - Ela sorriu, um sorriso lindo, apaixonante. - Deu bastante trabalho, mas ver que alguém gostou faz sentir como se valesse a pena, eu realmente agradeço...

Depois do que ela disse, sorri de volta e quase matei meus amigos, eu iria me vingar. Quando fui dormir, pensei em tudo que havia acontecido, e eu não conseguia tira-la de minha mente, jamais poderia esquecer as covinhas que se formavam quando ela sorria, os dentes caninos definidos, os olhos se fechando quando ela tinha um sorriso genuíno, a forma que ela dava pequenos pulinhos quando algo bom acontecia, o jeito que seu olhar era tão intenso que poderia fazer um incêndio em larga escala... E mais tantas outras coisas, Julieta definitivamente era única. Logo saio de meu transe, e percebo tamanho devaneio é causado por simplesmente vê-la em uma mesa, usando seu intervalo para comer, ela realmente mexia com meus sentidos.eu queria ter coragem suficiente para ir até lá, olhar nos olhos dela, dar um oi esbanjando confiança, mas eu não era assim, e nunca seria, perguntava-me, se ainda assim ela poderia me amar, se ainda assim, eu seria bom o suficiente para julieta. ela já era suficiente para si própria, eu sabia disso, ela era inteligente e carismática, gentil e enigmática, eu teria algo a oferecer a ela? eu poderia ate ter hiperfoco em história e saber nomear com uma precisão absurda espécies de tubarões e besouros, mas nada além disso, nada a oferecer.