Talita era sempre muito sortuda quando estava sozinha, mas extremamente azarada em grupo, ou talvez seus amigos só fossem muito azarados mesmo, quem poderia saber?
Como todo grupo de pré-adolescentes, o grupo de Talita compartilhava apenas um neurônio funcional, e um dia, em um pico de atividade cerebral do conjunto, o grupo decidiu sair para uma trilha. O que é mais seguro que um grupo de pré-adolescentes correndo sem supervisão pela mata? Uma mata assombrada ainda por cima, onde várias pessoas já relataram atividades sobrenaturais e eventos inexplicáveis. Uma programação completamente sã e segura.
Não é surpresa que o grupo se perdeu nos primeiros 15 minutos de trilha, certo?
A noite se aproximava, os adolescentes começavam a sentir fome.
— E se a gente pegar umas frutas?
Joana, a mais jovem do grupo, questionou.
— E se forem frutas venenosas? Você quer morrer, Jô?
Antônio, um jovem de cabelos crespos e óculos fundo de garrafa, respondeu.
— Eu vi vários vídeos de sobrevivência, Jô, eles dizem que não se pode sair comendo qualquer fruta que se vê. — Talita completou.
Joana ficou transtornada.
— Mas é uma manga.
Eles pararam de andar, ninguém sabia exatamente o que fazer, os três olharam para João Pedro, o mais velho.
— Deixa a menina comer, gente. — ele suspirou — se ao menos existisse uma árvore de sanduba…
João Pedro costumava ser o detentor do neurônio compartilhado na maioria das vezes, mas isso não o impedia de ser uma pessoa extremamente imaginativa. O grupo voltou a andar.
— Tipo uma árvore de sanduíche da sorte? — Joana riu. — Eu iria pedir um misto de queijo e presunto!
— Para de ser besta, Jô — Talita repreendeu — e larga de ser maluco, Jão. A gente tem é que arranjar um jeito de sair da-
Talita não conseguiu continuar, pisou em falso e acabou caindo de um penhasco.
Por sorte não era muito alto, então tudo que conseguiu foram uns arranhões, mas agora não conseguia mais ver o resto dos amigos.
— Pessoal? Pessoal!
Ela devia ter rolado bastante, podia ouvir o som dos amigos chamando por ela, mas apenas vagamente, o canto dos pássaros abafando o chamado.
Talita decidiu encontrar uma saída, se conseguisse sair poderia chamar ajuda para resgatar os amigos, caso os amigos saíssem primeiro, eles também chamariam ajuda.
A jovem não sabia quanto tempo tinha se passado, já estava de noite, ela mal conseguia ver com a luz fraca da lanterna do celular, estava com fome, com sede, lutando contra os mosquitos e morrendo de medo de ser picada por uma cobra quando viu uma luz na distância.
Talita correu naquela direção sem pensar duas vezes, luzes da cidade? Equipe de resgate? Gente acampando? Um fantasma? Quem liga! O importante é não ficar sozinha!
Segundo a luz, Talita encontrou uma clareira, e no centro dessa clareira uma grande árvore que brilhava em tons de azul e roxo como um diamante, mas essa não era a parte estranha.
Nos galhos da árvore havia todo tipo de sanduíche que Talita já tinha visto, e lá em cima dos galhos, podia ver seus amigos enchendo a cara de comida.
— Tatá! Que sorte!
Joana foi a primeira a perceber sua chegada.
Talita mal conseguiu responder, estava boquiaberta diante daquela visão. João Pedro gritou lá de cima:
— Quem é o maluco agora, hein?
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Contos bobinhos para passar o tempo
RandomCompilado de historias curtas e bobinhas que eu escrevo sem pretensão, só pra exercitar mesmo, a maioria é fantasia. Vou tentar atualizar uma vez por semana .