Capitulo único

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Capítulo Único.

Assim como é Giorno para Guido Mista.


Mista estava nervoso, mas não era como em todos os outros carnavais Venezianos anteriores na sua vida, Mista estava nervoso como se fosse ter uma audiência no Olimpo a fim da própria Athena julgar seus crimes.

E ele seria, de fato, culpado.

Ele sabia bem disso, e talvez, nunca antes tivesse estado tão nervoso.

Ele seria culpado por tantos crimes naquela merda de vida que sequer sabia como ainda podia estar parado de pé naquela viela. Eram tantas coisas que...

-Ah... - Foi tudo que escapou de seus lábios quando ele viu aqueles fios passar diante de seus olhos. Fios de ouro como os das catedrais católicas.

Fazia quase um ano que Mista não via o namorado, mas não teria no mundo máscara alguma de carnaval que o fizesse não reconhecer aquela figura na multidão, afinal Giorno era por si só uma obra de arte renascentista da qual o próprio Da Vinci invejaria.

Aquelas obras que ele estudava por horas a fio sentado em uma escrivaninha em um quartinho pequeno alugado em uma espelunca qualquer enquanto Mista o observa deitado na cama bagunçada.

Era como se Giorno passasse todo tempo estudando a ele mesmo... se fosse assim, Mista poderia se tornar especialista na área.

Porque naquele mesmo segundo, ele podia afirmar com toda certeza do mundo, apenas pelos fios loiros caídos que aquela era a obra de arte esculpida pelos Joestars, era as costas de Giorno Giovanna.

Mista sentiu a mão tremer e o coração ameaçar uma parada cardíaca dentro do peito.

Ele estava ali, bem ali diante de seus olhos, ao alcance de seus dedos.

Depois de oito meses ele apenas estava ali como uma escultura de Bernini em uma praça.

Mista respirou fundo, procurando a coragem que tinha para fazer todas as merda que já fez na vida, mas não as encontrou. Ele apenas tremia em ansiedade, era o que Giorno o causava.

Era como se Giorno fosse Proserpina e ele Plutão, o deus do submundo que perdia tudo por um ser lindo demais para ser verdade.

E ele com certeza repetiria o crime de rapta-lo apenas para si se precisasse.

Mas Mista tinha um pouco de sorte restante naquele mundo quando conheceu Giorno e por alguma razão, aquele sujeito que se virou para ele de imediato quando ele finalmente conseguiu proferir seu nome, era surpreendentemente, seu namorado.

Giorno sorriu ao tirar a máscara do rosto.

Era suave, era como ver a porra da primavera chegar devagar pela manhã e espalhar toda sua beleza pelo mundo.

A sensação era de ganhar todas as bênçãos dos deuses de uma vez só.

-Guido! - Giorno se jogou contra ele, os braços agarrando o pescoço tenso quando o sorriso chegou mais perto. - Achei que tinha se perdido.

Mista pode imaginar Michelangelo pintando tal cena, o sorriso alegre nos lábios bonitos, os fios de ouro no penteado costumeiro, as mãos de Mista marcando a pele da cintura exposta do rapaz naquela roupa que o tirava o fôlego facilmente.

Aquele corpo talhado em mármore branco, guardado como uma obra prima da humanidade para todo o sempre.

-Eu senti saudades. - Giorno murmurou, estranhou não obter resposta do namorado.

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