Dias depois.Sai da escola depois do expediente e fui até a quitanda perto do mercado, para comprar algumas verduras. Estava distraído escolhendo o melhor pé de alface, quando a voz grave proferiu ao meu lado.
- Essas verduras, são da plantação do próprio dono. - Ele olhava para os legumes enquanto falava, eu parei e o fitei. Ele está com aquela jaqueta preta, sua marca. - Ri comigo mesmo.
- Adoro cidades pequenas e suas curiosidades. - Sorri e ele retribuiu o gesto.
- O dono do posto de gasolina fabrica soju caseiro, quando quiser é só me falar, que levo para você. - Ele sorriu largo, nunca o vi sorrindo dessa forma, ele está sempre sério, fiquei estranhamente curioso para ver mais.
- Claro! - Respondi sorrindo de volta. - Jungkook, né? - Ele me olhou confuso. - Sei o seu nome, porque sempre vejo o pessoal te chamando. - Contei sem jeito.
- Tudo bem. - Ele colocou a mão na nuca e abaixou o olhar, estou imaginado ou ele ficou tímido por um segundo?
- Taehyung, certo? Eu via seu nome nas notas das entregas expressas. - Explicou. - Cidade pequena, nunca vi outra pessoa lá ou outro nome nas notas, não que eu estava observando. - Ele corou imediatamente - Eu...
- Certo! - Eu o interrompi, ele envergonhado ficou muito engraçado. - Vou tomar uma coca - cola no lago, quer ir? Sempre te vejo por lá. - Convidei.
- Ah, sim, vamos.
No lago.
- Você sempre está sentado aqui, não é? - Falei abrindo a minha lata. - Te vejo sempre pela janela da minha sala. - Confessei.
- Sim, venho aqui pensar, desde quando me mudei para cá. - Ele admirava o horizonte.
- Você vive aqui por muito tempo? - Questionei curioso.
- Sete anos, vim de Seul. - Respondeu ainda observando o anoitecer.
- Também vim de Seul, faz quase três anos. - Beberiquei o líquido.
- O quê te trouxe para um lugar afastado da cidade grande? - Ele pegou a bebida e tomou um gole.
- Recomeço, talvez. - Fitei o entardecer.
- Essa é uma ótima cidadezinha para recomeços. - Ele diz sorrindo mínimo. - Eu também vim para zerar e recomeçar. - Senti seu olhar sobre mim.
- Seria muito invasivo, querer saber o seu por quê? - Sem perceber, terminei meu refrigerante.
- Não, eu nunca disse isso para ninguém, é bom poder falar pela primeira vez. - Ele endureceu sua postura, que estava relaxada. - Todo recomeço é doloroso e dá medo, mas com o passar do tempo, você se acostuma. - Ele riu baixo. - Minha mulher faleceu de câncer há sete anos, ela estava grávida de dois meses e não sabíamos, o tratamento afetou o bebê e ele também faleceu. - Seus olhos estavam marejados e eu senti meu peito arder, minhas mãos e pernas, perderem as forças, queria abraçar - lo e consola - lo, mas não fiz.
- Sinto muito. - Não consegui dizer mais nada.
- Tudo bem. - Ele olhou para mim e sorriu. - Hoje aprendi a lidar com a dor. - Sua expressão era serena.
- Meu marido, morreu em um acidente de carro, há três anos. - Contei de uma vez e suspirei.
- Meus sentimentos. - Ele me encarou com as, orbes, negras, tão gentis que senti meu coração aquecer com aquele olhar. - Você ficará bem, e as lembranças serão o remédio para os dias ruins. - Ele amassou o alumínio.
- Obrigado, é bom ter alguém para conversar. - Sorri para ele e Jungkook sorriu para mim de volta, não com os lábios, mas com os seus lindos olhos.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Cartas para Ele - [Taekook] - Shortfic
FanficKim Taehyung é um professor de ensino infantil, que está recluso há alguns anos, ele perdeu o amor da vida dele em um terrível acidente e anos depois, Kim tem a chance de recomeçar. Continuar também é um ato de coragem. A segunda chance, pode vir ve...