Capítulo 11

477 71 11
                                    



- Filha, acorda! – Minha mãe gritou, provavelmente do outro lado da casa, mas não abri meus olhos, ao contrário, relaxei as pálpebras e empurrei um pouco de saliva para o canto da boca simulando baba e continuei "dormindo". Em pouco minutos ouvi os seus passos dentro do meu quarto.

–Você vai perder a aula, anda, eu sei que não está dormindo porque baba não tem bolhas –Ao ouvir aquelas palavras, eu me levantei num pulo.

- Não é sábado? –Eu perguntei enquanto fazia um coque de qualquer jeito no cabelo e entrava no banheiro para uma ducha rápida.

- Claro que não, ainda é quarta-feira e seu pai já foi trabalhar porque ele e Alexei precisavam estar na empresa mais cedo, você vai ter que ir para a escola de ônibus porque precisarei trabalhar em um projeto última hora e não terei tempo. –Eu mencionei que meu pai e o pai da Natasha trabalham no mesmo setor de planejamento de uma empresa de arquitetura?

Para melhorar minha vida, minha mãe trabalhava como projetista cadista autônoma num escritório dentro nossa casa e muitas vezes criava as plantas planejadas pelo setor onde meu pai e o tio Alexei trabalhavam. Quando isso acontecia, os Romanoff e os Maximoff se reuniam e eu era obrigada a conviver com Natasha mais do que o necessário, isso sem contar as outras reuniões que não envolviam trabalho, churrascos, jantares e essas coisas inúteis.

Sai do banho correndo, vesti uma calça jeans qualquer, uma camisa que deixava meus ombros a mostra e desci, pegando umas cinco bananas na cozinha antes de sair.

No mesmo instante em que fechei a porta da frente atrás de mim, olhei para direita vi a dêmonia possuidora de pensamentos saindo da garagem com aquele pedaço de metal oxidado que ela chamava de moto. O ar me faltou por causa do susto. A babaca devia se achar a rainha das motociclistas porque só andava naquela coisa usando coturnos e jaqueta de couro. E os cabelos? Ela parecia ter sido atacada por orangotangos raivosos. Ridícula!

Meus olhos franziram ao avistar uma coisa muito familiar em seu torso e eu marchei até aquela ridícula.

- Já não basta roubar as meias dos outros, Romanoff? –Ela virou-se para mim com as sobrancelhas erguidas, parecendo surpreendida com a minha presença.

- Bom dia para você também, Wands! Não foi colocar o lixo para fora hoje?–Ela sorriu.

- Devolva a minha mochila! –Eu praticamente gritei, ignorando sua pergunta e apontando duas bananas para a mochila no peito dela. Ela olhou para baixo e deu de ombros, retirando primeiro sua própria mochila das costas e em seguida tirando minha mochila de seu torso.

- Você esqueceu isso no meu quarto ontem quando saiu da minha casa com todos os meus waffles e me fez comer um mingau nojento de aveia. Você não percebeu que estava indo para o colégio sem mochilas? –Eu senti meu rosto pegar fogo ao notar que eu só havia me preocupado em pegar algo para comer.

- Ah, tanto faz! –Eu respondi pegando a mochila de suas mãos, colocando-a nos ombros antes de ir descascar uma banana e ir pisando fundo para o ponto de ônibus.

Tudo era culpa dela! Se ela não houvesse me beijado, eu não teria esquecido a mochila no quarto dela, se ela não houvesse me beijado ou plantado aquela bananeira, eu não teria ficado pensando nela e teria acordado mais cedo para pegar carona com meu pai e consequentemente conseguiria dar o "bom dia" do meu futuro marido.

- Quer uma carona, Wands? –A voz da idiota interrompeu meus pensamentos e eu a encarei, com o capacete estendido para mim.

- Não quero, eu vou de ônibus. –Resmunguei, colocando minhas outras bananas dentro da mochila.

- Qual ônibus, aquele ali? –Ela apontou a cabeça para a direita e meu olhar acompanhou a direção, vendo a parte lateral do ônibus escolar virando a curva. Eu fechei meus olhos e inspirei fundo antes de abri-lo novamente e visualizar a palhaça me estendendo o capacete e grunhi antes de toma-lo de sua mão com um puxão.

You Hate Me While I Love You.Onde histórias criam vida. Descubra agora